quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Espelho (Into the Mirror)


Começa bem, com uma cena bem sucedida num lavabo, mas acaba sendo mais uma historia oriental de fantasmas vingativos, mundos paralelos e conflitos psicológicos. Embora isso deixa com incógnitas, mas se origina no roteiro confuso e da trama meia frouxa e longa. Terror (mais suspense) psicológico com moças de cabelos longos que não descansarão ate saciar sua sede de vingança, isso não é o pior, mas também não é virtude.

O principal erro que alguém pode cometer é assistir “Into the Mirror” pensando ser um filme de horror. O filme do debutante Kim Seong-ho, contem seqüências que poderiam ser tiradas de qualquer trabalho feito para provocar tensão, alem de parecer muito aos filmes atuais que recorrem da sonoplastia para provocar sustos e tensão, mergulha o espectador em uma historia que fala sobre cicatrizes do passado, cujas raízes reaparecem constantemente, deixando o protagonista atolado num lamaçal de frustrações e de desespero, tentando superar todo esse leque de emoções que lhe sucedem.

Como de costume, isso se desenvolve com calma e sobriedade típicos dos filmes orientais, oferecendo uma historia com algumas seqüências legais com uma fotografia e trilha sonora respeitável.

No ponto de intriga e com um ponto a favor, poderíamos dizer que se desenvolve com manhã até o final, deixando o espectador ligado à tela. Uma pena, porém, que, para não ser discordante com outros produtos deste tipo fica muitas pontas soltas.

Talvez ele amarre essas pontas no ótimo final.

Uma boa interpretação do protagonista e alguns momentos no longuíssimo caminho que deixa um bom gosto na boca.

Nota 6

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

No Limite (Walk on Water)


Não há duvidas que essa história se destaque pelo seu tratamento e a forma como lida com o ressentimento, desconfiança e desejo de vingança do povo judeu, contra aqueles que transgrediram sua dignidade e seus direitos humanos, bem como as idéias erradas sobre uma raça superior e perfeita aqueles que possam consideram até hoje alguns de seus opositores. Pensamentos vigentes em alguns lugares que impedem uma vida melhor. A discriminação, a desigualdade e a insegurança são apenas algumas conseqüências dessas ideologias vigentes.

“Walk on Water”, é um belo exemplo da coexistência entre o Judeu (obcecado) e o Alemão (envergonhado), onde cada um aprende com o outro, o seu modo de vida, para entender o passado, para manter vivo ou tentar resgatar-lo.

Sem cair em exageros e abusos das situações de discriminação ao longo de todo o filme, fazendo um trabalho minucioso e destacado de outros proeminentes do mesmo tema. Trata de que os povos não se devem culpar pelas ações de alguns e que os erros do passado não interfiram na possibilidade de conhecer novas convicções.

Um filme de esperança, sonho ou ironia, um filme cheio de respeito.

Parabéns Eytan Fox

Nota 9

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Ressaca de Amor (Forgetting Sarah Marshall)


Que a comédia americana esta completamente esgotada é algo que todos sabem, há muito tempo, embora a sua produção não para por isso. No entanto, a contínua repetição de clichês e estereótipos tem levado os espectadores ao limite da saturação. Por isso, muitos espectadores e críticos estão começando a decantar para outras produções longe do ‘mainstream’. Um deles é Judd Apatow, cujo estilo, na realidade não podia ser considerado estritamente como inovador, já que circula praticamente nos mesmo caminhos.

No entanto, seu estilo, longe do glamour das grandes superproduções, com certo toque de realismo e a ausência de grandes estrelas torna tudo mais próximo ao espectador. O fato de manter praticamente a mesma equipe, tem favorecido a transmissão de boas vibes em seus filmes. Nessa ocasião Apatow se conforma em ficar na produção deixando Nicholas Stoller na direção e Jason Segel no roteiro e interpretação.

O filme mostra de uma forma plana o fim de um namoro entre uma estrela de televisão (Kristen Bell) e Peter (Segel), que para superar a ruptura escolhe (sem saber) ir ao mesmo lugar que sua antiga namorada (que agora esta com um novo namorado): Havaí. Tudo se torna um longo catalogo de reuniões, mais ou menos fortuitas, justamente com a pessoa que não quer ver, dando origem a varias situações ao decorrer do filme, especialmente para ele. Na verdade, a situação que Apatow nos apresenta não é nada nova, mas o roteiro nos leva a identificar em maior ou menor grau com Peter, enquanto o publico feminino, fazem o mesmo com o caráter de Sarah, concentrando-se ambos os lados envolvidos no fim do namoro, ainda que às vezes exagerem no humor negro com referencias sexuais.

Por outro lado, o filme beneficia da presença de alguns membros do clã Apatow, como o personagem de Paul Rudd ou o recém-casado, cujas histórias são complementos perfeitos para a trama principal e contribuem para a consolidação deste universo peculiar perfeitamente reconhecível em todos seus filmes (até agora). A melhor coisa sobre o filme é a sua vocação de ser uma mera diversão, sem querer ir muito mais longe que passar bons momentos, nem eles se levam a sério e isso é o que transmite no final.

Nota 7

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Felon


Um intenso e emotivo filme que combina o suspense carcerário com cotas de drama sensibilizador derivado das terríveis conseqüências que acarreta quando se é um prisioneiro.

Em especial. “Felon” centraliza em criticar a frieza e a burocracia das leis, também não deixa de lado o clichê dos guardas carcerários corruptos que aprontam das suas e tentam deixar claro que a prisão não cumpre com seu objetivo de reabilitar sua população para sua reintegração na sociedade.

Mas, alem de seu fundo ideológico, tem um feroz e emocionante suspense sobre os códigos intra-prisional, sobre o modo como o direito penal fica retido na entrada da penitenciária para dar lugar à instintiva lei do ‘olho por olho, dente por dente’, que é a base padrão para a sobrevivência.
Onde, para sobreviver tem que saber estrategicamente com quem se unir e com quem manter distância, aonde o contexto belicoso vai moldando negativamente o comportamento do indivíduo que tenha entrado no serviço penitenciário promovendo uma transformação radical.

Surpreendi-me com as interpretações do duo, não tanto por Val Kilmer que sempre mostra seu talento, mas sim, por Stephen Dorff que aqui convence com um personagem cheio de vigor.

É um divertido e emocionante suspense carcerário carregado de altas doses de violência, com uma densa e perturbadora atmosfera cheia de miséria.

Infelizmente em certas partes o filme perde a sobriedade e realismo por alguns deslizes no roteiro, que o torna um pouco previsível e não muito credível pelo senso comum.
Também acho que medo do diretor se arriscar afastando um pouco os convencionalismo e jogar com uma alternativa mais incisiva e menos sensível.

Nota 7