terça-feira, 28 de abril de 2009

Camino


Um drama mágico, construído a partir da trágica e real historia de uma menina membro da Opus Dei que faleceu de câncer aos 11 anos de idade e que atualmente se encontra em processo de beatificação.

Um dos mais belos filmes que vi nos últimos anos, a aspereza e a dureza choca com as coisas boas que a vida nos oferece. É admirável a atitude de Camino frente a sua doença e seu sofrimento, mas mais surpreendente é o fanatismo de sua mãe e dos membros da Opus Dei.
O poderoso jogo de imagem deslumbra o espectador e não faz cansar em nenhum momento dos seus 143 minutos. É difícil definir um filme, mas diria que é um canto a vida, uma reflexão sobre a vida e a morte, que utiliza o fanatismo religioso da sociedade. Toda essa idéia foi plasmada com perfeição por Javier Fesser que nos surpreende com essa obra prima. A equipe técnica faz um trabalho excepcional, com efeitos especiais perfeitos unidos a uma montagem notável. A fotografia ilumina a vida e escurece a morte, a trilha sonora sobressai, cria um coro celestial que se relaciona com os personagens e intercede em suas vidas. O roteiro suporta a carga emocional dessa historia cheia de luz, mas às vezes de sombras, é muito contraditória.

Vale destacar que o filme dirige seus ataques diretamente a Opus Dei e não contra a igreja católica em geral. Contra sua maneira de ver as coisas, sempre colocando culpas nos seus adeptos somente pelo fato de existir e levando a um fanatismo religioso extremo dificilmente compreensível inclusive pra os crentes que estão de fora.

Sublime, maravilhosa, triste, dura e de uma beleza tremenda. Talvez esteja exagerando, talvez não entenda de cinema, mas entendo dos sentimentos que foram produzidos ao ver-la.



"¿Quieres que rece para que tú también te mueras?"/span>


Nota 10

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Anjos da Noite 3 - A Rebelião (Underworld 3 - Rise of Lycans)


Vou enumerar os motivos pelos quais consideramos seriamente a opção de entrar numa sala de cinema para assistir um filme e gastar o tempo quando poderíamos desfrutar de outras opções:

-porque desfrutamos de uma tarde divertida, conseguindo por uns instantes esquecer o nosso cotidiano.

-porque consegue que as imagens nos comovam, saindo dessa forma com tranqüilidade da sala.

-porque serve de lição em certos aspectos da vida, conseguindo nos ensinar sobre as questões que ate o momento se mostrava como pouco explorada.

-porque consegue que reflexões sobre tudo daqueles lugares que se configuram em nossa psique nos fazem finalmente humanos.

-porque nos informa sobre acontecimentos recentes ou distantes que afligem o ser humano desde que o mesmo seja merecedor dessa nomenclatura.

-porque conseguem observar a realidade sobre o que nos rodeia desde outra visão, outro ponto de vista, dando um significado distinto a algumas interessadas opiniões predeterminadas pelas mais altas instâncias.

-porque consegue que seus sentimentos se mostrem de uma maneira que somente a arte pode enaltecer, fazendo que se sinta bem, reconfortado.

-porque se priva de uma massa acrítica sobre o que realmente tem importância nessa vida, transitando pela mesma com uma cegueira crônica.

-porque te ensina coisas que há muito tempo deveria ter aprendido.

-porque fala e disserta sobre tudo aquilo que na verdade tem importância nessa vida. Como a amizade, o amor, a inveja, o egoísmo, tudo isso levantado a partir de uma honestidade e credibilidade, sem que haja uma deturpação.

-porque consegue despertar todos os neurônios que ainda permanecem à espera de um estimulo suficientemente poderoso.

-porque (insira seu motivo).

Se esse filme não cumpre com todos os requisitos, porque perder o tempo num dia dedicado ao ócio depois de outra entediante semana.


Nota 2

domingo, 12 de abril de 2009

Feast 3 - The Happy Finish


Começa onde acabou Feast 2, com os sobreviventes refugiados no telhado, esperando pelo eminente ataque dos lascivos monstros e dura pouco mais de 70 minutos, já que Feast 3 é apenas a segunda parte de um longo Feast 2.

Depois da surpreendente primeira parte e da segunda bem descerebrada, chega a terceira, um desproposito cheio de sangue sem cessar mas sem o humor que me agradou e surpreendeu nas anteriores da trilogia, apenas um par de cenas tem o estilo do primeiro filme, mas no mais do mesmo, aqui tudo é incoerente, exagerado, muitos mutilamentos desnecessários, muito sangue derramado,etc...


Um produto que somente quis aproveitar da energia de Feast inicial, mas não sacia a vontade de rir e nem desfrutamos o humor negro que poderia ter alguma das cenas de gore das que desfrutamos na primeira parte

O melhor é o final.

Nota 3,7

sábado, 11 de abril de 2009

Monstros Vs Alieniginas (Monsters Vs Aliens)


O cinema que nasceu quase como um espetáculo de barraca de feira em algo mais de 100 anos de vida conseguiu superar sua modesta origem e elevar sua categoria de sétima arte, elaborando uma linguagem mais artística com suas imagens. Mas nunca deixou de lado a magia e a surpresa quase infantil e tem se caracterizado por contínuos avanços técnicos para seguir surpreendendo e atrair os espectadores à escuridão de suas salas.

Primeiro foi o cine sonoro, logo o colorido, o cinemascope, mas tarde sistemas de projeção como o Tod-ao, o Dolby e os espetaculares efeitos digitais dos últimos anos e inclusive houve algumas tolas e fracassadas tentativas com o cine 3D. Mas é certo que nos últimos anos a melhora dos sistemas domésticos de TV, DVD, Home Cinema e a pirataria reduziram o numero de espectadores nas salas de cinema e foi necessário tirar um coelho da cartola por parte da indústria do cinema para não acabar na sarjeta. O coelho parece que será nos próximos anos o cine 3D e se esse é o futuro do cinema, que seja bem-vindo, porque tecnicamente estão conseguindo, os óculos não são incômodos e o resultado final é surpreendente e divertido.

Dessa maneira, um filme de desenhos animados como esse com uma historia de amizade e superação das diferenças, com numerosas e fáceis homenagens a filmes clássicos, cheia de momentos cômicos que poderia resultar numa essência bastante convencional, bem na linha que a Dreamworks tem oferecido nos últimos anos, transcende a mediocridade graças à perfeição do efeito 3D. Evidentemente, não é uma obra prima, mas nesse novo sistema, supõe que agora entra numa nova dimensão a indústria do cine

Nota 8,5

Feast 2 - Sloopy seconds


Quando temos um produto tão original e divertido como ‘Feast’, o que menos desejamos é a ameaça de materializar-se uma seqüência. O pior é quando isso se torna realidade e feita pelo mesmo diretor, se realizar seqüências desnecessárias é um exercício de desvirtuação, quando feita pelo mesmo diretor não converte somente em um ato fútil como num exercício de sadomasoquismo.

Felizmente o tal John Gulager parece ser consciente disso e longe de oferecer mais do mesmo, decide que a melhor maneira de realizar uma seqüência é rompendo os códigos da primeira parte e oferecer um espetáculo diferente de sua antecessora. Justamente isso é o que acontece em ‘Feast’, um exercício onde ainda que a situação e os inimigos são velhos conhecidos dos espectadores, o que prima é o radical, o cruel sem rodeios, sem esquecer do humor negro pesado.

Porque nessa seqüência no fundo não trata sobre a luta do ser humano contra uma ameaça implacável, o que mostra é que o maior perigo de todo é o próprio ser humano, assim, ainda que a presença das criaturas seja constante, não passa de um plano de fundo, um mero recurso argumental para mostrar que em situações limites o ser humano não se une, as diferenças floreiam, ninguém se converte no bondoso, mas sim, escancara suas misérias, convertendo no predador mais implacável de sua própria espécie.

Ainda que o estilo visual segue sendo o mesmo, o que mostra na tela é esticado ate o limite de todas as questões relativas do gênero, o sangue, as vísceras, o horror e o humor extremamente negro, cuja única função é deixar o espectador num mar de lama que é plasmado ao ver que não existem heróis, tampouco anti-heróis, mas sim uma luta entre semelhantes para ver quem é mais miserável.

Por tudo isso ‘Feast II’ é uma pequena jóia, não só por ser uma seqüência superior em todos aspectos ao original, mas por mostrar-se livre, desimpedida. Quase uma mensagem dizendo que os humanos estão presos pela sua própria maldade que no fundo o único que fazem as criaturas do filme é redimir da única forma possível, com a morte

Nota 8,6

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Valsa Para Bashir (Waltz With Bashir)


Bonito filme, com uma animação espetacular, sublime, um ritmo de filme notável, amparado por uma ótima trilha sonora que acompanha a ação e melhora certos momentos de impasses e dramática quando necessário. O problema esta nos objetivos, no fundo e contido na mensagem final, não adianta colocar o cardápio atraente se a comida não for boa, por mais que isso facilite a digestão.

Entendo que muitos destacam a parte artística, de verdade compreendo e respeito, inclusive a mim me faz subir a nota, mas o que me incomoda no filme são três pontos bem concretos:

-Apelo fácil. Ari Folman deveria assistir “Bloody Sunday” e aprender como recriar a desolação posterior na batalha sem cair no vulgar de recorrer a cadáveres e descrever suas formas, dever “Nuit et brouillard” e sentir o lirismo perturbador que envolve cada tortura, cada assassinato injusto, as lembranças que envolve o fato ou deveria ir muito mais alem da simples determinação de culpa.

-Também posso mencionar o próprio desprendimento artístico da proposta, excelente em si mesmo porem descompassado com o tom do filme. Narrar uma matança não requer planos a contraluz de um bonito por do sol, não, ao contrario requer escuridão e requer crueza. Se a pretensão do filme transcorrer ate o quanto é dura a guerra e tenta mostrar mediante uma bonita animação recriando em estupendos enquadramentos, a denuncia perde efeito após a total submissão ao puramente estético, ‘Valsa com Bashir’ é mais um exercício de estilo que uma reflexão sobre a dor da guerra e suas memórias.

-Aqui esta o que acho a principal falha do filme. Desde o começo de sua estrutura narrativa, durando os 80 minutos de metragem nos mostram um personagem buscando as memórias perdidas, as lembranças de um massacre que em seu subconsciente crê diretamente culpado. Todos os testemunhos que recebem são de clemências à suas ações, compreendem suas decisões e de complacência no exato dia. Todos os personagens que desfilam entre o protagonista se mostram totalmente ignorantes sobre o que ocorreu do seu grau de implicação no assunto e acabam por convencer a Ari que a culpa tampouco é sua. Bem, ignorando um fato que como tudo anteriormente é completamente incerto (o Tsahal e Ariel Sharon, foram declarados culpados pela comissão aberta pelo próprio governo israelense), no qual é ignorar demais para meu modo de ver as coisas, percebemos que o filme não mede esforços pra tentar convencer o sofrido Ari que apesar de sua inércia naquele momento, como a de todos os soldados, foi o correto e não deve sentir remorsos porque não podia fazer nada.

Essa é minha postura perante o filme, é que ao assistir me dói na alma ao saber que alguém pode ficar passivo ante tal massacre.

Mas?

Se é puramente estético o que significa seus últimos 30 segundos? Pra que mostras as vitimas se o ponto de vista são dos carrascos? Não é contraditório mostrar as vitimas quando mostra que o protagonista toma o papel de testemunha? De onde vem o empenho de mostrar que o protagonista não se sinta culpado? Não seria contraditório que o amigo psicanalista diga sobre a possibilidade de criar memórias? Essa é a abordagem adequada? Não seria uma maneira de criar memórias superficiais? Será que o massacre de Sabra e Satila é o que gerou o maior trauma ao povo israelense?

Nota 6

Banquete do Inferno (Feast)



Uma noite entediante num bar de rodovia onde personagens patéticos deixam escapar pouco a pouco suas lamentáveis vidas é interrompida por um cara ensangüentado e armado que avisa que todos ali serão atacados por monstros sanguinários.

Um argumento tão simples como pouco original, um excelente roteiro com pitadas inovadoras, nos presenteia com uma obra absolutamente entretida, repleta de humor negro que não deixara indiferente os fãs com as cenas de gore, nem os amantes dos personagens absurdos que se envolvem em situações absurdas.

Em Feast não temos momentos entediantes, partindo de uma base que os personagens são apresentados com a tela congelada indicando o que cada um faz inclusive suas estimativas de vida, Gulager nos oferece um espetáculo de vísceras e sangue sem chegar a 15 minutos de filme, a partir daí graças aos monstros que atacam rapidamente e só querem liquidar ou desmembrar tão distintos personagens, se forma uma tensão ambiental que se mantém suficientemente bem em determinados pontos e nos leva de um lado a outro observando as peripécias dos protagonistas, suas tentativas de fuga ou de medo dos monstros e ainda conta com um grande ritmo quem em nenhum momento chega a diminuir as expectativas e não se torna repetitivo.

Tem que agradecer também que tendo base nessas características, dos personagens presos num lugar onde dificilmente podem escapar, Gulager sabe desenvolver sem recorrer a nenhum dos tipos do cine de horror atual e todos atuam com um mínimo de lógica ou sendo conseqüentes, apesar que alguns alguns são esmagados pela conseqüência.

Entre seus protagonistas tem de tudo, o herói que chega ao local advertindo o perigo, o típico personagem louco, uma mulher idosa aparentando calma, o drogado, o pobretão, os que tentam dar ênfase mais serias em suas idéias de salvação, a gostosa e uma variedade atípica que da muita vida ao filme.

Não falta humor, que fará Feast um acontecimento tão sanguinolento, divertido, frenético, tenaz e absorvente para qualquer que saiba apreciar as qualidades de umas das melhores propostas do horror ultimamente e evidentemente deixe atrás algumas limitações técnicas.

Demolidor e genial.

Nota 7,4

Tony Manero




Tony Manero vai contra o típico cine chileno, um filme sobre um homem cansado da mentalidade medíocre de seu país e que dentro de sua loucura é capaz de lutar a qualquer preço pelo seu objetivo, deixando de lado toda limitação sendo capaz de bater em idosos, roubar pertences de mortos e defecar nas roupas alheias, tudo isso amparado por uma excelente atuação de Alfredo Castro.

O filme sem duvida é impactante e não será apreciada pela maioria dos espectadores e não é apta para habitues do cine comercial. Representante do Chile para os prêmios Oscar, merece ser vista apesar de dura, é um filme bem realizado devido ao baixo orçamento que teve.


Nota 9,3

Matando Cabos



Com humor inteligente na maioria das situações e com uma ótima narração, Alejandro Lozano consegue entreter durante um pouco mais de uma hora e meia com uma historia cheia de situações loucas, personagens excêntricos e boa musica.

O filme se torna curto pela ação desenfreada, na qual se misturam sem pausas todos os elementos do gênero ‘pulp’: violência, reviravoltas no roteiro, personagens surrealistas e sobre tudo um humor bem interessante. Desde o principio percebemos o que esta por vir, dois caras engravatados conversam no reservado de um banheiro de escritório enquanto outro esta seminu no reservado do lado, a partir daí não tem pausa para respirar, a ação é divertida, cheia de mal entendidos e manipulações e todos os atores estão corretos, desde os principais até os coadjuvantes.

Nota-se a influência de Tarantino em muitas cenas, mas não recria seus diálogos, mas também homenageia diversos diretores. A fotografia peca por ser muito estática num filme cheio de energia e existe uma terrível falha de continuidade, mas que não atrapalha num filme que exala o folclore moderno do México.

Diversão garantida.

Nota 7,6