
Provavelmente a única obra prima do amante do grotesco e da mutilação Tod Browning que junto a Dracula com Bela Lugosi é seu filme mais conhecido.
Com somente 16 anos Browning fugiu de casa e se uniu a uma feira com fenômenos humanos cheio de deformações. A partir da experiência com eles, criou um dos dramas mais inquietantes e perturbador da historia do cinema. Nele, os ‘monstros’ não são frutos de maquiagem e de efeitos especiais, eles são autênticos. Em “Freaks”, o sentimento de pertencer a uma comunidade, minimiza o sofrimento da natureza deformada dessas pessoas, que se unem solidariamente quando um deles sofre uma agressão. O grande trunfo do diretor é não cair na condescendência fácil de converte-los em vitimas inocentes e tampouco em mostrar-los como monstros e sim como são como são, simplesmente humanos. Chama atenção a insegurança (exteriorizada através da maldade) dos personagens ‘normais’, inclusive sendo bem parecidos, enquanto os ‘anormais’, aceitando suas limitações se adaptaram a elas.
Rodada em um tom documental, que se nota nas seqüências que mostram a cenas da vida cotidiana dos ‘freaks’. Amante do ilusionismo, Browning nos deleita com alguns deliciosos truques de câmera que nos fazem sorrir ao percebermos o engano, mas, que encaixam perfeitamente com todo o ambiente do filme, pois nela, quase sempre as aparências enganam.
Frente ao seu tempo Browning nos deixou uma obra tão inesquecível como única, onde os monstros, não são quem pensamos.
É difícil crer que esse filme seja ma Metro, soberana dos estúdios cinematográficos dos anos de ouro, que com linha conservadora e amável dirigida para toda família, não era o veiculo adequado para dar brilho a uma ‘ave rara’ como “Freaks” (Mayer mandou, depois de sua estréia, retirar de todas as copias o logo da MGM).
Um conto cruel que deriva ate submergir ao horror.
Retrato de nossa sociedade atual.
Temos mais medos de ser corcunda ou de ter mal caráter?
Nota 10