terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

O Escafandro e a Borboleta (Le Scaphandre at le Papillon)


Com esse filme, Julian Schnabel criou um dos filmes mais comoventes dos últimos tempos. A vibrante historia de Jean-Dominique Bauby, serve como pretexto para entrarmos no mais profundo do ser humano e mostrar o sofrimento do cativeiro que se submeteu o protagonista.

E Schnabel consegue em todos os momentos o espectador sinta-se dentro do seu próprio escafandro. Diante de uma genial direção e uma magnífica fotografia (grande parte do filme esta rodado como um plano subjetivo do olho de Bauby , o qual se torna uma experiência incrível), realmente nos sentimos como o protagonista. E mais, consegue que a voz em off tome parte dos próprios pensamentos do espectador... mas a missão do filme não é angustiar o espectador, nem manter fechado dentro do citado escafandro.

O que pretende Schnabel e que consegue, é que nos sentimos como borboletas dentro do casulo, que deixemos voar nossa imaginação e que aprendamos a valorizar o que realmente nos faz humanos: a consciência e nossa capacidade imaginativa no qual o poder é ilimitado.

Não é uma historia de dor. O drama se desvanece diante do positivismo de Bauby para enfrentar a vida e a verdade, é a historia de superação mais real e menos maniqueísta que vi até o momento. O desejo de superação do protagonista representa uma atitude vital digna, que marca, que surpreende e deixa rastros em nós. Escrever um livro com somente uma piscada é algo fora de alcance de muitos seres humanos. O que me refiro é que muitos apenas jogariam a toalha (que é uma atitude compreensível)... imaginem na mesma situação, que faria?

O filme esta envolto de momentos cômicos e delirantes (a viagem a Lourdes), inclusive a voz de Bauby as vezes ri da própria condição (tem algo melhor do que rir de si mesmo?) e todos os momentos dramáticos são profundos e intensos longe dos falsos dramas que existem por ai.

É um belo canto a vida, comovedor e único. Mas também é um canto ao cine, uma maneira diferente de contar historias. A estética é deliciosa e inovadora, os atores estão em estado de graça, como se fossem tocados pela beleza da historia.

Obrigado Schnabel por essa lição de cinema, mas sobre tudo, obrigado Jean-Do por essa lição de vida



Nota 10

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