segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Il Mare (Siworae)


Apesar de que ‘Il Mare’ parte de uma premissa fantástica um tanto infantil, e também tem alguns elementos fantásticos inverossímil, é preciso muito pouco pra deleitar todos os sentidos, e pouco mais para configurar como uma madura reflexão, em toda regra, das relações sentimentais e das lacunas emocionais. Esse elemento fantasia nos introduz numa historia de amores impossíveis, que poderia partir de qualquer outro antecedente, talvez mais realista, porem o filme perderia o charme e não seria bem sucedido em sua reflexão sobre a solidão e os sentimentos.

Todo aspecto fabuloso fica em segundo plano, apesar de lançar bons pontos de apoio para especularmos sobre a estranha situação de Sung-hyun e Eun-ju, e sobre sonhos temporários. Como eu disse, apesar da abstração interessante que pudemos embarcar na premissa do filme e sobre alguns incidentes no desenvolvimento da historia, todos os componentes estão administrados pelo componente dramático e romântico; tanto que fica eclipsado; tanto que ‘Il Mare’ poderia ser considerado uma grande obra do realismo fantástico, por nos fazer perder de vista sua natureza fantasiosa e apresentar a historia como algo real que poderia acontecer a qualquer um. Quem diria que ‘Il Mare’ é cinema fantástico, irreal, ficção - cientifica? Quem considera mais real que muita coisa do cine de Hollywood? Acho que é mais fácil, poder trocar cartas com Emily Brontë, do que viver as aventuras de Tom Hanks ou Angelina Jolie, ou um dos quaisquer amores de Sandra Bullock.

Cada cena é um retrato vivido e de requintada beleza, de solidão, de solidão que bate em muitas figuras do filme, e em cada ambiente plasmado. ‘Il Mare’ é um refugio em todos os sentidos: como um filme, para o espectador, como casa, para os protagonistas.

Todo no filmes tem um efeito calmante que atua sobre nós e os personagens.

Como em muitas obras de outros autores orientais (Miyazaki, Kim Ki-duk...) é muito importante a personalidade dos espaços, proporcionando um caráter único, ligado aos protagonistas, algum dos enclaves do filme, que no caso A casa, que oferece aos protagonistas uma reflexão de si e um refugio na sua imagem e semelhança, protegido do mundo, lhes poupam a vulnerabilidade de fechar se simplesmente em si mesmo. ‘Il Mare’ poderia ser uma ‘Casa de Usher’ e não me surpreenderia vê-la desmoronar junto como os personagens.

Nota 9

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