domingo, 30 de dezembro de 2007

Onde os Fracos não têm Vez (No Country For Old Men)



No Country For Old Men é um feliz retorno dos irmãos Coen as raízes; cheio de violência seca com personagens perturbadores encarnados por atores brilhantes, todos eles em estado de graça num filme perfeito, cheio de força, com excelentes diálogos, perfeito em todos os aspectos técnicos e um roteiro brilhantemente bem construído que nos brinda com maestria o regresso dos irmãos Coen.

O roteiro absolutamente redondo, sem buracos, tudo se encaixa num perfeito quebra-cabeças, de maneira sóbria e sofisticada em que, a partir de um fato desencadeia um espiral de violência que vai crescendo em progressão geométrica e que ninguém pode para, nem mesmo a policia.

No Country For Old Men é daqueles filmes que se faz de tempos em tempos e por isso devemos desfrutar durante muito, muito tempo e não tem outra maneira devido ao panorama atual do cine mundial.

Uma pena que por sua condição ‘indie’ No Country For Old Men, não vai atingir a todos.


Nota 10

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Trem da Vida - Train de Vie


Nunca gostei de “A Vida é Bela, morava no exterior quando lançaram esse filme e ele disputou com “Central do Brasil” que assisti sobre lagrimas, ainda mais quando soube que Benigni roubou a idéia de Mihaileanu, já que este enviou o roteiro pra ver se lhe interessava.

“Trem da Vida” é um drama visto com uma mirada irônica e inclusive surrealista, onde algo inconcebível se transforma no real, uns personagens que temos carinho e uma historia impossível em época de horrores, onde o humor abre o caminho, ri e chorei nesse filme onde se faz pensar nas ilusões que muitas pessoas vivem ou viveram para serem livres.

Vitalidade, humor, musica e penúrias, igual a Kusturica. Similar , diria eu, mas pelo menos as piadas aqui são engraçadas e as situações imprevisíveis e engenhosas. A carga critica e a acidez são importantes. Se questiona o judaísmo, a violência e a condição humana... sempre com humor.

Belo filme.



Nota 8

Eu sou A Lenda - I Am Legend


Terceira adaptação cinematográfica do livro escrito em 1956 Por Richard Matherson e a melhor feita até o momento de maneira livre baseada no excelente livro mencionado.
O filme pega a premissa da adaptação protagonizada por Charlton Heston nos anos 70, mas devidamente atualizada e melhorada no argumento e Will Smith é a cara desse tipo de filme.

O livro é estrondoso e dramático em partes iguais, mas com possibilidades de poder levar a tela com diversas modificações.

Assisti “The Omega Man” com Heston e me chegou à boca um sabor agridoce, uma boa idéia jogada fora num roteiro pobre. Mas a obra não esta toda ali e sim alguns personagens e a trama de ser o único sobrevivente.

Chegamos a 2007 e noto que a versão nova supera a original (não era tão difícil) e leva a cabo a adaptação com orgulho, ritmo e imaginação. Dou graças a Deus que não foi dirigido por Ridley Scott e nem protagonizado por Nicolas Cage... E se fora pouco, tem um final bem sugestivo (sabia que não ia me impactar tanto como o fim do livro).

Peca nos efeitos digitais, deveriam ser artesanais, teriam mais impacto.
Ótima diversão.


Nota 6,5

domingo, 16 de dezembro de 2007

The Brave One - Valente


Os espectadores acostumados a assistir filmes fáceis, nos quais os bons são muito bons e os maus são extremamente malvados ou filme simples e apto para os encefalogramas planos de uma elevada porcentagem da audiência surpreende encontrar um filme como esse, que se arrisca e treme na fina linha que mostra essa parte de nos mesmos que temos medo de aceitar e inclusive mostrar.

O melhor de “The Brave one” é o risco do roteiro, assim como a prodigiosa capacidade de prender o espectador numa teia emocional com o único fim de conduzi-lo a um clímax final perfeito medido e estudado e ‘valente’ resolução.

A estupenda atuação de Foster consegue transmitir a lenta e profunda mutação sofrida por uma mulher submetida à poderosa ameaça do medo irracional e como isso se deterioração vai despedaçando os valores morais e transformando o individuo em algo mais perto que um animal irracional que um ser humano. Essa progressiva destruição acompanha uma carga emocional projetada através da visão do policial, que assiste sem conhecer as causas reais, mas entrando de forma evidente na questão e sem duvidar nenhum momento em oferecer apoio a protagonista.

Jordan dirige o filme com mâo de ferro e sem fissuras que faz que o espectador participe do surpreendente prazer que proporciona a vingança. Um prazer imoral, mas absolutamente inevitável frente um processo tão evidente de deterioração emocional. O arriscado do filme é manter essa mão de ferro ate o delicioso final, onde, num equilíbrio no fio da navalha entre o justo e o injusto, a moral e o imoral, o obvio e o surpreendente, o espectador descobre um pavor que é o dilema de ser moral o tempo todo e se converter em alguém puramente emocional.

O filme não justifica nada, essa seria uma visão simplista do assunto. O incorreto segue evidente diante os nossos olhos. O pavoroso é quanto à fragilidade desmorona nossa humanidade diante de situações limites. Devemos crer no sistema e na justiça se queremos viver em sociedade, mas, em nosso interior, o direito natural a vingança (que nos é proibido por mostrar nossa necessidade de convivência e nossa consciência de seres civilizados) sempre a espreita. Porque ainda que nosso intelecto e nossa ética nos impulsionem (ou ao menos deveria nos impulsionar sempre) a fazer o correto (fato louvável que nos converte em animais racionais), como seres humanos, nossa parte irracional segue ali, no mais profundo... E às vezes sai, e não sabe da moral, nem da justiça, nem da paciência e é incontrolável.

Totalmente incontrolável.


Obs: alguém tem um revolver pra vender...

Nota: 8

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

30 Days of Night - 30 Dias de Noite


David Slade faz um filme regular que consegue roçar o suspense extremo.

Lacunas no roteiro e muita ausência de racionalidade, isso sem falar dos efeitos e alguns detalhes minimalistas que somente os fãs irão gostar, mas no seu conjunto foi um filme que no seu desenho e expectativa me decepcionou, não totalmente porque desde sempre assistindo o trailer, não esperava muito, mas devido à obra espera mais. O final pseudo poético esta distante de ter qualquer originalidade, algo que já se viu em “Entrevista com o vampiro” e que não mostra nada de novo aos filmes da índole, mas talvez o pior seja sua pretensão de ser o que não é.

A falta de definição (às vezes precisamos de excessos de explicações), a sua exagerada confiança na boa fé do espectador para entrar no jogo sem esforçar tudo que poderia.

No resumo, ’30 dias de noite’ é um filme de gênero contundente, claustrofóbico, que 60% de suas possibilidades realizadas pelo menos por alguém que sabe criar atmosferas doentes e horrorosamente apaixonantes.

SPOILERS

Vampiros malvados e com dentes e olhos negros aproveitam os 30 dias correspondentes de escuridão de um povoado no Alasca para dar sua festinha de carne e sangue.

O vampiro chefe tem cara de vendedor de seguros de cabelos brancos que em vez de gel usa sangue e uns vampiros bobos, como um gordo que da vontade de rir ou uma garota que o rosto me lembra um leão marinho com Geena Davis em Beetlejuice quando deforma seu rosto. Um filme peculiar onde o herói Josh faz tantos sacrifícios que da vontade de aplaudir o criador da HQ e o diretor, também tem um cara que desaparece uma hora e meia do filme e volta aparecer e você fica pensando... Que é esse filho da puta? Um dos personagens mais carismáticos do filme morre e faz muita falta.

O filme começa no dia 7 e acaba nos 30, mas em três passos.
Queria que minha barba crescesse pouco como a do Josh em 30 dias, talvez seja que a barba cresça somente de dia.



Nota 6