quarta-feira, 29 de julho de 2009

True Blood





A fascinação pela morte, a sensualidade do sangue, a fascinação em convertermos em sobre humanos. A figura do vampiro é um poliedro de tantas faces que sempre atraiu a atenção de um grandioso público, e tem sido uma fonte inesgotável de recriações em todas as artes.

Sem embargo, toda formula se esgota, e já estávamos sofrendo da monotonia do formato de series como ‘Buffy’ ou ‘Blood Ties’, na qual o tema do vampiro é uma simples desculpa para colocar uma loira sexy que domina artes marciais e ocultismo barato.


Em ‘True Blood’, por fim, temos um novo sopro, uma fresca perspectiva que deixar satisfeito tanto os fanáticos do tema como os iniciantes que se aproximam buscando uma historia de intriga, amor e aceitação social.


Ambientado num pequeno povoado sulista de Luziânia, a serie apresenta como vivem as pessoas depois da revelação da existência de uma espécie que viveu oculta entre eles durante anos: os vampiros, que decidem se revelar graças a uma empresa japonesa que criou uma bebida de sangue sintético (Tru Blood) que pode facilitar sua integração. Mas a aparição de um vampiro na comunidade começa a semear a desconfiança ante o desconhecido, e ainda mais quando uma doce garota do povoado, Sookie Stackhouse, se envolve com ele numa relação amorosa mal vista por todos, e onde começa a suceder no povoado misteriosos assassinatos.

Metáfora da segregação racial sulista ou simples relato fantástico?


É curiosa a fascinação que Alan Ball (o criador) sente pela morte, ainda que ‘True Blood” esta longe de sua criação anterior (Six Feet Under, que se tornou uma série cultuada), mas que volta incidir sobre o aspecto mórbido da morte, o não-vida nesse caso. Mas em ‘True Blood’ tudo tem uma matiz de crueza e humor negro que faz qualquer passagem da trama ser apenas uma epifania da verdadeira natureza humana.


Nota 10

A Vida Secreta das Abelhas (The Secret Life of Bees)


No respeitável ofício da apicultura, existe um momento que tem que deixar os zangões repousando na colméia e cobrir-los antes de elaborar o delicioso mel que dali pode sair. Nesse momento, nem o artesão sabe o que podem fazer as abelhas. Tal segredo, que somente sabem esses himenópteros é comparável a vida que levam as três irmãs Boatwright que são negras, a desequilibrada May (Sophie Okonedo), a antipática June (Alicia Keys) ambas dependentes da mais velha, amável, sabia e maternal August (Queen Latifah). As três vivem numa casa pintada com um chamativo rosa caribenho em Tiburon (Carolina do Sul), sem que os acontecimentos que antecedem a assinatura da Lei dos Direitos Civis de 64 afetem suas vidas, baseada na calma do lar e o amor ao trabalho da apicultura. A chegada de uma garota branca de quatorze anos, Lily (Dakota Fanning) e sua ‘empregada’ Rosaleen (Jennifer Hudson) pedindo abrigo, precipitará os acontecimentos posteriores ate saber o motivo pelo qual a jovem chegou à suas vidas e não é por casualidade. As Boatwright são as abelhas que vivem numa vida plácida sem que nada lhes aflija ou que se intrometa em sua ‘colméia’.

Mas voltando a historia de Lily, quando escutamos no seu novo ambiente cheio do universo feminino que ‘nenhuma abelha que te ama quer te picar’, quando esta aprendendo a trabalhar com o mel das abelhas, compreendemos a mensagem desse bonito filme que sem complicar com denuncias racistas, prefere através do olhar de uma adolescente dizer a verdade.

Dakota consegue convencer em sua personagem, seu ideal de uma vida cheia de boas intenções, sem que isso pese a mão em um melodrama funesto. De todas formas reafirma o ditado: Nunca deixe de sorrir nos momentos mais difíceis, porque alguém pode apaixonar-se pelo seu sorriso.

Todo o demais no filme tem um fundo histórico que em ocasiões fica em primeiro plano em alguns dos momentos mais dramáticos do filme (o racismo, a relação de Lily com seu pai, etc.) numa comparação com a vida secreta das abelhas, nos dando uma verdadeira lição de trabalho comunitário, sem distinção e buscando a felicidade através da fabricação do mel. ‘Mel” que seria um termo que usaríamos muitas vezes pra descrever algumas passagens interessantes de nossa vida, mas que algumas vezes deixamos de lado.

‘Alguém nos picou. ’

Nota 9