segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Salò o le 120 giornate di Sodoma - Salò ou os 120 Dias de Sodoma


Controvertida, nojenta, irreverente e aterrorizante. O filme manda a puta que pariu a aristocracia, a justiça, a política e o clero... Por isso eu amo.

Um grupo representativo de poderes, a decadência do estado fascista italiano, um castelo com seus guardas, seus empregados e seus vícios. Com uma perfeita disciplina militar, junto com uns valores anarquistas se seguido de uma inumerável mistura de calores políticos, uns personagens sinistros (oito no total, quatro homens e quatro mulheres) dão renda solta a suas fantasias obrigando um grupo de adolescentes a satisfazê-los. Neste caminho ate a depravação e a exaltação da dor, pode se intuir que os condenados serão vitimas cúmplices e executores.

O diretor nos faz uma leitura interessante sobre as extremidades do homem. Como o cachorro raivoso que não pode beber água (segundo a lenda, porque ele vê a sua doença e a morte no reflexo da água) e necessita morder, estes homens que não podem beber outra coisa alem de sangue.

Os conhecimentos para o uso de ferramentas alegóricas e o panteão de erotismo que Pasolini desenvolve em toda sua filmografia chegam ao topo nesta obra que sempre coloca um antes e depois pra tudo aquilo que se vê pela primeira vez. Se for assistir a esse filme com o estomago desprevenido, talvez acabe mal. Também não é aconselhável para quem desfruta da narração, já que o desfrute aqui é tão intelectual quanto à profundidade da dor e o sadismo que a alcança o filme.

Porque o desejo absoluto de poder e o desejo da matéria (Porque desejamos, quando já temos tudo e só podemos aspirar a ter coisas nesse mundo) levantam ondas de sangue, onde a coragem e o ínfimo (a dor, o prazer, a vida) se confundem e é nessa confusão onde vive o diabo.

Repugnante? Sim, sem nenhuma duvida.
Verdadeira? Infelizmente, sim
Poder e perversão levada ao extremo.

Nota 8

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