quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Sei Quem Me Matou (I Know Who Killed Me)


Fiquei quase sem palavras depois de ver esse filme feito por Chris Sivertson, o qual arrancaria os olhos e depois enviaria ao espaço em um foguete para que nunca mais faça esse tipo de coisa ou filme ou coisa.

Sei quem me aborrece, narra a historia de uma jovem (Lindsay Lohan) que é seqüestrada e torturada por um maníaco depressivo que precisa ver seios pelo menos uma vez em sua vida. Lohan foge do lugar e volta pra casa, mas perdeu a memória e diz ser outra pessoa, esse é o mote desse lixo que se sustenta num roteiro que tem uns 5 giros de argumentos no qual cada um é mais sem pé nem cabeça.

Tirando o roteiro resta uma merda onde brilha com luz própria à gostosa Lohan, sua atuação é uma bosta, mas seu físico é excelente e faz um strip-tease bacana. Roteiro, direção, fotografia são lixos, pontuados por intervalos absurdos e transições de imagem fundida com uma cor que em teoria daria um ar inteligente e metafórico a obra e que justifica no final no filme segundo o roteiro.



SPOILERS

Ok, isso é o filme. Tudo começa com a voz em off de Lohan, comentando que acredita ser outra pessoa e vê tudo de fora e outras merdas pretensiosas, marca de encontrar no cinema com o namorado e umas amigas, mas a raptam. Alguém lhe corta um braço, uma perna e os dedos, mas ela foge e aparece seu clone num acostamento. Sim, seu clone e não o cadáver.

O clone diz se chamar Dakota, mas seus pais a identificam com a podre Aubrey, mas ela diz que não é a Aubrey, mas claro que a sem memória fodona aqui tem uma visão no relógio cuco depois de transar selvagemente (sem uma perna e sem um braço) com seu suposto namorado onde se da conta que o pai de Aubrey (fala de si mesma em terceira pessoa) as separou no parto (ela e Dakota ou seria ela e Aubrey) ou algo assim. Não, realmente não tem sentido. Assim que da noite pro dia, Dakota chega à conclusão que tem uma gêmea e enfrenta seu pai, ele nega, mas Dakota é muito esperta e sabe voar (não, agora exagerei, mas era o que faltava) vai até o cemitério buscar o assassino de sua irmã. Não explicam onde diabos esta o felizardo. Ela esta ali e o pai também então ela faz a grande revelação EU SEI QUEM ME MATOU. O filme termina com Dakota virando Xena – a princesa guerreira e esfaqueando o malvado que não passa mais de cinco segundos na tela. Agora ela vai a um morro e começa a cavar encontrado o caixão onde esta sua irmã que esta viva, ela não a ajuda sair do caixão, apenas deita junto com ela enquanto a câmera se afasta e elas sorriem como todos os normais.

A explicação de como ela chegou ao lugar é fácil, os médicos implantaram uma mão biomecânica e uma perna que ela tem que recarregar como se fosse um celular. Sci-fi, terror, drama e comédia, sim esse é esse filme.


Nota 0

domingo, 20 de janeiro de 2008

“O Diário de Uma Babá” (The Nanny Diaries)


Cinco razões para assistir ‘O Diário de Uma Babá’
1. O filme é uma analise antropológica da classe alta americana, com a desculpa que a protagonista e narradora da historia acaba de ser formar em Antropologia. Ainda que suas reflexões não descubra a pólvora, são bem interessantes e centradas.

2. A forma que retrata a elite de NY é perfeita, mostrando que para muitos da no mesmo o que passa dentro da própria casa enquanto não atrapalha a suas reuniões regadas a champanhe. A luta de classes esta bem plantada no filme com certas ressalvas, como que todas as babás são latino americano ou asiático exceto a protagonista.

3. O elenco esta ótimo começando por Laura Linney, que sem cair no exagero sabe dar doses adequadas de temperamento a sua instável personagem (aprenda Diane Keaton). Scarllet Johansson como protagonista vale seu peso em ouro, igual que Alicia Keys, Paul Giamatti e Chris Evans como coadjuvantes, ainda que esse ultimo só esta no filme para ter algo de romantismo, que por sorte ele é tão lindo que não enjoa.

4. Não é um filme que fala somente da classe alta e seus caprichos. Também fala sobre a crise das pessoas de vinte e poucos anos que sai da universidade e não tem idéia do que fazer e sobre a pressão a que os pais submetem desde pequenos para seguir o que eles querem, muitos se identificaram.

5. O filme é gostoso de ver, apesar de sua previsibilidade e final light, embrulhado como um caramelo que desfrutamos enquanto o saboreamos e que nos deixa uma pequena, mas doce lembrança.

“O Diário de Uma Babá” é a mistura de Mary Poppins, O Diabo Veste Prada e Encontros e Desencontros.

Nota 7

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Juno







Pedagogia social que esta escassa e repressões à parte. Pedagogia da boa, de uma historia de adolescente divertidíssima e simplesmente genial, precisamente pelo segundo advérbio, já que a historia é contada com absoluta naturalidade. Uma historia diferente, na qual o engenhoso e a sabedoria reinam em todas as tomadas.

Fascinante comunicação emocional que sobressai o argumento, entre a filha protagonista, seu pai e a madrasta, razão básica do desenvolvimento avançado dessa adolescente ‘viking’.

Esse novo filme de Jason Reitman, que debutou no corrosivo “Obrigado Por Fumar”, nos surpreende por desprender ternura por todos os lados. Uma ternura sem meleiras, uma perigosa fronteira que nunca chegara a cruzar devido as justas doses de ironia de um inteligente senso de humor.

A interpretação de Ellen Page é magnífica, tecendo um papel que por si só já é excepcional. Difícil crer que uma garota de 16 anos alcance tamanho grau de sabedoria, ainda que talvez isso seja por sua gravidez prematura. De fato ela seria uma excelente mãe na mesma altura que a Jennifer Garner (que na cena do shopping faz a nossos corações se rasgarem e as lagrimas descerem pela sua interpretação perfeita).

Seja como for, o crescimento pessoal e obrigatório de Juno, lhe da uma visão muito clara de quem merece a pena e quem não.

Talvez Juno não se encaixe no que entendemos como um grande filme, mas sem duvida o é, sendo um filme redondo. O roteiro de Diablo Cody não pretende inventar a roda, mas se conforma (e não é pouco) em dar uma estimulante tapa nos melodramas e comedias adolescentes com suas gravidez não desejadas como ponto central da trama. O roteirista doge do obvio acudindo a ironia e a naturalidade (que aqui não é sinônimo de frivolidade) para contar a historia da protagonista e o faz com brilhantismo, inteligência, com um humor fresco e um cuidado especial na construção de personagens que nos mostra um especial carinho dotando-lhes de brilhantes diálogos e envolvendo ótimas situações, sem esquecer se abordar sentimentos e dilemas vitais.

Imperdível como as duas outras melhores comedias de 2007 (Superbad e Ligeiramente Grávidos) e nossa que trilha sonora de tirar o fôlego.


O melhor - como ser indie sem ser chato;

O pior - curto demais por ser tão bom.

ps. Adoro ser primo de superstar de Hollywood.


Nota 10

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Marie Antoinette


Em Versalhes venta muito e às vezes chove, por isso, entendo que o roteiro tenha voado pelas janelas do palácio e molhou perdendo algumas coisas imperdoáveis, mas não tem problema o filme é perfeito para assistir depois do almoço, o sono com suas musicas perfeitas se tornara divino.

Assustei-me ao principio, porque creia que Maria Antoinette era muda, já que demora mais de meia hora para ela falar, mas logo percebo que esse é um trunfo do ‘enorme talento da diretora’.

Algo que não se pode perdoar é a escolha de Kirsten Dunst para o papel principal; quem acreditaria que o rei não queria comer ela? Ate eu que não sou chegado à mulher e o mundo gostaria de fazer isso, talvez devesse colocar Helena Bohan Caarter, como a rainha, porque ai sim, somente Tim Burton pra enfrentar.

Mas retornando ao passado, papai Coppola apoiou a sua filha pra realizar um projeto, seu debut atrás das câmeras depois de tempos, assim a Coppolita rodou As Virgens Suicidas, que foi um filme lindo, então nossa diretora em questão decidiu ser mais radical, mais cool, mais moderna e divina que ninguém, assim decidiu romper esquemas e nos presentear com seu cine como algo alternativo e inovador. Assim, depois de revisar alguns filmes de um diretor húngaro que realiza planos seqüências de meia hora e coisa pelo estilo, ela decide fazer algo parecido, ai nasce “Encontro e Desencontros” e conseguiu que todos prestassem atenção mesmo que isso não queira dizer que entendam e conseguiu ser premiada com o Oscar pelo roteiro que foi escrito no guardanapo de um 7/11 da vida.

Sofia Coppola esta tão cool como Uwe Boll, mas sempre é bom ter cuidado.

Por favor, não me trate como um estúpido.

Nota 3

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domingo, 13 de janeiro de 2008

O Orfanato (El Orfanato)


Com um roteiro preciso sólido como poucos principalmente nesse gênero, alternando momentos de autentico pavor com outros tão ternos onde as lagrimas são inevitáveis.

A interpretação de Belen Rueda é surpreendente, acompanhada de uma trilha musical genial, ambientações inesquecíveis e coadjuvantes da altura de Geraldine Chaplin em um papel feito a medida e no qual esta a parte mais aterradora do filme.

Recomendado para aqueles que desfrutam sentir medo, em alguns momentos terror absoluto e para aqueles de coração mole (atenção aos últimos 20 minutos, magistral demonstração de como misturar gêneros tão diferentes e nos presentear com uma obra prima).

A angustia é eterna, chegando a momentos que desejamos que termine o filme logo para acabar com essa sensação. Nos momentos de sustos e muito bons sustos, nos pegam de bote e continuamos tremendo após ou em momentos de terror crescente como na participação de Chaplin.

Quando um filme é comparado com “Os Outros” e “O Labirinto do Fauno”
Sabe-se que vem coisa boa, mas aqui é muito mais passional e talvez mais calculado já que todas as peças se encaixam e tem um significado, com pitadas de horror, tensão, drama e mistério como se fosse feita por um alquimista.

“O Orfanato” é sublime e aterrador, como há tempos não se via no cine de horror. Sem duvida a principal influencia desse filme é também a excelente “The Changeling” e alguns outros clássicos do gênero, evidentemente não é ruim recorrer aos clássicos quando se faz algo tão bom. Um diretor sem talento não conseguiria manter o clima de tensão e suspense durante todo o filme e conseguir cenas inesquecíveis como a primeira aparição de Tomas, a parte da médium e a brincadeira de esconder.

O cine de horror do momento é extremamente ruim, não se leva a serio e é dirigido a um publico adolescente ou adulto sem muita exigência ou apenas fazem remakes de filmes clássicos e os destroçam, já não encontramos filme e como o já citado “The Changeling”, “O Exorcista”, “A Profecia” e é ótimo que recorram a ela e as adaptem com talento aos tempos atuais.

Perfeita mistura de horror com contos de fada, que se transforma numa fabula inesquecível.


SPOILERS

Angustiante quando Julia descobre que seu filho desaparecido já estava morto desde o primeiro dia quando ela involuntariamente o deixa preso no sótão (a casinha de Tomas) e suicida juntando-se a ele e as outras crianças, transformando-se na clássica historia de Peter Pan.
Sobra uma cena, o tumulo no final com o marido, desnecessária.


Nota 9,5

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O Caçador de Pipas (The Kite Runner)


Bonito filme, adaptação equivocada.

Tecnicamente esbanja beleza, filmado na Índia desola corações com suas paisagens áridas porem belas, tocando sensivelmente nossas almas pela cinematografia e trilha sonora, apenas isso, já que as emoções que o livro nos proporciona foram esquecidas pra transformar o filme em algo redondinho como uma skol.

SPOILERS

Mas onde esta o lábio leporino de Hassan? O filme começa depois da cirurgia do pobre garoto hazara, tirando o primeiro encanto que o livro proporciona; na primeira parte mais impactante do livro quando Baba e Amir fogem do Afeganistão ao Paquistão, a cena que o soldado russo pede pra passar meia hora com a mulher afegã para deixar-los passar esta totalmente sem impacto que esta no livro e que abre a sucessão de desgraças que estão por vir. Mas onde estão as desgraças no filme?

Quando entra no caminhão tanque, Amir liga a luz do relógio digital e já corta pros EUA, evitando passar os sofrimento que eles passaram dentro do caminhão tanque cheirando a gasolina, urina e vômito, a cena da morte do garoto e o suicídio do pai também não esta lá.

A vida nos EUA passa rapidamente ao contrario dos ricos e imperdíveis detalhes que estão no livro, Baba morre devido ao câncer, mas apenas o mostra envelhecido e não como o descreve o autor.

Pulando pro retorno de Amim a Cabul, onde o livro se transforma num rio de lagrimas e onde o filme não transmite nada, Rahin Khan que no livro é descrito ao abrir a porta como um montoado de pele num esqueleto, aqui esta apenas mais velho;
A descoberta do parentesco de Amir e Hassan é banal, assim como também não passou a ida de Amim a casa de Farid onde suas crianças o olham, fazendo que Amim os presenteie com o relógio, mas na verdade era a fome que imperava.

O enforcado e o homem vendendo sua perna passam de relance correndo o risco de perder numa pestanada.

o orfanato o papel se inverte onde era Farid que quase matava o diretor por vender as crianças aqui é apenas Amir que se altera, mas apenas falando alto.

A cena do apedrejamento no estádio é boba, sem impacto algum.

O reencontro com Asef é bobo, Sohrab não aparece maquiado e nem com roupas que lembrem uma bailarina de dança do ventre e sim com roupas normais e apenas os sinos nos pés, remetendo a um macaco de realejo. Asef não tem seus cachos loiros e tampouco seus olhos azuis, também não diz aos guardas que Amir pode levar o garoto se ele vencer a briga entre os dois e pede para deixá-los sozinhos, no filme ele já parte pra briga e depois mandam os soldados matarem os dois, quando eles fogem (algo que não esta no livro). A briga entre Asef e Amir somente lhe rende algumas escoriações e não um talho nos lábios que lembram os lábios leporinos de Hassan, que seria um castigo por ter mentido todo o tempo, tampouco lhe faltam dentes e lhe quebra as costelas, o hospital não é mencionado e nem seus ferros no rosto para reparar os danos
causados pela dilaceração dos ossos da face. Depois da briga ele já aparece no hotel arrumando-se para voltar para os EUA, não passando o suicídio de Sohrab e evitando os assuntos de imigração totalmente, resumindo, depois da surra eles passam no hotel e vão embora pros EUA.

Também não passam os dias de silencio de Sohrab e os de amarguras de Amir e sua família, passando pro final no parque com Amir empinando a pipa e gritando “Por você, faria isso mil vezes!”.


FIM DOS SPOILERS

Sim, existe uma maneira de ser bom novamente, mas não foi dessa vez.


Nota 5

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

[REC]



Para mim, os melhores filmes de zumbi são 28 Weeks Later, Dawn of Dead (2006) e [Rec].

[Rec] é um filme estilo The Blair Witch Project, quanto à câmera. É original e manterá a tensão o tempo todo.

O filme é um falso documentário sobre um programa de TV que pretende fazer uma reportagem sobre o corpo de bombeiros durante a noite, “Enquanto você dorme”. O começo bobo durante o corpo de bombeiros tenta parecer que tudo seria real. A partir daí, chupa essa manga!

A sorte que Balagueró tem é de dar susto, vi Darkness que é uma bosta, mas entra no rol do horror pela cena que a entidade esta grudada no teto quando as pessoas tentam fugir da casa e pelo final perfeito.

Mas o que tem de melhor é que, sendo um filme barato, se torna brilhante pela intensidade que torna as produções recentes complexadas.

Motivos bons:
1. Os atores em cena estão apaixonantes. Ainda que pareça simples, o uso do plano subjetivo com câmera de TV deve ter sido um inferno pros diretores, ainda mais quando tem que justificar o uso quando perseguem os zumbis.

2. Os personagens, desde os chineses até a maricona, são estupendamente descritos com pequenas palavras e cenas. O fato de usar atores completamente desconhecidos faz crer um pouco mais. Os bombeiros parecem bombeiros de verdade e que dizer dos avozinhos (fofos) e falando nisso, não me lembro onde foram parar eles (rs), tenho que rever o filme. Mas o que mais gosto é a ironia que persevera entre os condôminos.

3. Objetivo conseguido, a critica do lixo que é a TV atual (pessoas sofrendo).

4. O final é precipitado e justificado, não tem necessidade de atar fios soltos com uma explicação ou um giro de argumento de ultima hora, aqui temos pistas que nem mesmo os protagonistas sabem decifrar.

5. 15 minutos, o espectador tem decepção e fica impaciente. 25 minutos, começa a ficar nervoso; 35 minutos, o coração esta na boca; 50 m, o pesadelo continua e cada vez piora; nos últimos 5 minutos, acha que tudo terminara bem, minutos de angustia total...

PABLO, SIGUE GRAVANDO PORRA..................................


SPOILERS

A cena da suposta menina possuída fora do porão entra pros anais do cine de horror.

Nota 8

Chakushin ari - One missed call - Chamada Perdida


Miike volta a ficar do lado do espectador e rir do mundo com seu estilo tão característico. É sumamente obvio que se trata de uma homenagem/parodia de outras do gênero, especialmente ‘The Ring” e “Ju-On”. Minha teoria: depois de fazer mais de 30 filmes, Miike decidiu copiar os que os ocidentais mais gostam vindo de lá. O argumento é totalmente chupado de “The Ring”, os sustos e criança de braço torcido vêm de “Ju-On” e outras coisas mais que não tenho tempo de comentar.

No entanto, não perde o rumo totalmente e Miike nos oferece momentos de tensão magníficos, detalhes originais e um final com sua assinatura, mas sem duvida é o mais fraco de Miike.

Pontos fortes: a morte ao vivo e os minutos tenebrosos dentro do hospital.

Nota 6

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

O Crepusculo dos Deuses (Sunset Boulevard)


Um filme desolador, cruel, em que o humor sempre presente na obra deste autor esta descartado e, quando aparece, o faz acompanhado de amargor. Ficção e realidade se mesclam pra nos dar a historia de uma antiga estrela do cinema mudo, reclusa em sua anacrônica mansão e esquecida pelo publico fiel que a idolatrou.
Nessa mansão chega um roteirista perseguido pelos seus cobradores que começara a estabelecer uma relação vampiresca (será primeiro o roteirista de “Salomé”, o ‘comeback’ que a diva quer retornar; mas acaba se tornando um gigolô em uma cidade que os sonhos se movem por dinheiro). Este argumento servira para Wilder e Brackett, fazer o melhor do cinema, revisando com luxo de detalhes e sem poupar as crueldades da natureza dessa industria dos sonhos, que faz seus protagonistas viverem numa demanda perpetua de carne fresca, autentico pesadelo.

Como não poderia ser de outra forma nos filmes do mestre, os diálogos são sublimes, que ficam gravados na memória (EU SOU GRANDE, O CINEMA QUE SE FEZ PEQUENO; NÃO A NADA TRAGICO EM TER 50 ANOS A NÃO SER QUE TENTE TER 25; SR. DE MILLE, QUANDO QUISER ESTOU PRONTA!); mas aqui, cuida muito da imagem, sempre, mas secundaria para o autor como ele. A seqüência da piscina, a da filmagem de “Sansão e Dalila” com esse foco que a ilumina, a seqüência final da descida nas escadas é uma prova que este filme de Wilder cuidou tanto das imagens, talvez por chegar tão perto das esplendidas estrelas do cinema mudo (figuras de cera) que perfeitamente retratou.

O trio protagonista esta em estado de graça. Começando pela extraordinária Swanson que dotada de gestos exagerados nos mostra a loucura que sucumbira (maravilhosa seqüência na que imita Chaplin, o primeiro plano final, com esse olhar que congela o sangue). Meu admirado Erich V. Stroheim, como o criado e antigo diretor, numa atuação contida, sóbria, mas profundamente humana. Para terminar o triângulo Holden, que transborda perfeição em sua figura cínica que não se redimira as historias de ilusões e amor que sustenta Betty Shaefer.

Esse filme tirou a aureola mítica do mundo de glamour e perfeito que se exibia nas telas. Doeu aos representantes de Hollywood porque certamente representava seu mundo, o das estrelas acabadas, a tirania da beleza e os grandes estúdios. Custa-me crer que De Mille aceitaria participar num projeto cruel poderia repercutir em sua carreira, já que representava o espírito do filme: Hollywood é um engano.

Wilder alem de ser um excelente diretor era um cinéfilo como poucos. Isso se ver em todas suas obras, mas particularmente em esse filme, que é um compendio de homenagens, ainda que reprimidas, ao mundo onde vivia Hollywood, que tão logo se cria uma estrela como também a converte em monstro.

Definitivamente, Wilder orquestrou uma doce vingança contra todos os produtores e cineastas que tinha raiva, por considerar artistas aqueles que davam mares de dinheiro aos estúdios, quando não tinham idéia nenhuma da merda que era o cinema.


Resumindo, “O Crepúsculo dos Deuses” é de uma genialidade sem igual de um mestre único que sim soube fazer um grandioso cinema.
Em minha humilde opinião, O MELHOR FILME JÁ FEITO.



Nota 10000000000000000000000000000000000000000000000000000

XXY


“XXY” não é um filme que dedica a explorar o lado mórbido e sensacionalista da inter-sexualidade. O hermafroditismo da jovem protagonista é o pivô de reflexões sobre algo que esta muito além e mais profundo: a liberdade de escolha.

Não é recomendado para os que buscam um melodrama tipo “O Filho da Noiva” ou que assistam somente pelo carisma de Darín, muito menos aos que queiram um final perfeito, já que o filme deixa interrogações e desnuda preconceitos à flor da pele, provocando sentimentos cruzados.

Basicamente é um relato sobre a iniciação adolescente, o descobrimento do corpo, a exploração caótica da sexualidade e fundamentalmente, a busca da própria identidade.

O filme tem o mérito te colocar em cena sem pudor, esquivando da simplicidade e ainda que a historia deixa seus protagonistas principais no inicio do caminho (antes fechado e agora aberto), reina a incerteza e deixa muitos cabos soltos.

Mais alem do final aberto que propõe, deixa sempre uma sensação de nobre sutileza e consegue impor a credibilidade necessária ao filme, apoiando-se numa fotografia e uma trilha sonora adequada.

Com poucas palavras e gestos medidos, a atuação dos jovens se impõe; Darín faz o correto e o resto dos atores não faz por menos.

RAZÕES PARA VER-LA

-Seus ambientes cinzas, azulados, esverdeados e escuros; paisagens impossíveis de esquecer. Uruguai no seu estado mais puro.

-Valeria Betuccelli, que espero, siga o caminho de Julieta Cardinali, China Zorrilla ou Norma Aleandro.

-A direção de atores de Lucia Puenzo é extraordinária.


Nota 8

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Antes de Partir (The Bucket List)


Neste filme Rob Reiner, tenta juntar o drama e a comédia contando os últimos meses de dois doentes terminais. Do começo ao final cai muito mais no drama, ainda que o final seja um pouco amável, não se enganem o que sucede ate ali é um compêndio de reflexões existenciais cruas, incomodas tudo ao estilo de Hollywood, claro, que unida a um toque de comedia sem sal, neutra e tão cheia de moral, temos um filme bacana.

Parece que se trata da vontade de dois amigos fazerem um filme juntos, Nicholson e Freeman, consegue segurar o roteiro cafona. Os protagonistas são um prato cheio pra bilheteria, num filme que de começo ate pode parecer original e chame a atenção, mas é vazia, previsível e desconexa, querem mostrar tudo e não mostram nada.

A parte é uma ode ao turismo global.

Nota 6

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Desejo e Reparação (Atonement)



Tenho medo de adaptações de livros para o cinema, mas quando li o nome do diretor... Suspirei com tranqüilidade, ‘não me decepcionarei’, pensei e aconteceu. Com uma taça de café recém passado me acomodei para assistir essa obra prima.

Fiel ao seu estilo, seguindo o ditado ‘uma imagem vale mais que mil palavras’ é capaz de mostrar o estado de ânimo de cada personagem, sentimentos, etc... Simplesmente enfocando o ator e observando uns segundos te transmite tudo àquilo que num livro ocupa três pagina cheias de deliciosos detalhes.

A parte do finíssimo e intocável estilo de Wright quero destacar três coisas:
1. Seamus McGreavy, diretor de fotografia, que depois de ver seu trabalho em “As Horas”, não podemos esperar algo menor.
2. O elenco; Keira, esta perfeita, porque enfrentou um papel que requer um profissionalismo que demonstrou ter; James, só me vem uma palavra à mente, PERFEITO... Assim é como defino sua atuação, plasmando seu personagem assustadoramente bem; e entre as três Brionys, fico com a primeira.
3. Marianelli, como poderia esquecer do maestro. É curioso que na primeira faixa da OST e do filme, mediante o som das teclas de uma maquina de escrever, nos mostra o estado eufórico de criação em que se encontra Briony. Outra faixa memorável é “Elegy for Dunkirk”, neste caso tem que ver a cena para saber por que tem que destacar tanto a melodia quanto a cena em si.

Um desses filmes que temos que ver por varias vezes para poder desfrutar cada detalhe. A fotografia preciosa, cada detalhe, cada vestido, a decoração, o jardim, as zonas devastadas pela guerra. A maquiagem que é capar de ir marcando épocas na vida dos personagens e não me refiro a idade e sim as mudanças fundamentais para a historia como o inicio de Robbie, cheio de esperanças, sua queda ao fundo do poço, os efeitos da guerra, a dor, quando se recupera as forças.

O roteiro é uma adaptação certeira, não perde os momentos que faz do livro um clássico e da vida as palavras de uma maneira única.

Oscar na certa.

Nota 10