sexta-feira, 6 de junho de 2008

Medo da Verdade (Gone Baby Gone)



Nunca imaginei que Bem Affleck acertasse na direção de um filme. Affleck e Aaron Stockard adaptaram a novela de Dennis Lehane, também autor de Sobre Meninos e Lobos, obra que Eastwood adaptou brilhantemente.

Os dois contam com matéria prima parecida, o que faz inevitável as comparações. “Medo da Verdade” é um filme lúcido, um suspense que fala sobre valores morais e o faz de forma tão natural que centenas de perguntas passam pela cabeça de todos os personagens do filme, também passam por nossas cabeças e perguntamos, o que faríamos nos sobre tal dilema, diante de uma situação tão comprometedora? O que é o correto? O que é o incorreto? Quem tem razão, se é que alguém tem?

A verdade é que parte do filme me pareceu previsível. Tem alguns tiroteios longes que não se vê o que ocorre e temos que acreditar no que diz as testemunhas. Se você viu “Os Suspeitos” e uma serie de filme com reviravoltas de roteiro sobre um flash-back, o final não surpreendera. Mas a parte que mais me interessava nesse filme é outra (e esta não é nada previsível e superou minhas expectativas porque Affleck estréia na direção). É a leitura interior do ‘eu’ de cada personagem. Todos tem duvidas sobre o que é o correto.

Desde a melancolia da voz em off inicial, sabemos que será um filme escuro e triste. Como o que existe em volta dos personagens. Ben Affleck é melhor diretor que ator (o qual não era muito difícil, mas ele dirigiu de uma maneira impecável para ser sua primeira experiência).

A fotografia é muito limpa e bonita para a historia que narra, mas tem certas cenas como as ultimas horas do dia com uma luz maravilhosa (como a que esta Ed Harris no telhado com Casey Affleck), que acredito que nos vem dizer, que apesar de tudo existe beleza no mundo.

Souberam alternar planos fixos com travellings dinâmicos nas cenas de ação, o que da ao filme um ritmo adequando em cada momento. Como na vida, existe momentos cômodos e incômodos.

Ademais o filme mostrar que Casey é bem melhor ator que Ben. A profundidade moral do personagem o leva a uma auto-destruição pessoal por cumprir uma promessa e seguir suas convicções até as ultimas conseqüências.

Nessa parte do filme me lembro muito a El Cebo e sua refilmagem The Pledge – A Promessa (detetive que da sua palavra a uma mulher que encontrara a sua filha e fará todo o possível para cumprir sua promessa).

Os últimos cinco minutos são de um anti-climax antológico. Desejo sorte a Bem em sua carreira como diretor e espero não ver ele nunca mais diante as câmeras. Como roteirista ninguém duvida do seu talento, mas nos tortura com suas interpretações nos filmes. Agora como diretor, abriu uma porta de prestigio na qual acredito que deveria agarrar com força.

Nota 8

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