segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O Lado Cego (The Blind Side)



O filme é carregado de boas intenções e com um louvável espírito de denuncia diante a falta de oportunidades que muitos jovens afro americanos padecem dentro dos bairros mais marginais dos Estados Unidos. Um argumento bem americano, bastante abordado no cine e que não sei, até que ponto resulta num sucesso fora das fronteiras ianques.

O filme não deixa de ser um drama sensível sobre relações pessoais que tentam ressaltar a importância do fato de desfrutar a família, proteger os que te rodeiam, ter um circulo que te apóie, definitivamente, fatores humanos que se entrecruzam dentro de um argumento onde a conexão entre os personagens são fundamentais, em especial, a atípica relação mãe e filho entre Leigh Anne e Michael, sujeitos opostos pela sociedade.

Além disso, o filme é um veiculo mediante o qual Sandra Bullock se confirma como atriz dramática, por dar corpo e alma ao personagem de Leigh Anne Tuohy, uma endinheirada mãe de família que com pouca facilidade de exteriorizar seus sentimentos. Sem duvida, seu papel em ‘The Blind Side’ se converte em uma das interpretações mais relevantes do ano. Sandra conseguiu o fato de estar duplamente nomeada aos Globos de Ouro desse ano.

Nota 6,75

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Avatar (nao aguentei e fui de novo no cinema)

Fui novamente ao cinema assistir essa grande obra que realmente é um clássico instantâneo, para mim é um dos melhores filmes do seu gênero. Ainda que a história se passe neste mundo de fantasia surpreendente, no fundo o filme nos toca-nos a todos no que diz respeito a humanidade. ‘O mundo esta morrendo’ é a terrível sentença que o personagem de Worthington menciona em sua oração ao Deus dos Na’vi e infelizmente, referindo-se a nós como humanidade e nossa amada Terra. Já que o egoísmo e ambição desmedida do ser humano são a grande causa de terríveis tragédias e perdas. E esta em todos os níveis: destruição de obras de artes, escritos e cidade, até a exterminação de povos inteiros e ecossistemas; simplesmente porque não pensam da mesma maneira ou prejudicam nossos interesses. O ‘fique ao lado, porque agora farei minha vontade’ é parte da tendência inata à arrogância dos seres humanos a medida que eles adquirem poder em seus distintos níveis. Este é, portanto, o tema principal desse grande filme. Grande realmente, uma maravilha da ficção cientifica. Acho que tecnicamente pode ser o melhor filme já feito, como discutido antes mesmo de seu lançamento, simplesmente impressionante, de deixar de boca aberta ao ver esse magnífico mundo novo, que é tão palpável e tão bonito que nos dá vontade que exista pra podermos visitar.

Trilha sonora prodigiosa do mestre Horner, performances dignas em bons personagens que chegam emocionar de verdade. Uma historia para sonhar e refletir. Como já disseram, ‘respeitar o direito alheio, é a paz’.

Pode que às vezes, pareça maniqueísta, ao apresentar vilões representantes de companhias (algo parecido com Aliens ou Terminator, também do mesmo diretor) como seres sem compaixão e dispostos a passar por cima de quem seja, para conseguir seus objetivos, mas muitas vezes a Historia nos deu razão para que isso aconteça dessa forma. Parece ridículo, mas o ‘saia de sua casa, que tenho que usar ela agora para o meu beneficio’, temos visto de maneiras menos agradáveis através dos anos em diferentes partes do mundo. E o herói clássico que chega com uma mentalidade bélica e corporativa, mas o ficar em contato com as tradições e costumes de dito povo, muda sua forma de pensar e se converte em peça fundamental de sua defesa e proteção. Ainda assim, não estou cansado desse herói, que nos faz lembrar e repensar sobre o que realmente é importante na vida e neste mundo.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Avatar




Avatar é um filme que combina de forma insólita os três pilares de uma obra prima: entretenimento, arte e educação, tudo em uma aventura de imersão, exploração, ciência e sentimentos.

Na verdade, este filme não é uma historia e sim uma experiência. É algo a ver e abraçar, algo que deve sentir. Algo que ninguém deve perder e não pelo amor intenso ao cine, mas sim pelo amor ao mundo, ao amanha, as pessoas, a vida e as alternativas, no seu lado belo e cruel.
Este tem a forma de uma metáfora cruel, sobre a frágil condição do homem rodeado de tecnologia, representado por um soldado espacial confinado em uma cadeira de rodas; esse personagem, um dos muitos ‘personagens feridos’ do filme, é o único consciente de sua fraqueza. Os outros, sem saber, também estão imobilizados embora de forma ilusórias de veículos, armas e armaduras errantes.

Somente deixando pra trás tudo isso e aprendendo a amadurecer e sonhar de verdade, pode abraçar a natureza e encontrar algo realmente valioso que temos perdido e depois andar de novo.

Sem a pretensão de iniciar um subterfúgio, parece pertinente observar que no cinema tudo já foi dito. O único que permanece aberto e renovável é a forma de contar. E, certamente, a história do cinema é um bom exercício para verificar o antes enunciado.

A principal idéia de “Avatar” é que o primeiro inimigo que temos que vencer somos nós mesmo. Nesse diálogo interno, sobre esta vida e a outra, nessa busca no ‘nirvana’, apenas nós mesmo somos capaz de encontra, metaforizada em ‘Tsahik’. E também ao mesmo tempo, derrotar os preconceitos, simbolizados no filme em batalhas e lutas.

Agora, James Cameron condiciona com seu estilo sublime e magistral, que se não faz parte do imaginário coletivo, de que outras formas podem observar visualmente os recantos da alma? Como deve ser essa viagem interior - as informações sinápticas entre os neurônios -, perfeitamente simbolizados no filme por meio da Árvore de Vozes. Como falar consigo mesmo (Tsahik)?

Sem duvida uma das melhores idéias de “Avatar” é o ambientalismo que promulga: a união dos humanóides com a natureza e animais através das ligações é utópica e ainda bonita. Desejamos que realmente esse mundo existisse. Pessoas que vivem em perfeita harmonia com os animais, que se comunica com eles e os respeitam, tudo conectado e tudo que nasce de Pandora retorna a ela. Inveja dessa raça.

O roteiro previsível é totalmente perdoável depois de tamanho deslumbre.

Nota 9

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Il Mare (Siworae)


Apesar de que ‘Il Mare’ parte de uma premissa fantástica um tanto infantil, e também tem alguns elementos fantásticos inverossímil, é preciso muito pouco pra deleitar todos os sentidos, e pouco mais para configurar como uma madura reflexão, em toda regra, das relações sentimentais e das lacunas emocionais. Esse elemento fantasia nos introduz numa historia de amores impossíveis, que poderia partir de qualquer outro antecedente, talvez mais realista, porem o filme perderia o charme e não seria bem sucedido em sua reflexão sobre a solidão e os sentimentos.

Todo aspecto fabuloso fica em segundo plano, apesar de lançar bons pontos de apoio para especularmos sobre a estranha situação de Sung-hyun e Eun-ju, e sobre sonhos temporários. Como eu disse, apesar da abstração interessante que pudemos embarcar na premissa do filme e sobre alguns incidentes no desenvolvimento da historia, todos os componentes estão administrados pelo componente dramático e romântico; tanto que fica eclipsado; tanto que ‘Il Mare’ poderia ser considerado uma grande obra do realismo fantástico, por nos fazer perder de vista sua natureza fantasiosa e apresentar a historia como algo real que poderia acontecer a qualquer um. Quem diria que ‘Il Mare’ é cinema fantástico, irreal, ficção - cientifica? Quem considera mais real que muita coisa do cine de Hollywood? Acho que é mais fácil, poder trocar cartas com Emily Brontë, do que viver as aventuras de Tom Hanks ou Angelina Jolie, ou um dos quaisquer amores de Sandra Bullock.

Cada cena é um retrato vivido e de requintada beleza, de solidão, de solidão que bate em muitas figuras do filme, e em cada ambiente plasmado. ‘Il Mare’ é um refugio em todos os sentidos: como um filme, para o espectador, como casa, para os protagonistas.

Todo no filmes tem um efeito calmante que atua sobre nós e os personagens.

Como em muitas obras de outros autores orientais (Miyazaki, Kim Ki-duk...) é muito importante a personalidade dos espaços, proporcionando um caráter único, ligado aos protagonistas, algum dos enclaves do filme, que no caso A casa, que oferece aos protagonistas uma reflexão de si e um refugio na sua imagem e semelhança, protegido do mundo, lhes poupam a vulnerabilidade de fechar se simplesmente em si mesmo. ‘Il Mare’ poderia ser uma ‘Casa de Usher’ e não me surpreenderia vê-la desmoronar junto como os personagens.

Nota 9