quarta-feira, 30 de julho de 2008

Perto Demais (Closer)


O veterano diretor Mike Nichols, um dos que melhor sabe como lidar com conflitos emocionais de relacionamentos amorosos, volta ao cinema após vários anos de dedicação a televisão com um drama estrelado por um time de atores dos mais atraentes do momento.

Desde sua estréia com o necessário “Quem tem medo de Virginia Woolf?” que Nichols foi marcando essa linha que foge das diretrizes hollywoodianas de relacionamentos simples e que mostram casais felizes. O amor pode trazer sofrimento (ou seria somente o obsessivo) e também nos causar muito dano. Foi com seu primeiro filme que ele demonstrou maestria nesse campo, com o confronto de dois grandes atores como Elizabeth Taylor e Richard Burton numa angustiante autodestruição conjugal que não parecia ter limites.

Em “Closer”, Nichols utiliza a bem sucedida obra teatral de Patrick Marber (que também assina o roteiro) para discutir direto e abertamente o doloroso cruzamento que o destino se encarrega de armar entre quatro personagens totalmente diferentes. Todo começa quanto um escritor frustrado que escreve obituário (Jude Law), e que vive com uma bela stripper (Natalie Portman), não consegue evitar a tentação de apaixonar-se por uma fotógrafa (Julia Roberts) que mantém uma relação com um dermatologista (Clive Owen).

Todos são bem sucedidos em suas atuações, mas é Clive Owen (que curiosamente havia interpretado na Broadway o papel que aqui cabe a Law) que se destaca com uma fantástica interpretação, dando alma a seu personagem. Pelo lado feminino, destaca-se Natalie Portman, que novamente demonstra que sabe selecionar bons projetos e transborda num papel cheio de nuances.

O filme é recheado com diálogos brilhantes, no qual a sinceridade vem em primeiro plano e conta com uma grande quantidade que dão realismo as interpretações (como, quando nos primeiros minutos, Portman limpa os óculos de Law enquanto conversam); mas também joga com situações surpreendentes e arriscadas para o desenvolvimento do filme, o que exige cumplicidade do espectador para funcionar.

O filme mostra algumas inteligentes elipses que ao principio pode incomodar alguns espectadores, mas imprimi um bom ritmo ao avanço da trama; com isso, Nichols mostra a incidência da durabilidade de certos sentimentos: amor, vingança e ódio.

Não podemos ignorar os cuidados com a fotografia, com atraentes conjuntos de sombras e contrastes cênicos, também sua trilha sonora que coloca o filme como um dos mais interessantes e realistas dos últimos tempos.


Nota 9

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