domingo, 16 de novembro de 2008

Calafrio (Eskalofrio) aka Shiver


O cine de horror na Espanha passa por um momento pelo menos curioso, devido aos êxitos de algumas produções surgem outras num segundo planos que pretende aproveitar a onda. Este é o caso de ‘Eskalofrio’, filme que erra até no nome.

É um filme ruim que terá um par de sustos e uma infinidade de incoerências nos argumentos que catapulta para um fracasso bastante considerável. Os atores são péssimos e a lógica brilha pela ausência em todo momento. A doença que causa a mudança de cidade do protagonista ao principio desperta curiosidade dos espectadores, mas vira apenas um fiapo que poderia tecer muito mais e que tem como aspecto positivo a surpresa do espectador quando descobre que não é um filme de vampiros como parecia ser.

Falta originalidade, com efeitos que lembram Blade na aceleração das paisagens e também 30 Dias de Noite com seu conceito da busca da eterna noite. O filme se desenvolve dentro do subgênero que tem predominância dos cenários de bosques desolados, com uma estranha criatura semeando o horror na população.

Sem duvida que a proposta aposta no suspense e no terror com elementos paranormais onde tentar inquietar com situações opressivas, atmosfera densa, cenários sugestivos e um fio de intriga sobre o que realmente esta acontecendo. Isso funciona ate uns 40 minutos do filme, logo começam a ficar entediante porque não avança mais e sua efetividade cai muito por causa dos sustos fáceis tão convencionais do gênero. Para logo cair num redemoinho onde a historia não tem sustento lógico e onde o desenlace termina sendo uma salada de idéias que um roteirista louco rouba idéias de filmes que não tem nada a ver entre si (The Jungle Book, Tarzan, O Predador, Os Outros e todas as de vampiros) e que juntas não tem lógica alguma.

Pena, um passo atrás no cine espanhol devido essa tentativa tão mal desenvolvida, que desperdiça todo o credito de um roteiro que poderia ser levado a um ponto extremamente interessante e que se perde no ridículo mais irrisório quando o filme revela seus mistérios e tenta dar uma explicação estúpida brincando com a inteligência do espectador, deixando obvio ao extremo.

O começo promete, mas termina defraudando muito o publico que quer reviravoltas e um argumento ao menos sólido.

Nota 2

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Trovão Tropical (Tropical Thunder)


Stiller teve algum dos melhores momentos de comédia das ultimas produções made in Hollywood, e agora se reinventou com um novo produto engraçado e inteligente, umas das melhores sátiras jamais feita sobre o cine de guerra e a indústria cinematográfica em anos. A abordagem é tão afiada como original: um grupo de atores tem que filmar o filme definitivo sobre a guerra do Vietnã numa selva da Indonésia, e lá vai ter que enfrentar diretamente com um perigoso grupo de traficantes de drogas, mas acreditando que tudo não passa de um filme.

Alem de contar com um elenco de estrelas (desde o legendário Mickey Rooney até Tom Cruise, Matthew McConaghey, Jack Black, Robert Downey Jr., Jenniffer Love Hewitt e a supermodelo Tyra Banks) Stiller tem a habilidade de criar um mosaico de personagens facilmente reconhecíveis e delirantes.
Merece destaque a desempenho de Downey Jr, que encarna perfeitamente o ator australiano esnobe que é capaz de mudar a cor da pele e coloca próteses quando precisa interpretar um personagem afro americano. Sobre a estrutura do filme, é uma sucessão de surpreendentes e loucas situações que vai sobrepondo geometricamente ate chegar a um final mais perto da grande guignol do que da comédia fina. Sim, é comédia grosseira, mas qual o problema? No final o importante de um filme cômico é que nos faça rir e esta atinge sob medida. O mérito é que Stiller não recorre à escatologia fácil, nem as bobagens fáceis; tem escatologia, mas é bem colocada; há bobagens, mas são colocadas inteligentemente. Tal como fez em “Zoolander”, um filme injustamente esquecido pelo público, que foi uma das comédias mais ácida dos anos 90 sagazmente direcionada a obsessão da moda, nessa ocasião o diretor/roteirista e ator consegue levantar uma reflexão sobre o sucesso e a despersonalização dentro de um impiedoso mundo capitalista, onde não há praticamente espaço para a humanidade. Agora vale tudo e salve-se quem puder, o resto são poses para revistas pra que sai bonito e que possamos opinar sobre. Por isso o importante é ver esse filme com vontade de ri, mas também sem preconceitos de ver humor negro e ainda que parem para pensar no que estamos assistindo (e o melhor é não fazer isso, porque na realidade o que queremos é rir e esquecer do mundo) daremos conta que o filme contém varias cargas de profundidade que dinamitam com muita inteligência a linha flutuante do filisteísmo que existe em nossa sociedade.
Stiller deu muita marcha ao corpo com esse trabalho, nos presenteando confortavelmente uma sessão muito divertida.

Nota 8

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Jogos Mortais 5 (Saw V)


Não esperava que a saga de Saw chegasse à quinta parte, pelo menos com uma nota boa, ainda que tudo seja repetitivo, o que me refiro que tem sangue, armadilhas e adrenalinas, a coisa ainda é boa e não me pega ao ponto do aborrecimento.

A mudança do diretor também não afeta, o diretor sai bem numa nova seqüência da saga mais gore que existe. Não chega a altura de James Wan, mas pelo menos consegue trazer os atores no seu lugar e gerir de forma satisfatória o filme.

Desta vez, o jogo não depende do velho e antigo Jigsaw, Tobin Bell, agora é o seu sucessor que se encarrega das armadilhas e que o fluxo de sangue corra sem parar.

Alem disso o filme é contado depois que termina a parte 4, explicando como se forma o embate Hoffman vs Stram, depois que este descobre que Hoffman é o novo Jigsaw. Podemos ver também as origens de Hoffman, o que levou a conhecer Jigsaw e a descobrir o jogo e planejar as armadilhas.

A historia é boa, na altura da saga e vindo de uma quinta parte, mostra que a situação esta boa. Creio que a saga termina aqui (espero).

Nessa ocasião o gore diminui drasticamente, convertendo essa seqüência a menos sangrenta, porem não menor.

Nota 6

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Midnight Meat Train



Não há dúvidas que o filme vai dar o que falar, porque tem elementos que o distancia das obras modernas do gênero, ainda que não chegue a sobressair como uma obra prima.

O filme arranha a maldade humana, nessa estranha sensação mórbida de introduzir no escabroso e no perigoso. O filme tem altas doses de GORE, mas tem um sentido estético bem diferente de filmes que ostentam sangue por sangue. O filme tem diversos pontos fortes:
-Vinnie Jones encarnando o mal em pessoa;
-o visual que adorna a historia;
-o sórdido cenário onde se desencadeia a carnificina humana;
-papéis protagonizados de acordo com aquilo que este filme exige;
-a truculência, o bom senso e a impressionante maneira como esta empregada;
-os efeitos especiais, oscilantes, porem combinados com algumas seqüências onde o bizarro e o rústico entram em jogo para marcar os exageros que o filme necessita para impactar;
-boa dose de suspense;
-fotografia escura que atingem ambientes tenebrosos para implantar a historia;
-o giro final que mantém esse filme longe dos típicos filmes slasher e de serial killers.

Ao final, é um filme de horror repleto de ar insalubre, que esconde um segredo subterrâneo onde somente o comboio da meia noite é testemunha privilegiada.

Um filme que por sua eficácia e força consegue inquietar com elementos já trilhados porem aqui reciclados de tal forma que nunca cansa e nem repele em suas atrocidades.


Nota 7

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Boy A


Começar uma nova vida é complicado, ainda mais se serviu uma sentença por assassinato.

Jack é maior de idade, por isso sai da prisão após uma condenação em sua triste infância. Seu erro foi a má companhia, um único amigo que um dia induziu a matar uma menina. Será que isso foi um erro de infância? Uma criança de 10 anos é consciente de seus atos? Deve ser julgado pelo resto da vida pelos seus atos?

“Boy A” é um filme sobre segundas oportunidades, mostra a evolução do personagem de Jack (interpretado por um correto Andrew Garfield) ao chegar à maturidade. Sua meta é começar do zero, levando uma vida digna, não obstante o fato de que ele nunca poderá esquecer o que aconteceu quando tinha dez anos. Embora sendo obrigado a esconder seu passado, ele sempre permanecera em sua memória, perseguindo, atormentando, com receio de que alguém ira reconhece-lo e repudia-lo. Porque no fundo a sociedade acha difícil perdoar um assassino.

No filme surgem sentimentos como a solidão, a dor, a dureza da vida do introvertido e estranho Jack. Ainda que possa enterrar seus atos do passado, sempre haverá alguém para tentar exumar esses cadáveres.


Nota 9

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Os Estranhos (The Strangers)


O trailer era fantástico, com ótima fotografia e uma ótima ambientação, mas o filme acabou sendo lento, enfadonho, absurdo e sem fundamento. Poderia ser resumido em apenas dois minutos de seqüência, porque a maior parte do tempo é gasto num primeiro plano da bela Liv Tyler e seus intermináveis passeios pelas casas atrás dos infames ‘estranhos’. O pior de tudo é que os invasores, parece ter alguns poderes como super velocidade, tele transportação e visão de raio-x, para saber onde esta o casal.

Sobre o comportamento humano nesse tipo de filme prefiro não comentar.

A parte do celular e do carro é ridícula.

Mas o pior de tudo é que pode ter uma seqüência, já que começa como acaba deixando-nos com a sensação de termos perdido duas horas de nossa vida.

Não recomendo para ninguém por ser chato e por não ter conteúdo. Por que se trata de um produto para levantar dinheiro à custa do público que espera um bom filme por culpa do trailer. Não recomendo por ser triste e vazia e acima de tudo não recomendo porque, no fim, faz-te sentir como um idiota por causa do comportamento dos três encapuzados, que a única coisa que a única coisa que me provocou foi uma enorme gargalhada.

Apenas salva a fotografia, o som (ótimo) e a atmosfera criada pelo diretor, mas o resto não funciona.

Nota 3

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A Casa de Alice


O filme é um retrato comum da família de hoje, pode ser algo generalizado para a família global, mas pode e devem centrar-se onde os filhos não se desligaram do lar e escolheram que a família desenvolva seus dias assim. Esta é a casa de Alice, ela, o marido e os filhos vivem em um pequeno apartamento com sua mãe, num subúrbio de São Paulo.

A câmera de Teixeira se concentrar nessa família disfuncional e sua expectativa mostra ingratidão, falta de tolerância, frustração e cinismo. O apartamento de Alice não se caracteriza pela paz e sim pelos gritos e abusos, cada um tem uma historia que não esta interligada entre os demais integrantes e existe uma imensa busca de atenção e amor. Criticas do machismo e o abuso dos idosos, a moral dúbia e as de saídas fáceis e erradas.

Dizem que a cultura sul-americana tem como a principal prioridade a família e não esta mal essa tendência de tentar manter-la unida. Mas o problema é quando os conflitos em casa se tornam habitual, considerados como normais, mesmo que todos os membros sejam afetados. O retrato de A Casa de Alice pode tornar-se comum nos paises latinos americanos, onde a situação econômica difícil e a explosão demográfica acabaram em apartamentos habitados por duas ou três gerações de uma família, que não optaram por sair e vivem em constante disputa com os verdadeiros proprietários.

Depois de Cidade de Deus os cineastas brasileiros têm um desafio constante em ultrapassar, mas é um fato positivo porque implica que a qualidade de nossos filmes tentará ser os melhores e não ficarão somente na tentativa.

A Casa de Alice é uma outra opção mais adequada aos problemas de uma família que é a estrutura menor de uma sociedade.


Nota 7.5

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Transsiberian




Emocionante filme de suspense que diverte graças ao enredo bem armado. Uma história com muitos enredos que vai aumentando a intensidade e o nervosismo, resultando em uma história onde misteriosos personagens são combinados com deliberada sobreposição, uma sórdida atmosfera onde a desconfiança e o perigo rondam constantemente, sugestivas paisagens geladas e claustrofóbicas sensação da impossibilidade de escapar quando o perigo ameaça inesperadamente entre as paredes dos vagões.

“Transsiberian” nos presenteia com interpretações sólidas do elenco, onde para mim Emily Mortimer consegue a interpretação mais convincente de todas, encarnando uma mulher que tenta esquecer os erros do passado e que não quer reincidir por amor ao homem que escolheu pra ser seu. Claro que as dificuldades vão se armando uma após a outra no Expresso Transsiberiano, colocando tudo muito mais difícil.
O resto do elenco acompanha corretamente, destacando Woody Harrelson como o esposo solidário que se envolve sem intenção em assuntos perigosos, o espanhol Eduardo Noriega e Kate Mara como coadjuvantes contribuindo intrigantemente com seus enigmáticos personagens e é obrigatório citar a experiência e o desempenho de um sóbrio Bem Kinsgley que espalha toda sua sabedoria para interpretar um personagem que detém bastantes surpresas.

O filme cativa porque seus cenários geram sentimentos de ansiedade e insegurança, porque o Expresso já não da margem à segurança, porque o território russo é hostil..., mas, sobretudo porque o argumento é bem orquestrado e vai conseguindo uma tensão emocional crescente com as tramas se desenvolvendo e mostrando situações complexas onde o menor erro significa a morte.

È um filme sobre crimes, trafico de drogas, corrupção, mentiras e verdades ocultas tingida de muita maldade onde a intenção de fazer o bem se dissolve rapidamente ar tão sombrio em que é inalado dentro do trem e nesses desolados e congelados cenários naturais da Lituânia.

Um filme intenso com suspense e tensão ao melhor estilo Hitchcock, um suspense frio repleto de planos escuros que deslizam sobre trilhos... Sobre frios e congelados trilhos de aço!

Nota 8

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Hellboy 2 - O Exercito Dourado (Hellboy 2 - The Golden Army)


O diretor mexicano volta à tona com seu personagem fetiche Hellboy, o herói criado por Mike Mignola não poderia ter caído em melhor mão e me da saudade de outra ótima seqüência, “Batman Returns” do também grandioso Tin Burton, se em sua primeira incursão algo estava impedido, aqui tudo é liberado como num carrossel do qual não queremos ficar de fora, as semelhanças entre o cinema de ambos os cineastas são mais que evidentes e complementares, os dois possuem um universo particular único e intransferível, autores sem limites na imaginação, criadores de essências, verdadeiros mágicos do celulóide.

Pura orgia visual, perfeita demonstração do que deve ser uma boa adaptação dos quadrinhos, cine ‘pulp’, divertido e com vontade de vencer, um combinado delicioso que nos embebeda sem arrependimentos, uma constante montanha russa, poder e criação de um filme mágico e agradável até o final.

O roteiro é pouco consistente que às vezes escorrega mas é perdoável, as mensagens muito tímidas que soltam durante o filme no plano ecológico tão de moda ou a critica social sobre o preconceito da sociedade aos que são diferentes, mas isso não compromete o resultado final, também como ponto negativo é deixar a trama aberta para uma terceira parte, mas que será bem vinda.

O MELHOR: o mundo mágico que o diretor nos transporta constantemente, repleto de criaturas e seqüências com forças indescritíveis. O poderoso prefácio da infância de Hellboy, a batalha contra o Deus do Bosque, a canção cantada por Hell e Sapien, a musica de Danny Elfman, a fotografia de Guillermo Navarro, o excepcional trabalho de maquiagem, sua atmosfera e muito mais...

O PIOR: um vilão sem sal.

Nota 8

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Espelho (Into the Mirror)


Começa bem, com uma cena bem sucedida num lavabo, mas acaba sendo mais uma historia oriental de fantasmas vingativos, mundos paralelos e conflitos psicológicos. Embora isso deixa com incógnitas, mas se origina no roteiro confuso e da trama meia frouxa e longa. Terror (mais suspense) psicológico com moças de cabelos longos que não descansarão ate saciar sua sede de vingança, isso não é o pior, mas também não é virtude.

O principal erro que alguém pode cometer é assistir “Into the Mirror” pensando ser um filme de horror. O filme do debutante Kim Seong-ho, contem seqüências que poderiam ser tiradas de qualquer trabalho feito para provocar tensão, alem de parecer muito aos filmes atuais que recorrem da sonoplastia para provocar sustos e tensão, mergulha o espectador em uma historia que fala sobre cicatrizes do passado, cujas raízes reaparecem constantemente, deixando o protagonista atolado num lamaçal de frustrações e de desespero, tentando superar todo esse leque de emoções que lhe sucedem.

Como de costume, isso se desenvolve com calma e sobriedade típicos dos filmes orientais, oferecendo uma historia com algumas seqüências legais com uma fotografia e trilha sonora respeitável.

No ponto de intriga e com um ponto a favor, poderíamos dizer que se desenvolve com manhã até o final, deixando o espectador ligado à tela. Uma pena, porém, que, para não ser discordante com outros produtos deste tipo fica muitas pontas soltas.

Talvez ele amarre essas pontas no ótimo final.

Uma boa interpretação do protagonista e alguns momentos no longuíssimo caminho que deixa um bom gosto na boca.

Nota 6

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

No Limite (Walk on Water)


Não há duvidas que essa história se destaque pelo seu tratamento e a forma como lida com o ressentimento, desconfiança e desejo de vingança do povo judeu, contra aqueles que transgrediram sua dignidade e seus direitos humanos, bem como as idéias erradas sobre uma raça superior e perfeita aqueles que possam consideram até hoje alguns de seus opositores. Pensamentos vigentes em alguns lugares que impedem uma vida melhor. A discriminação, a desigualdade e a insegurança são apenas algumas conseqüências dessas ideologias vigentes.

“Walk on Water”, é um belo exemplo da coexistência entre o Judeu (obcecado) e o Alemão (envergonhado), onde cada um aprende com o outro, o seu modo de vida, para entender o passado, para manter vivo ou tentar resgatar-lo.

Sem cair em exageros e abusos das situações de discriminação ao longo de todo o filme, fazendo um trabalho minucioso e destacado de outros proeminentes do mesmo tema. Trata de que os povos não se devem culpar pelas ações de alguns e que os erros do passado não interfiram na possibilidade de conhecer novas convicções.

Um filme de esperança, sonho ou ironia, um filme cheio de respeito.

Parabéns Eytan Fox

Nota 9

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Ressaca de Amor (Forgetting Sarah Marshall)


Que a comédia americana esta completamente esgotada é algo que todos sabem, há muito tempo, embora a sua produção não para por isso. No entanto, a contínua repetição de clichês e estereótipos tem levado os espectadores ao limite da saturação. Por isso, muitos espectadores e críticos estão começando a decantar para outras produções longe do ‘mainstream’. Um deles é Judd Apatow, cujo estilo, na realidade não podia ser considerado estritamente como inovador, já que circula praticamente nos mesmo caminhos.

No entanto, seu estilo, longe do glamour das grandes superproduções, com certo toque de realismo e a ausência de grandes estrelas torna tudo mais próximo ao espectador. O fato de manter praticamente a mesma equipe, tem favorecido a transmissão de boas vibes em seus filmes. Nessa ocasião Apatow se conforma em ficar na produção deixando Nicholas Stoller na direção e Jason Segel no roteiro e interpretação.

O filme mostra de uma forma plana o fim de um namoro entre uma estrela de televisão (Kristen Bell) e Peter (Segel), que para superar a ruptura escolhe (sem saber) ir ao mesmo lugar que sua antiga namorada (que agora esta com um novo namorado): Havaí. Tudo se torna um longo catalogo de reuniões, mais ou menos fortuitas, justamente com a pessoa que não quer ver, dando origem a varias situações ao decorrer do filme, especialmente para ele. Na verdade, a situação que Apatow nos apresenta não é nada nova, mas o roteiro nos leva a identificar em maior ou menor grau com Peter, enquanto o publico feminino, fazem o mesmo com o caráter de Sarah, concentrando-se ambos os lados envolvidos no fim do namoro, ainda que às vezes exagerem no humor negro com referencias sexuais.

Por outro lado, o filme beneficia da presença de alguns membros do clã Apatow, como o personagem de Paul Rudd ou o recém-casado, cujas histórias são complementos perfeitos para a trama principal e contribuem para a consolidação deste universo peculiar perfeitamente reconhecível em todos seus filmes (até agora). A melhor coisa sobre o filme é a sua vocação de ser uma mera diversão, sem querer ir muito mais longe que passar bons momentos, nem eles se levam a sério e isso é o que transmite no final.

Nota 7

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Felon


Um intenso e emotivo filme que combina o suspense carcerário com cotas de drama sensibilizador derivado das terríveis conseqüências que acarreta quando se é um prisioneiro.

Em especial. “Felon” centraliza em criticar a frieza e a burocracia das leis, também não deixa de lado o clichê dos guardas carcerários corruptos que aprontam das suas e tentam deixar claro que a prisão não cumpre com seu objetivo de reabilitar sua população para sua reintegração na sociedade.

Mas, alem de seu fundo ideológico, tem um feroz e emocionante suspense sobre os códigos intra-prisional, sobre o modo como o direito penal fica retido na entrada da penitenciária para dar lugar à instintiva lei do ‘olho por olho, dente por dente’, que é a base padrão para a sobrevivência.
Onde, para sobreviver tem que saber estrategicamente com quem se unir e com quem manter distância, aonde o contexto belicoso vai moldando negativamente o comportamento do indivíduo que tenha entrado no serviço penitenciário promovendo uma transformação radical.

Surpreendi-me com as interpretações do duo, não tanto por Val Kilmer que sempre mostra seu talento, mas sim, por Stephen Dorff que aqui convence com um personagem cheio de vigor.

É um divertido e emocionante suspense carcerário carregado de altas doses de violência, com uma densa e perturbadora atmosfera cheia de miséria.

Infelizmente em certas partes o filme perde a sobriedade e realismo por alguns deslizes no roteiro, que o torna um pouco previsível e não muito credível pelo senso comum.
Também acho que medo do diretor se arriscar afastando um pouco os convencionalismo e jogar com uma alternativa mais incisiva e menos sensível.

Nota 7

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Perto Demais (Closer)


O veterano diretor Mike Nichols, um dos que melhor sabe como lidar com conflitos emocionais de relacionamentos amorosos, volta ao cinema após vários anos de dedicação a televisão com um drama estrelado por um time de atores dos mais atraentes do momento.

Desde sua estréia com o necessário “Quem tem medo de Virginia Woolf?” que Nichols foi marcando essa linha que foge das diretrizes hollywoodianas de relacionamentos simples e que mostram casais felizes. O amor pode trazer sofrimento (ou seria somente o obsessivo) e também nos causar muito dano. Foi com seu primeiro filme que ele demonstrou maestria nesse campo, com o confronto de dois grandes atores como Elizabeth Taylor e Richard Burton numa angustiante autodestruição conjugal que não parecia ter limites.

Em “Closer”, Nichols utiliza a bem sucedida obra teatral de Patrick Marber (que também assina o roteiro) para discutir direto e abertamente o doloroso cruzamento que o destino se encarrega de armar entre quatro personagens totalmente diferentes. Todo começa quanto um escritor frustrado que escreve obituário (Jude Law), e que vive com uma bela stripper (Natalie Portman), não consegue evitar a tentação de apaixonar-se por uma fotógrafa (Julia Roberts) que mantém uma relação com um dermatologista (Clive Owen).

Todos são bem sucedidos em suas atuações, mas é Clive Owen (que curiosamente havia interpretado na Broadway o papel que aqui cabe a Law) que se destaca com uma fantástica interpretação, dando alma a seu personagem. Pelo lado feminino, destaca-se Natalie Portman, que novamente demonstra que sabe selecionar bons projetos e transborda num papel cheio de nuances.

O filme é recheado com diálogos brilhantes, no qual a sinceridade vem em primeiro plano e conta com uma grande quantidade que dão realismo as interpretações (como, quando nos primeiros minutos, Portman limpa os óculos de Law enquanto conversam); mas também joga com situações surpreendentes e arriscadas para o desenvolvimento do filme, o que exige cumplicidade do espectador para funcionar.

O filme mostra algumas inteligentes elipses que ao principio pode incomodar alguns espectadores, mas imprimi um bom ritmo ao avanço da trama; com isso, Nichols mostra a incidência da durabilidade de certos sentimentos: amor, vingança e ódio.

Não podemos ignorar os cuidados com a fotografia, com atraentes conjuntos de sombras e contrastes cênicos, também sua trilha sonora que coloca o filme como um dos mais interessantes e realistas dos últimos tempos.


Nota 9

domingo, 27 de julho de 2008

A Ilha da Imaginação (Nim's Island)


A escritora canadense Wendy Orr escreveu e publicou há quase dez anos um livro infantil de umas centenas de paginas que seria sua obra mais conhecida, com o mesmo titulo do filme que falamos “Nim’s Island”. Teve o bom senso de não inventar uma saga em um mundo fantástico, em outra galáxia ou algo no estilo. Algo que começar e termina e pronto. Além disso, é um alivio encontrar uma historia que se não foge do convencionalismo infantil, mas que se desenvolve num lugar possível e com um toque nostálgico e ainda que não seja muito animado também não é desagradável.

Uma escritora fechada dentro de seu apartamento na cidade sofre de agorafobia e uma menina que vive numa ilha deserta é a contrapartida que coloca o filme como uma declaração clara do amplo espectro e situações desiguais que envolvem seres humanos em sua rotina diária. A conexão é um pedido de ajuda através da internet e de um personagem fictício que esta organizando o encontro na ilha para que um resgate possa acontecer. O filme brinca com os estereótipos do herói corajoso que vai tudo bem pra ele, aqui a fraqueza e as duvidas inundam o personagem que deve resolver a situação do incondicional amor de uma filha ao seu pai que esta em perigo de morte. Até os animais que sem capacidade de racionar podem ser chamados de heróis. O conceito de trabalho em equipe é forte, a aventura e a ação são convidadas de luxo num filme familiar ecológico que não faz mal a ninguém.

Tem animais espertos, aventuras no mar, paisagens paradisíacas, a menina Abigail Breslin (para sempre a pequena miss sunshine), tudo isso torna o filme bacana. Confesso que a maior parte do filme me cansou, mas em conjunto se torna muito mais claro. Objetividade ou subjetividade? Visão de um adulto ou de uma criança? Empate.


Nota 5

O Procurado (Wanted)


O Procurado (Wanted)
Timur, um diretor que veio da fria Rússia, que depois de nos brindar com seus bacanas guardiões, cai no mercado de cine pipoca americano para nos mostrar objetos em câmera lenta como se fosse um programa do Discovery Channel. Pensei que com um grande orçamento poderia mostrar um pouco mais, porem me enganei.

Essa adaptação do comic “WANTED” é uma mostra que com uma boa campanha publicitária na internet se pode ter um êxito (52 milhões de dólares em seus primeiros três dias nos EUA).

Nem Jolie, Freeman (esse esta disposto a participar em qualquer coisa que lhe de dinheiro), nem um McAvoy com cara de ‘sou um grande ator, mas preciso fazer algumas bobagens para ser uma estrela’ salvam esse filme que bebe em Matrix e Guardiões da Noite.

Previsível, cansativa e com reviravoltas no roteiro que só fazem mais lamentável esse filme que nasceu com qualidade de produto destinado a adolescente com pouca vontade de pensar e muita de se divertir. O problema é que tenho outro sentido de cine pipoca, já que podem fazer um produto sem considerar idiota o consumidor.

Esse filme comprova a falta de originalidade que estão vivendo os produtores de Hollywood nos últimos tempos, capazes de pegar diretores de outras nações que fazem bons filmes e os corrompem na terra do Tio Sam.

Nota 4

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Zona do Crime (La Zona)




Dirigida pelo uruguaio Rodrigo Plá e co-produzida pelo México e Espanha, o filme nos leva a um bairro residencial de classe media alta mexicano, que mais parece uma fortaleza, rodeada de muros com câmeras de segurança e vigilantes privados que preservam a segurança e das misérias do exterior a um grupo de privilegiados.

Mas, uns ladrões conseguem enganar a segurança do condomínio e fazem que seus habitantes vivam um clima de terror e angustia ao saber que tem um estranho solto no condomínio.

O diretor oferece em forma de thriller essa história que nos trazem um fundo de denuncia. Não somente sobre as desigualdades econômicas, contado num plano geral (fala de um bairro mexicano, mas poderia ser perfeitamente qualquer um do nosso pais ou de qualquer parte do mundo) mas sobre a segurança de todos. Parece que a solução dos ricos é ilhar-se para sentir-se seguros e esquecer do mundo que os rodeia, criando uma espécie de mundo próprio, com suas próprias regras que nada tem a ver com o mundo real. De fato, não querem ter nada a ver e nem toleram a presencia de pessoas que não sejam eles.

O filme tem certos aspectos que poderíamos recordar a “M, O Vampiro de Dusseldorf”, mas na realidade esta mais perto do filme “A Vila” de Shyamalan, mas mesmo que o ponto de partida seja similar, as motivações e os resultados são bem diferentes em cada uma. Sem duvida alguma, nesse mundo pós 11/09, parece que estamos dispostos a perder nossos próprios direitos para sentir segurança, ainda que seja uma segurança artificial.

Essa artificialidade é a denuncia do diretor, graças a um elenco linear no qual ninguém sobressai (apesar que o papel de Maribel Verdú é a que parece ter mais presença), mas que todos estão magníficos, cada um mostrando as diferentes matizes que supõe ser uma coletividade.

Além disso, uma ótima direção, fazendo circular por cima desses argumentos um aparente filme de suspense, perfeitamente planificado, para conseguir um suspense desejado e o impacto às vezes, utilizando para isso das câmeras ao ombro e até mesmo as câmeras de segurança do condomínio conseguindo manter o fio, tudo isso narrado de forma rápida e precisa.

Um diretor a ter em conta no futuro.

Nota 8

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Wall-E




O filme vai mais além de uma homenagem ao cinema de ficção cientifica.

Poucos são os filmes que me faz sentir certa nostalgia. E mais poucos, são aqueles que tomam de assalto meu coração e ficam gravados para sempre. Mas Wall-e, não só conseguiu satisfatoriamente esses fatores, como despertou dentro de mim algo que estava oculto no mais obscuro do meu ser. Despertou em mim a capacidade de assombrar-me com algo, que achava que tinha perdido há muito tempo. Tocou-me no mais profundo. Me fez sentir pleno e feliz (sensação efêmera, que o tempo tornara eterna). Derramei algumas lágrimas, mas também sorri mas de uma vez . Senti a excitação da maravilha de estar diante dessa complexa arte que denominamos cinema.

Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras.

Poderia passar décadas escrevendo e ainda sim, não plasmaria o que vi, o que senti e no que me converti.

Fantástica fabula que quase não possui diálogos, mas quem necessita deles, quando nos apaixonamos pelos fatos. Uma história que tem ama fusão perfeita com essa sublime animação e essa apoteótica musica.

Wall-e é um robô, e ainda sim aprendeu a ter uma personalidade. Isso e muito mais, aprendeu mais que muitos de nós aprendemos em toda uma vida.

Apaixonou-se por algo (ou alguém) que nunca pensou acontecer. Sentiu-se só, num planeta que cada vez mais deterioramos (e parece que não nos importamos). Aprendeu alguns conceitos que somente de lembrar-me, arrepia minha pele.

Perseverança.
Luta.
Sonhar.
Amar.
E dançar ao ritmo de “Put on your Sunday clothes” de “Hello, Dolly!”.

Para a posterioridade, ficarão as belas cenas onde vemos o protagonista de tão comovente aventura, dançar ao som de tão inesquecível musica.

Com belo trabalho de Thoman Newman na trilha. Impressionante animação, que esbanja perfeição por todos os ângulos. História de sonhos, frustrações e de lutas, porém, sobretudo de esperança. Mensagem que rasga a alma e final que ultrapassa toda a beleza que nos rodeia.

Um filme que nos faz buscar a estrela que pretendemos encontrar para nos converter (ou tentar) sermos melhores pessoas.

Nota 11

Pathology


Se o sangue te desagrada, esse não é filme que deve assistir.
Buscando algo comercial, Milo Ventimiglia e Alyssa Milano, nos trás um projeto curioso, mas sem novidades, seguindo os clichês de diversos filmes, se torna previsível e até desagradável em certos momentos, porem não deixa de ser interessante o que o diretor consegue manter e o ritmo que permeia o filme.

O começo do filme nos situa numa paisagem nauseabunda e atroz, que entrega tudo que veremos pela frente. Um grupo de médicos forenses, residentes ou não, brincam com cadáveres, fazendo eles de bonecos de ventríloco. O alemão Schoelermann debuta com um longa metragem que incomoda. Deixando à margem, que ás vezes pode ocorrer o impossível , Pathology, com sua realização correta e com ares modestos e pequenos, é angustioso e original.

Não que não exista ou exista um grupo de médicos forenses que são loucos que se não abrem um cadáver um dia, perde o equilíbrio psicológico e se divertem com cadáveres. Vem em minha mente a obra do fotografo Joel Peter Witkin, outro desses transgressores que remove a ética e a moralidade de sua obra.

Seja como for, o diretor nos presenteia com uma cena poética e envolvente, com uma lenta musica de Sakamoto de fundo que, infelizmente não vem acompanhada de sabedoria por trás das câmeras, mas que é explicita e pode contrabalancear todos os maus momentos visuais do filme e que ficara guardada na memória.

Nota 6

quarta-feira, 25 de junho de 2008

As Ruínas (The Ruins)


Bom, por onde começo?

Ah, sim, é um filme que fala sobre uns estudantes que depois de dias bebendo e se esbaldando em uma praia de Cancun, não visitaram nem uma das maravilhas que o México oferece, nem ao menos Chichén Itzá que esta ao lado e que é um patrimônio da humanidade (porque não ficaram em Santa Mônica ou em Miami, teriam poupado dinheiro e kilômetros), o que rapidamente nos faz acreditar que são norte americanos. Então de repente decidem embarcar numa expedição fuleira para resgatar um alemão que estava acompanhado com sua noiva arqueóloga em uma escavação recém iniciada. Ali acontece tudo que acostuma passar os protagonistas de filmes desse bichos, aqui nesse caso é mais ‘ecológico’. Esqueci de dizer que também tem uns nativos que falam o quase extinto dialeto maia (não falam espanhol) e que são mal encarados.

O resto é o de sempre: cenas de sustos, de gritos, que se corta ali e que se corta acolá, tem a menina histérica, a cena do apaixonado-sacrificado que para salvar a mocinha que puxa o carro mais assustada que uma dona de casa ao ver os preços dos tomares.

Em fim, se quer ver, veja somente porque gosta desse tipo de filme, sem ter alguma expectativa porque se não vai sofrer. Mas existem piores.

Os atores?
Passam diante da câmera e gritam.

Uma boa pedida no filme é a musica do Bonde do Rolê (Solta o Frango).

FUROS E SPOILERS

- Desde quando somente uma arqueóloga vai por conta própria em uma nova jazida arqueológica com uma barraca e um lampião. Não tem companheiros, nem equipamentos, nem meios de comunicação confiáveis, ninguém sabe onde esta e nem se esta viva.
- Se é uma escavação oficial, as autoridades saberiam algo deles, mais nem aparecem e nem os esperam.
- O alemão com o grego e os americanos vão buscar seu irmão desaparecido (sem avisar as autoridades, nem a embaixada, sem esperar ajuda profissional outra vez), deixam uma cópia do mapa do lugar porque se não volta seu colega Dimitri e não volta, então os gregos que sairiam às 7 da manhã seguinte sem avisar ninguém vão para a selva.
- A visão dos mexicanos é xenófoba, entre outras maravilhas da generalização esta que toda a água do México esta contaminada com fezes humanas e todos os mexicanos são gordos, sudorentos, com bigode e viram escravos totais quando lhes mostram uma nota de dólar, isso sem falar dos nativos que vigiam a pirâmide. Deve ser que o Patrimônio do México não tem idéia desse estupendo descobrimento, já que tem tantos.
- O estudante de medica, quebra ossos, corta pernas com faca de caça e cauteriza a amputação com uma frigideira (uau). Mas não é sábio: vai numa excursão resgate sob 40 graus na sombra e não lembra de levar alguns mantimentos, água ou uma simples aspirina, mas sim, levam os celulares porque na selva mexicana tem uma cobertura espetacular.

Nota 3,5


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quarta-feira, 18 de junho de 2008

Jogo de Amor em Las Vegas (What Happens In Vegas)


Se existe algo que não podemos negar é que Las Vegas deslumbra, graças a ao efeito que produzem suas luzes e seus milhares de letreiros de néon, o ruído de centenas de caça-níqueis funcionando 24 horas, a possibilidade de viajar de Roma a Paris sem nem ter que sair do mesmo hotel, o único inconveniente desse lugar onde tudo pode acontecer, tudo é permitido é que tudo que acontece lá, você pagara fora. Isso é o que acontece ao casal de protagonista desse filme que conseguiu colocar a comédia escrachada e romântica vir à tona novamente porque estava condenada a afundar com roteiros repetitivos, atores sem graça e farrelys da vida.

Por um lado temos a rainha indiscutível do gênero, Cameron Diaz, no papel da mulher do séc. XXI que vive para fazer os demais felizes, seja no trabalho, com o namorado ou com amigos, sem parar pra pensar em ela. Por outro temos Ashton Kutcher, que representa um rapaz com... bom, é... tem talento para... ser lindo.

Depois de sofrer um duro golpe em suas respectivas vidas, decidem que a melhor forma para sair do buraco é fazer uma farra impressionante, com muito álcool em Las Vegas. O problema é que quando recuperam da ressaca eles percebem que em algum momento dessa fatídica noite ele disseram: Sim, aceito. E para complicar eles ganham 3 milhões de dólares que nenhum dos dois querem compartilhar com o outro e para arrematar um juiz obriga e viverem 6 meses juntos.

Á partir daí, as situações engraçadas ocorrem sem dar tempo de recuperar entre uma e outra. É que juntar dois pólos tão opostos só pode dar lugar a uma catástrofe de proporções épicas. Adicionamos os melhores amigos de cada um e suas delirantes ocorrências para conseguir o divorcio rápido sem que seus amigos caiam no terrível erro de se apaixonar um pelo outro. Tudo isso com uma trilha sonora funcional. O resultado é um filme gostoso.

Nota 6

Meu Nome é Taylor (Drillbit Taylor)


O primeiro que o espectador pensa ao ser apresentado aos personagens desse filme é que estamos diante de uma espécie de flashback da vida dos protagonistas de Superbad (não é a toa que ambos filmes compartem parte da equipe de roteiristas e produtores). Então temos, o gordinho, o magrinho de óculos e freak que temos que descobrir já que em sua aparência e acredite somente em sua aparência é algo mais normal.

Também nessa ocasião um dos três junta-se a outros dois, amigos de sempre. Tem outras semelhanças, como todos aqueles que caem em clichês nesse tipo de cine norte americano juvenil (festas privadas em mansões, diálogos picantes e gozadores, aventuras e desventuras amorosas, etc.) para ser um versão (não oficial) mais infantil daqueles deliciosos personagens, aqui não existe a obsessão pelo sexo oposto, concentrando apenas nos problemas que os mega-freaks tem no colégio onde são expostos aos abusos dos mais populares. O que tem graça é que um deles é um dos assassinos columbeiros de Elephant, que de alguma maneira se auto parodia.

O problema é que esse filme tem menos graça e é menos inspirado que Superbad (ainda que tem seus pontos altos) e sem a mensagem não tão sutilmente oculta que apontava detalhes da relação entre os protagonistas tão insólitas nesses subgênero, com um final que elevava acima de outras obras similares. Aqui não tem nada disso.

E infelizmente temos Owen Wilson que depois de sua tentativa de sair do meio e não digo somente do cine, não é o mesmo sem Bem Stiller ou Wes Anderson.


Nota 6

Um Crime Americano (An American Crime)


Uma das regras da Igreja Batista Fundamentalista é a seguinte: fidelidade a fé cristã na vida diária, no trabalho, na família, na sociedade e a persistência em pregar a palavra para todas as criaturas. A senhora Gertrude Baniszewsky, viúva, doente e com 7 filhos sobre as costas, decidiu pregar com a cumplicidade de todos seus filhos sua palavra a uma inocente menina de 16 anos, à base de humilhações, torturas, mutilações e abusos sexuais, envolvendo assim todos os vizinhos de um povoado perdido de Indianápolis, no ano de 1965. A menina em questão era Sylvia Likens, que ficou ao cuidado de Gertrude junto a sua irmã menor, já que seus pais teriam que se ausentar por uma temporada devido ao trabalho. Crasso erro. Estavam deixando suas filhas na mão do mal personificado, o mal de uma sociedade que justifica os fatos argumentando que tais castigos são necessários para salvar uma alma perdida.

Poderia ser o argumento de um filme de horror, porem ocorreu nos EUA. Num autêntico e despiedoso crime americano. Sob a pele do horror do resultado final desprendem vapores nauseabundos da repressão sexual, os ensinamentos dos ignorantes a base de surras e humilhações, a imposição férrea de idéias cristãs travestidas em regras fundamentalistas e sobre tudo ilogicidade do ser humano quando a violência se apodera dele e já não pode parar.

Ao assistir, somos surpreendidos por suspiros para aliviar a sensação de náusea enquanto o corpo busca se acomodar na poltrona, que nos obriga a presenciar como quase todo um povoado tortura uma menina inocente. A lista de abusos são intermináveis, ainda que Tommy O’Haver nos mostra uma grande parte do que aconteceu, tão só estamos na ponta do iceberg. Se colocarmos-nos a investigar um pouco, constatamos que os próprios habitantes de Indianápolis considerou esse crime como o mais dantesco perpetrado contra uma pessoa em toda sua historia e o que sofreu a menina passa do limite do suportável. Por isso O’Haver evita que nos revoltemos além da conta e nos mostra o necessário para darmos conta do que podemos ser capazes de fazer em nosso mundo supostamente civilizado e democrático.

Custa falarmos de outra coisa que não seja a historia, porem tenho que ressaltar o magnífico trabalho de Catherine Keener como Gertrudes e de Ellen Page como Sylvia. O choque entre as duas é colossal, mas Keener ganha, porque seu olhar frio, perdido e acolhedor consegue o efeito desejado.

Um Crime Americano é um filme necessário em nosso tempos, no qual a tortura e a humilhação são justificados com fins políticos e que supostamente o correto eticamente sempre mora no ocidente, ainda que ver o filme nos embrulha o estômago.

Nota 9

sábado, 14 de junho de 2008

Fim dos Tempos (The Happening)


Muitos esperavam ansiosamente esse novo filme de Shyamalan, apesar do tropeço em A Dama Na Água , pois parece que o anterior filme não impediu que Fim Dos Tempos fosse um dos filme mais esperados da temporada. Eis que o temos, o diretor resolveu regressar a suas origens brindando com doses puras de suspense nesses filme que a principio se chamaria The Green Effect.

O trailer é fantástico, o suspense e essa sensação de paranóia envolve o filme desde os primeiros minutos. O titulo deixa uma ambigüidade no ‘ar’, às vezes tem um toque gore extra em algumas cenas. A idéia é muito interessante e ai recai todo o peso de Fim dos Tempos.

A idéia central é um prato cheio para intrigas e deixar suspense no ar, mas esta se acaba dramaticamente no ultimo terço do filme, onde simplesmente o roteiro se escapa das mãos do diretor e sentencia o filme com um péssimo final. A idéia dava para muito mais. Para que aquela tonta historia de amor, atuada mediocremente. Quando saímos do cinema temos a sensação de ter sido enganado por um trailer que prometia muito mais.

As atuações ao medianas, mas em momentos se tornam desnecessária e pobres. Alguns personagens são inúteis na historia, inclusive parece forçados para um momento chave do filme.

O filme tenta dar o melhor de si, um trailer assombroso, mas que uma vez na tela, passa por diversas etapas, que vai desde o suspense extremo, as intrigas e a paranóia (tem cenas para recordar), ate a raiva, a confusão e a sensação de ser enganado. Fim dos Tempos contem um excelente inicio, um desenvolvimento ótimo e um pobre final. Uma idéia mal aproveitada. O pior é o que o diretor sempre insinuou o que agora ele mostra.


Prefiro Al Gore.

Nota 5

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Medo da Verdade (Gone Baby Gone)



Nunca imaginei que Bem Affleck acertasse na direção de um filme. Affleck e Aaron Stockard adaptaram a novela de Dennis Lehane, também autor de Sobre Meninos e Lobos, obra que Eastwood adaptou brilhantemente.

Os dois contam com matéria prima parecida, o que faz inevitável as comparações. “Medo da Verdade” é um filme lúcido, um suspense que fala sobre valores morais e o faz de forma tão natural que centenas de perguntas passam pela cabeça de todos os personagens do filme, também passam por nossas cabeças e perguntamos, o que faríamos nos sobre tal dilema, diante de uma situação tão comprometedora? O que é o correto? O que é o incorreto? Quem tem razão, se é que alguém tem?

A verdade é que parte do filme me pareceu previsível. Tem alguns tiroteios longes que não se vê o que ocorre e temos que acreditar no que diz as testemunhas. Se você viu “Os Suspeitos” e uma serie de filme com reviravoltas de roteiro sobre um flash-back, o final não surpreendera. Mas a parte que mais me interessava nesse filme é outra (e esta não é nada previsível e superou minhas expectativas porque Affleck estréia na direção). É a leitura interior do ‘eu’ de cada personagem. Todos tem duvidas sobre o que é o correto.

Desde a melancolia da voz em off inicial, sabemos que será um filme escuro e triste. Como o que existe em volta dos personagens. Ben Affleck é melhor diretor que ator (o qual não era muito difícil, mas ele dirigiu de uma maneira impecável para ser sua primeira experiência).

A fotografia é muito limpa e bonita para a historia que narra, mas tem certas cenas como as ultimas horas do dia com uma luz maravilhosa (como a que esta Ed Harris no telhado com Casey Affleck), que acredito que nos vem dizer, que apesar de tudo existe beleza no mundo.

Souberam alternar planos fixos com travellings dinâmicos nas cenas de ação, o que da ao filme um ritmo adequando em cada momento. Como na vida, existe momentos cômodos e incômodos.

Ademais o filme mostrar que Casey é bem melhor ator que Ben. A profundidade moral do personagem o leva a uma auto-destruição pessoal por cumprir uma promessa e seguir suas convicções até as ultimas conseqüências.

Nessa parte do filme me lembro muito a El Cebo e sua refilmagem The Pledge – A Promessa (detetive que da sua palavra a uma mulher que encontrara a sua filha e fará todo o possível para cumprir sua promessa).

Os últimos cinco minutos são de um anti-climax antológico. Desejo sorte a Bem em sua carreira como diretor e espero não ver ele nunca mais diante as câmeras. Como roteirista ninguém duvida do seu talento, mas nos tortura com suas interpretações nos filmes. Agora como diretor, abriu uma porta de prestigio na qual acredito que deveria agarrar com força.

Nota 8

CJ7


Alguns diretores despertam amor ou ódio, Stephen Chow é um dele e normalmente isso acontece com aqueles que tem uma personalidade bem definida que logo se reflete em seus filme, por exemplo: o odiado Uwe Bol ou o amado Tarantino.

A influencia dos mangas nesse filme e nos anteriores desse diretor esta a flor da pele, muitos defendem seus efeitos, mas esta claro que se um filme desse tipo fosse dirigido por alguém menos conhecido, estaria condenada a vagar por prateleiras de vídeo locadoras ou em sites obscuros na rede. Talvez esse delicioso filme protagonizado por um suposto cachorro alienígena, um garoto estranho, alias muito estranho (provavelmente a meia laranja cinematográfica de Chow e seu herdeiro gestual, ria você de Jim Carrey) e por um pai do estilo Sr. Valores Éticos e Morais, seja mais assistivel em uma tarde de domingo. Trilha sonora? Tem uma canção grudenta dos anos 70 e outra dos anos 80 e uma pros momentos de tensão que ameniza quando rola algo meio anime, mas a diversão e a emoção é garantida.

Chow é um esperto, uma dessas pequenas jóias brutas da cinematografia da China. Diferente de outros diretores, não se resume a um ar intelectual de alguns famosos asiáticos e igual a Kitano conta com um toque muito especial que poucos são capazes de conseguir em seus filmes. O problema é que falar de Chow é falar de um tipo de cine muito particular, mundano e inclusive pouco visto. Dentro de sua filmografia podemos encontrar com todo tipo de historia das mais absurdas que sem embargo apesar de seu aspecto simples e descafeinado conseguem exaltar todo tipo de sentimentos.

CJ7 é um filme puramente Chow, com a presença do pequeno Min Hun Fung como protagonista e com o realizador em segundo plano . Em uma família extremamente pobre composta por esses dois personagens, Min Hun representa a ilusão infantil e o respeito ao seu pai que mantém uma relação muito próxima. Chow além de trabalhar, também da lições para seu filho para fugir dos conflitos que sofre em seu colégio, uma instituição de luxo aceita o menino. A aparição de um estranho objeto alienígena é o acontecimento mais importante do filme, o motivo da metamorfose que sofrera a vida desses personagens, alem de ser o personagem animado mais fofo e chamativo do cinema oriental.

A moral do filme, como é habitual em Chow, é dirigido às classes marginais e faz eco de auto-superação que sempre são capazes de conseguir todos os personagens do diretor, como também sucedo em CJ7. Humor puro e duro combinado com uma boa dose de drama, apto para todos os públicos, um filme que vem mostrar que nem sempre é necessário um humor fino e delicado para entreter. Apesar que às vezes roça o absurdo em muitas ocasiões.

Nota 8

terça-feira, 3 de junho de 2008

O Banheiro do Papa (El Baño del Papa)


Uruguai está localizado na América do Sul, faz fronteira com o Brasil, Argentina e tem sua costa sobre o Rio do Prata e o Oceano Atlântico. Um pai com pouco mais de 3 milhões de habitantes e a base de sua economia é a pecuária.

Como todo país de terceiro mundo realizar qualquer expressão artística e poder levar além de suas fronteiras necessita muito dinheiro, dinheiro que não é destinada a arte devido a pobreza de um país sub-desenvolvido. A qualidade dos filmes uruguaios não são das melhores, não porque não tem bons atores, produtores, etc., mas porque não contam com equipamentos de filmagem mais avançados e porque fazer cinema esta ao alcance de poucas mãos.

O Banheiro do Papa é sem duvida a demonstração de qualidade do cinema uruguaio e que os inconvenientes antes ditos já não são tão notórios. É um belo e simples filme, sem os grandes clichês dos heróis norte-americanos, aqui tem personagens adoráveis e fáceis de encontrar em qualquer país da América Latina.

Totalmente cálido e representativo porque mostra os uruguaios realmente como eles são, com suas ilusões de seguir adiante, com a esperança às vezes incoerentes e sua ingenuidade, com a alma sã e mal intencionada. É um orgulho esse filme feito com suor e lágrimas como tudo que fazemos desse lado do mundo. Verdadeira e maravilhosa que descreve a vida em qualquer povoado do Uruguai e de quase todos os paises da América do Sul.

“Como fazer para sustentar uma família sem trabalho estável, vivendo quase na indigência e sem capacidade de melhorar?”

Quando isso sucede no Uruguai, assim como poderia ser em qualquer país economicamente flutuante, no momento que o Papa vai visitar-lo, pode parecer uma luz de esperança, quando tem uma oportunidade. Essa é a pequena história de um pequeno pobre homem, que trabalha com sua bicicleta na fronteira fazendo contrabando e que tem a idéia de fazer um banheiro e alugar para os visitantes que virão ver o Papa João Paulo II quando chegue na visita programada pelo seu próprio povo lá pelo começo dos anos 80. Um povo inteiro se rende a ilusões com tal oportunidade e enquanto alguns preparam guloseimas, nosso ingênuo protagonista constrói um banheiro com as melhores das intenções. Essa complexa situação é um pretexto para mostrar uma família à beira da separação, mas pela falta de recursos que pela autêntica falta de amor. Com grande êxito mundial esse filme consegue comover pela realista dose de realidade e o toque do cotidiano, porque “O Banheiro do Papa” desarma qualquer pessoa e lhe da a afável esperança que todos nós humanos precisamos.

Fotografia memorável. A trilha te faz levitar e sentir em alguns momentos na própria pele dos personagens, mas nunca chegaremos a estar, nem a entender suas dificuldades que possam ter essa gente.
Roteiro fantástico.

Nota 10

domingo, 1 de junho de 2008

The Signal


Televisão, celulares, rádios são as armas desse filme. Tendencioso ele abusa da comedia e horror num mundo apocalíptico onde as normas normais de socialização não existe mais, pelo ângulo no novo horror indie, esse filme é uma pérola que descaradamente chupa Kiyoushi Kurosawa’s “Pulse”.

Contando com 3 atos intitulados transmissões e não existindo nenhuma diferença notável entre eles no estilo (talvez um pouco mais no segundo que abusa do humor negro), que no final o combo é bem proveitoso.

O roteiro utiliza o mesmo estilo rewind de Pulp Fiction e nunca esta intrínsecos. Original e dinâmico o filme consegue que entramos na pele dos principais personagens e de suas paranóias.

Digno de participar do festival de Sitges e merecedora do premio de melhor filme. Um filme modesto e sem grandes pretensões, pois se concentra nas experiências sofridas pelos protagonistas sem pretender dar uma explicação da origem do sinal, nem suas conseqüências catastróficas.

Uma pérola que desde o principio nos convertemos ao seu próprio sinal do qual não podemos desconectar e nos proporciona um estado empático com diferentes estados de paranóia, neurose e agressividade sofrido pelos personagens.

Nota 8

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Atos Que Desafiam a Morte (Death Defying Acts)




Gillian Armstrong, autora do excelente “Charlotte Gray”, nos apresenta um filme de magia, amor, intriga, farsa e sobrevivência, combinando fatos reais com ficção. Não esperem uma biografia de Houdinni.

Sua direção é clássica, com bons enquadramentos, ambientação cuidadosa e com a sã intenção de nos presentear com um bom momento de entretenimento, sem mais pretensões. Tirando isso, tenho que dizer que tive a sensação que em alguns momentos, a historia custa avançar e resolver os encontro e desencontros entre Guy Pearce e Catherine Zeta-Jones.

Assim as coisas, para os que estão com expectativas altas, talvez decepcione, já que tem tudo pra ser um bom filme: atores, diretora, orçamento e equipe técnica, exceto um roteiro bem acabado, já que a trama no final deixa um leve sabor de mel nos lábios.

Os atores estão bem. Destacando o sempre bom Timothy Spall, no papel de agente de Houdinni, que se desespera para que tudo saia bem para seu pupilo e Saoirce Ronan que novamente rouba o filme assim como fez em “Desejo e Reparação”.Catherine Zeta-Jones aparece belíssima e mais magra, com especial atenção na cena do baile e o magnífico beijo, um dos melhores vistos ultimamente e a bela cena do cemitério onde se vê a silhueta de Zeta-Jones e Pearce. Pearce esta correto, sem transbordar a interpretação.

Uma das maiores virtudes é a duração, nos conta tudo que passa sem alardes gratuitos. Nesse sentido é um filme honesto pela sua claridade.

Por desgraça, um dos maiores problemas do cinema atual é ter um final convincente e o de “Atos Que Desafiam a Morte” é um pouco morno.

Nota 6,5

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Longe dela (Away From Her)



Intenso e poético drama.

Conhecida pelo filme “A Vida Secreta das Palavras” de Isabel Coixet, a atriz canadense de apenas 27 anos, debuta com maturidade na direção cinematográfica, elegendo a história de um casal de velhos e como repercute em ambos a doença da mulher, magnificamente interpretada por Julie Christie. À partir da difícil abordagem de um tema como Alzheimer, o filme realiza uma profunda radiografia de sentimentos fundamentais.

Sem sobrar emoção nem dureza interior as seqüências rodadas com um ‘tempo’ pausado é adequado para a história e o tema tão difícil é realizado com sóbrio equilíbrio.

A doença como tema é o ponto de partida mas não o único pilar do filme. Em meio a tendência patológica de perder e não recuperar, a personagem de Christie coloca-se em uma luta interessante, defende esse frágil fio que ainda a amarra as coisas, buscando humor numa situação que supõe ser triste.
A insistência que somo algo mais que nossas lembranças, que a memória não é o único que importa e que perdendo-a, ainda existem valiosas percepções sensoriais que normalmente não valorizamos, são constantes que abrem e fecham o filme, insistindo que a memória e tempo são um caminho de ida e volta imprevisível, onde o esquecimento nem sempre é cruel e às vezes até desejado, tal como filosofa Fiona, comovida ao redescobrir a cor amarela nos lírios que crescem sobre a neve.

Com uma visível vontade de atender os aspectos mais humanos do cine, o relato desliza cheio de elegância que encontrar o ponto justo para as duras seqüências da doença sem cair no sensacionalismo do golpe baixo, contada a partir da montagem paralela de tempos diferentes, onde o silêncio importa tanto quanto os diálogos, a expressividade do olhar como ação exterior, o entorno mas como um espelho anímico dos protagonistas, que como a beleza puramente estética.

Acima da média, essa obra-prima da jovem diretora, aporta uma estimulante linha do cinema sobre histórias interiores, líricas e sensíveis

Nota 10

terça-feira, 22 de abril de 2008

Imitação De Vida (Imitation Of The Life)


Ultimo filme de Douglas Sirk, que em 1959 retornaria a Alemanha, onde se dedicaria à direção de peças de teatro e de aulas. Baseada na novela “Imitation Of The life” (1933), de Fannie Hurst, da qual é a segunda adaptação para o cinema. Filmada em Hollywood, Sunset Boulevard (Hollywood), Aquarius Theatre (LA) e LA (CA). Nominada a 2 Oscar, ganhadora de 1 Globo de Ouro. Produzida por Ross Hunter e estreada em 1959.

O filme se passa em NYC em duas épocas (1947 e 1958), separados por 10 anos. Douglas Sirk já tinha decidido deixar os EUA quando aceitou a realização da obra, na qual tem a oportunidade de fazer uma analise critica da sociedade americana do momento. O filme é um melodrama, cuidadoso e estilizado, que exagera nos aspectos menos verossímeis do relato, exalta sentimentos comuns (amor, ódio, egolatria, dominação, etc.) e beira o folhetinesco, sem cair nele graças a seriedade, altura e elegância da direção. Centrado em 4 mulheres, não se ajusta no que se conhece como filme para mulheres, subgênero no filme que supera em transcendência, profundidade e visão geral dos temas que trata.

Sirk explora, com objetividade e a distancia, a sociedade americana do final dos anos 50, na qual identificamos sintomas de insegurança, repressão e violência. Ademais, pobreza extrema (pessoas sem teto), novas formas de exploração dos mais fracos (tratados de escravidão doméstica de afro-americanos), racismo agressivo (o namorado que espanca a parceira quando descobre que ela é mulata), corrupção e abusos generalizados em importantes grupos sociais (mundo do espetáculo), uma cultura que supervaloriza o êxito econômico, a fama e o materialismo, o destino dos perdedores que que esquecem os sentimentos e a honra pela ambição, a hipocrisia de moral dupla, a intolerância com as diferenças, etc. A vida sem afeto, carinho, generosidade, honra e amor aos demais e dos demais, pode ser uma sucessão da vida ou uma vaga imitação da mesma, mas não é vida. O realizador coloca no fundo do relato, uma visão amarga e critica da realidade, que levou ele a abandonar os EUA, para regressar ao pais natal, onde permaneceu longe do êxito, fama e fortuna.

A musica de Frank Shinner, com inserções de Henri Mancini (não creditado), envolve a narração em melodias (13 temas) de grande nível. Destacando “Succes Montage”, que em sucessivos planos sonoros descreve a ascensão gradual da protagonista de 48 a 57. Mahalia Jackson canta “Trouble Of The World” no qual possivelmente é um dos dois momentos mais emotivos do filme. A fotografia do grande Russel Metty, cria composições de grande força plástica, que engrandece a obra e lhe confere excelência. As interpretações femininas são notáveis.


Nota 9

segunda-feira, 14 de abril de 2008

WALK HARD: THE DEWEY COX STORY




A nova obra da trupe de Apatow é, pra variar, uma comédia mordaz que nesse caso recai habilmente no mundo da musica. O estrelato, a fama e a posterior queda de um ídolo até sua redenção final e sua busca interior.

Dewey Cox, narra a historia de um cara que decide dedicar-se a musica por um golpe do destino e acaba se convertendo numa estrela, conhecendo inclusive Elvis Presley e os Beatles. Durante os 40 anos que a historia se desenvolve, sempre com o mesmo ator, um genial John C. Reilly, seguimos seus passo e os de sua banda, e seus contatos com tudo que havia na época, inclusive as drogas.

Tudo esta retratado de uma forma muito cômica e humana, às vezes exagerada, como vem se firmando a grife Apatow e sua turma de freaks. Justo ai, esta a força do filme, com um roteiro aceitável, com momentos hilariantes que arranca gargalhadas de forma constante como poucas comédias conseguem. Humor negro ao extremo e atores a vontade.

Algumas coisas que faz o filme inesquecível:

- Jack White dos White Stripes como Elvis, Jack Black como Paul McCartney, Justin Long como George Harrison, Paul Rudd como John Lennon, Jason Schwartzman como Ringo Starr, Lyle Lovet, Jewel, Frankie Muniz como Buddy Holly
- Os judeus
- Suas relações com as drogas, especialmente com o LSD e a parodia de Yellow Submarine
- Com o estilo de Dylan, cantando canções sem nenhum significado
- Com os Beatles e o Maharishi, na Índia buscando o ‘eu’ interior
- Com o estilo de Brian Wilson
- A cena ‘disco’
- Morreu o garoto erradooooooooooooooooooo.

Nota 8

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Be Kind Rewind


No começo custa entrar no filme, devido a trama, o tom usado, etc, mas uma vez dentro já não queremos mais sair.

Um dos pontos fortes é a constante referências a milhares de filme com o qual crescemos: o pôster de Blast From the Past - casualidade? Não se aproximam os protagonistas no cinema como Brendan Fraser ao amor? – a louca que precisa assistir Conduzindo Miss Daisy e todos os filmes que os protagonistas recriam (Jack Black se magnetiza e apaga todos os VHS da locadora de seu amigo, fato que leva eles a filmar novamente com câmera na mão, de um modo totalmente amador mas super original e gracioso): Os Caça-fantasmas, Robocop, O Rei Leão, De Volta Para o Futuro, Rush Hour 2, 2001 – Uma Odisséia no Espaço, etc... É aqui onde todo o talento e imaginação visual de Gondry alcança o melhor rendimento e onde mais desfrutei como uma autêntica criança, igual a ele, que alguns anos atrás se deliciava com as viagens lunares de Méliès.


Não creio que com Be Kind Rewind, Gondry pretenda rir dos filmes comerciais (talvez por isso o filme acaba sendo mais comercial do que o diretor nos acostumou) e todos esses deliciosos filmes dos anos 80 e cia., se não a comercialização impessoal desses filmes (que por outra parte, é a único que os financia e permite sua existência). Parece que diz: os filmes como Robocop me fascina, gosto tanto que quero render homenagem, o que não gosto é o marketing que os rodeia, o mercado que corta o vôo de todos esses artistas (pensem no personagem de Sigourney Weaver). Cospem na mão que os alimentam, igual Clube da Luta. Reinvidica o cine como uma arte livre desde uma multinacional, porque é o meio que permite fazer em grande escala. As mesmas contradições de sempre, a mesma velha dicotomia arte/indústria do cinema.

Fats Waller era um artista do jazz que fez de sua arte sua vida, apesar de todos os inconvenientes. Michel Gondry é Fats Waller (esse pianista com mãos de ouro ignorado pela crítica) e Mos Def é Michel Gondry que, apoiando-se sobre tudo que ele alimentou em seu início, acaba emergindo como um deus/criador de um maravilhoso mundo imaginário, tão maravilhoso como esse documentário sobre um Fats Waller imaginário que viveu em Passaic, Nova Jersey.

A sim, o filme também é uma deliciosa comédia.

Não contente com isso, Michel Gondry levou essa espécie de 'metacine' até o paradoxismo na NET; explico: Be Kind Rewind, trata de dois caras que reinterpretam os filmes comerciais de forma amadora e alcançam um êxito sem precedentes, com todas as conseqüências negativas/positivas que algo assim poderia desencadear?

Então, circula no Utube um vídeo que o próprio Gondry nos faz crer que Be Kind Rewind foi apagado e a continuação ele reproduz com câmera na mão no estilo Def/Black. Cinema que versiona cinema que estava versionando cinema.

O melhor é que já circula pela internet milhares de versões be-kind-rewinderas de clássicos do cinema comercial... Michel Gondry acabará democratizando o ato criativo cinematográfico? Talvez, porém os gênios continuarão nascendo a conta-gotas.

Curiosa a raiva que senti ao ver como acusam Mos e Jack de plágio, sentimos que no fundo estão roubando eles, que cortaram as asas a dois sonhadores, algo parecido sentiria Gondry quando no mundo real proibiram ele de incluir ‘homenagens’ a vários filmes, por direitos autorais e essas besteiras da lei, destruindo assim várias possibilidades do filme.

Feito, que por certo, me parece absurdo, já que a conversação que os três protagonistas mantém na cafeteria sobre O Rei Leão animará muito mais pessoas a ver o dito filme que milhares de intentos por parte dos encarregados de marketing da própria Disney.

Nota 9

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Shine a Light


Um documentário que não é mais que um show bem filmado montado com algumas tomadas resgatadas do passado dos Stones, onde suas majestades deixaram claro que sempre quiseram ser bad boys.

Sem aprofundar nos integrantes da banda, Shine a Light imortaliza os temas do show de 2006 no Beacon Theatre de Nova Iorque, mas em nenhum momento trata de documentar a trajetória e personalidade de Jagger, Richards, Wood e Watts além do puro estereótipo.

As intervenções estelares de Cristina Aguilera e Jack White não é mais que a tentativa de modernizar a idosa banda e de levar o marketing mais além do imaginável.

Com Shine a Light, Scorcese assina mais uma obra menor de sua filmografia que sem duvida rendera mais dividendos que prestígio, igual aos Rollings que também produzem o filme.

Nota 5

Frontiére(s)



O filme começa e achamos que estamos diante de um filme de Noé. Violento e radical, a câmera não para quieta um minuto. Mas depois do começo espetacular, a coisa desanima e desanda cada vez mais, chegando ao final onde se meteu as mãos pelos pés totalmente.

Praticamente uma refilmagem de O Massacre da Serra Elétrica européia. Os atores gritam, gemem e choram demais, a interpretação deles se resume a isso.

Torture porn esta se tornando o que o J-Horror se tornou.

Uma mistura de O Massacre, Quadrilha de Sádicos e Chocolate com Pimenta (que diabos era aquilo, era o Kayki Brito, um travesti, uma criança ou um ser de outro planeta com cara de homem, roupas de camponesa e capaz de reproduzir),

Nota 2

Traidos pelo Destino (Reservation Road)


Curioso que o que prometia ser um dos grandes filmes do final de ano nos EUA, acabou se tornando um fracasso absoluto.

Reservation Road tem todos os ingredientes para ser um grande filme. Um diretor sólido e com potencial, que fez o magnífico Hotel Rwanda, quatro intérpretes principais de talento de sobra e uma história dramática que aprofunda no sentimento de culpa, vingança e perdão e o sentimento da perda de um filho. Temas extremamente profundos. Desgraçadamente a mistura de todos esses ingredientes a priori extraordinários ficou num resultado que não passa do correto. O potencial narrativo do diretor aqui não se vê em canto algum, parece um telefilme de luxo. A historia não se aprofunda nos temas ditos, se não que passa raspando por eles. Sim, é verdade que consegue vários momentos bastante emotivos, mas com a historia que é contada não é difícil.

Joaquim Phoenix continua sua linha de personagens atormentados, ainda que faz falta algo de intensidade, junto a ele o sempre bom Mark Rufallo. Mas aqui são as garotas do filme em papéis secundários que enche os olhos, especialmente Jennifer Connelly, que tem um dos melhores momentos da historia.

O filme deveria provocar um grande nó na garganta , deveria sacudir a consciência do espectador, mas fica na metade do caminho, tão correto quanto sonso.

Nota 6

segunda-feira, 31 de março de 2008

Freaks


Provavelmente a única obra prima do amante do grotesco e da mutilação Tod Browning que junto a Dracula com Bela Lugosi é seu filme mais conhecido.

Com somente 16 anos Browning fugiu de casa e se uniu a uma feira com fenômenos humanos cheio de deformações. A partir da experiência com eles, criou um dos dramas mais inquietantes e perturbador da historia do cinema. Nele, os ‘monstros’ não são frutos de maquiagem e de efeitos especiais, eles são autênticos. Em “Freaks”, o sentimento de pertencer a uma comunidade, minimiza o sofrimento da natureza deformada dessas pessoas, que se unem solidariamente quando um deles sofre uma agressão. O grande trunfo do diretor é não cair na condescendência fácil de converte-los em vitimas inocentes e tampouco em mostrar-los como monstros e sim como são como são, simplesmente humanos. Chama atenção a insegurança (exteriorizada através da maldade) dos personagens ‘normais’, inclusive sendo bem parecidos, enquanto os ‘anormais’, aceitando suas limitações se adaptaram a elas.

Rodada em um tom documental, que se nota nas seqüências que mostram a cenas da vida cotidiana dos ‘freaks’. Amante do ilusionismo, Browning nos deleita com alguns deliciosos truques de câmera que nos fazem sorrir ao percebermos o engano, mas, que encaixam perfeitamente com todo o ambiente do filme, pois nela, quase sempre as aparências enganam.

Frente ao seu tempo Browning nos deixou uma obra tão inesquecível como única, onde os monstros, não são quem pensamos.

É difícil crer que esse filme seja ma Metro, soberana dos estúdios cinematográficos dos anos de ouro, que com linha conservadora e amável dirigida para toda família, não era o veiculo adequado para dar brilho a uma ‘ave rara’ como “Freaks” (Mayer mandou, depois de sua estréia, retirar de todas as copias o logo da MGM).

Um conto cruel que deriva ate submergir ao horror.

Retrato de nossa sociedade atual.

Temos mais medos de ser corcunda ou de ter mal caráter?

Nota 10

quarta-feira, 12 de março de 2008

Jumper



A verdade é que quando falta idéias começa a ser preocupante e já não sabem o que inventar.

Nem mais nem menos, me tele-transporto de um lugar ao outro, estou em Cuiabá e sem mais nem menos estou no Cairo, que coisa.

O ruim é que o protagonista, assim como o outro jumper parece o Papa léguas, só falta dizer Bip!Bip!, se movem tão rápido como ele, mas a ave tem mais carisma.

São perseguidos por uma seita fanática, que estão contra eles porque somente Deus pode estar em todos lugares ao mesmo tempo. Que bobagem, já que todos sabemos que podem estar somente em um lugar cada vez, mas já que vai estar, por alguma coisa em que estar os malvados.

O pior, não é que o filme seja ruim, que os atores sejam ruins, o pior é que deixam tudo preparado pra uma segunda parte, meu Deus!, acho que pensaram que teriam algum êxito com isso.

Ao assistir o filme, me tele transportei a outro mundo, porque nesse momento era difícil suportar este.

Filme medíocre.

Nota 2

segunda-feira, 10 de março de 2008

O Nevoeiro (The Mist)


Aceitem, em The Mist não haverá nada além do que já vimos em centenas de filmes de alienígenas, monstros, etc..., isso não seria de todo ruim se o filme tivesse emoção.

The Mist provem de um conto de Stephen King que não oferecia nada de original: umas pessoas presas dentro de um supermercado com uma fanática religiosa, um estranho nevoeiro e muito, muitos bichos.

O filme dirigido por Frank Darabont é lento (em ocasiões chega a ser muito cansativo) e pelo menos lhe sobra 30 minutos. Quando começa a ação em nenhum momento emociona. Tem alguns efeitos especiais bons (como os insetos) e outros ruins (como nos tentáculos). Quanto os atores, tem de tudo, mas como é de supor que em um filme como esse (se supõe que seja terror) os atores não são o mais importante, o mais importante é a historia, os sustos e a emoção, que por desgraça nenhuma dessas coisas passam do aprovado.

O final é demolidor, diria que não acostuma ver algo assim em cine pipoca, mas não combina com o resto do filme.

Um filme B que tenta ser A, pena que Darabont não conseguiu dar o melhor de si como em Um Sonho de Liberdade e A Espera de um Milagre.

Nota 5

sábado, 8 de março de 2008

Paris, Texas


Absorvente obra prima de Wenders, com uma perfeita narração ao contar essa maravilhosa e fascinante historia. Desde o primeiro momento Wenders consegue fascinar o espectador mostrando um vagabundo com aspecto de louco caminhando sem rumo fixo em pleno deserto, acompanhando a imagem , a hipnótica e inesquecível musica de Ry Cooder.

Os personagens recitam seus diálogos com serenidade, acompanhando o tom melancólico da arrebatadora historia, onde um homem renuncia a sua família para preservar a felicidade e estabilidade deles.

Paris, Texas é uma obra prima graças a quinze minutos inesquecíveis, até a metade estamos diante de um filme normal, grande fotografia e excelente trilha sonora. Mas, no momento que Travis começa a viagem com o filho para encontrar sua mãe, o filme adquire um clima indescritível. Sabemos que a explicação a tudo que sucedeu anteriormente se aproxima, mas somos incapazes de imaginar a causa do comportamento de Travis e a resposta a tudo isso Wenders nos entrega em bandeja de prata num plano seqüência que demora sair de nossa cabeça.

Quinze minutos no peep-show rodados com esse plano seqüência e com uma câmera em off para os primeiros planos de Jane. Essa cena nos ensina as conseqüências do amor, um amor de verdade porem impossível ao mesmo tempo, um amor cuja única solução
é o abandono da mulher e filho.

Por favor, não percam esse filme.

Ao principio talvez não entusiasme, alguns cairão na tentação de parar de ver-la. Mas quando ver, terá vontade de ver-la de novo. Depois ficara um tempo estremecido pelo filme, mas sobre tudo por esses quinze minutos que já forma parte da historia do cinema e que faz de um filme normal um grande filme

Nota 9

10,000 AC


Emerich é um diretor cuja carreira pode considerar excessiva. Metade megalomaníaco, metade medíocre, todos seus filmes tem característica comuns: historias simples com efeitos especiais mirabolantes, cenas de ação e uma evidente falta de sentido comum. 10,000 AC segue a risca todas as regras com fidelidade religiosa. Não tem nenhum rigor histórico, nem explicações de porque os homens pré-históricos (os da tribo do protagonista) se relaciona com masais, egípcios pré-faraônicos e umas espécies de hunos. Que ninguém questione o porque de aparecer mamutes se já estavam extintos. O filme é apenas um relato emocionante de um cara que vai resgatar sua prometida de uns tipos malvados, muito malvados.

O problema principal dos vários é que precisamente não tem emoção, nem suspense, nem tensão. As poucas vezes que adquire algo de garra é graças a musica de Harold Kloser e Thomas Wankler, discípulos de Hans Zimmer. Por outra parte os efeitos visuais, impecáveis, falha na recriação do tigre e no final do filme é risível. Sério, tinha um tempo que não ria tanto.

Mas pra que me preocupar com tais coisas, já que o filme é do mesmo que dirigiu ID4 e Godzilla, um diretor que com seu cine pretende entretenimento a qualquer preço e consegue.

Apenas um passatempo. Diria que uma obra prima estilo Street Fighter.
Nota 3.5

quinta-feira, 6 de março de 2008

Seres Estranhos (Marebito)


Marebito não pode ser comparada com outras obras de Shimizu. Só o fato que seu protagonista seja Shinya Tsukamoto, diretor de “Tetsuo” e sua seqüência, já da pra pensar sobre a experiência que teremos.

Experiência e nunca melhor dita... porque durante os 96 minutos que nos unimos a Masuoka em sua loucura, nessa que tanto deseja sentir, em seu mórbido horror e a vontade de viver na própria carne. Isso leva a recorrer os subterrâneos do metro, ate chegar as montanhas da loucura, fazendo assim uma menção muito clara a obra de Lovecraft que leva o mesmo nome se não me engano. Ali ele encontra F, uma mulher que permanece nua e acorrentada que leva a sua casa para cuidar e tentar ensinar a socializar-se. Mas F somente consome sangue e acaba arrastando Masuoka a esse campo, convertendo-o em um assassino que deseja dar tudo para sua nova mascote.

Com esse argumento original, nos mostra uma historia estranha, sempre do ponto de vista de Masuoka e com o uso de câmeras que as vezes pode nos deixar tonto, mas é necessário para entrarmos na perspectiva do protagonista. De contra o argumento fica a sensação que foi desperdiçado num filme lento e as vezes repetitivo mas que merece ver ainda que seja para cada um ter as suas conclusões. Marebito é um quebra cabeça que cada um pode montar como quiser, deixando assim que cada um tire suas próprias conclusões de um filme bem aberto.

Para aqueles que tenham paciência e vontade de algo diferente e de pensar.

O melhor: sua originalidade e capacidade de mostrar a loucura de maneira diferente/.

O pior: sua repetição e lentidão.
Nota 4

segunda-feira, 3 de março de 2008

Encantada (Enchanted)


Primeiro, creio que os adultos se deleitaram muito mais com esses filme, devido as referencias.

Um resumo justo é dizer que é perfeitamente imperfeita, é previsível mas deliciosa e recomendada e mais importante, tem a magia que faz que assistamos o filme encantados. Não esta a altura de clássicos live action como Mary Poppins mas é superior a muitas besteiras da Disney nos últimos anos como Tarzan ou Lilo e Stich.

A animação dura pouco, passa voando e é super agradável e deixa com água na boca a espera de The Princess and the Frog (que terá a a primeira princesa negra de Disney).

Todos os atores estão ótimos, inclusive Dempsey que tem um papel menos atrativo, destacando claramente Amy Adams.

A canções são pegajosas.

Quem não gosta de Disney, passe longe, mas quem quer desfrutar de duas deliciosas horas de boas interpretações, bonita trilha sonora e sobre tudo o que chamam de ‘a magia Disney’ que não a perca, porque sua ternura e aposta pelos valores universais politicamente corretos nos aproxima a Disney se sempre.

Uma homenagem da Disney para si própria e para todos nós.

Nota 9

WAZ


Ainda que não tenha muito sentido, a historia poderia ter rendido algo mais (violência das ruas, policiais corruptos, assassinatos em série, elementos suficientes para criar um produto com alguma força. Mas aqui não é o caso. Não importa o tanto que tenta emular “Seven”, porque o diretor não consegue enganar ninguém (alias, alguns serão enganados). Tudo nesse filmes se resume a filme B. Diálogos e situações absurdas e um péssimo e preguiçoso ritmo narrativo.

Os atores estão destoados em conjunto, em nenhum momento ele parecem crer nas palavras que são muitas e desnecessárias que vão vomitando durante o filme. Em certo momento ate cheguei a pensar se eles na verdade pretendiam sabotar o malfadado projeto. Espero que a conta bancaria de Stellan Skarsgard tenha engordado consideravelmente (socorro Lars Vont Trier). Depois de rebaixar a esse nível, é o mínimo que pode acontecer.

O único que poderia salvar são as escassas porem intensas cenas de tortura sádica, o que é um prêmios para os fans de Saw. Mas ainda sim, esses dez minutos de excessivo sofrimento em nenhum caso justifica ter visto um filme de duas horas de duração que desanda em quase todas partes.

Mas WAZ tem uma qualidade que não deve passar despercebida: ela é digna de desaparecer de nossa memória depois de alguns minutos de seu fim

Nota 3