
pelo lado de fora do cinema
sexta-feira, 22 de setembro de 2017
Mãe! (Mother!)
Os personagens
Mãe: Mãe natureza (Jennifer Lawrence)
Ele: Deus / Demônio (Javier Bardem)
A casa: a Terra
Homem: Adão (Ed Harris)
Mulher: Eva (Michelle Pfeiffer)
Filho 1: Abel
Filho 2: Caim
Resto da família: primeiras civilizações
Bebê: Jesus Cristo
Resto de pessoas: seres humanos desde o ano 0 D.C
Com esta breve definição, já fica claro que é uma explicação da Bíblia, mas também da nossa realidade atual.
“Mãe!”, com exclamação é um grito desesperado para definir o ser humano, sua passagem pelo planeta e como destruidor deste.
Na apaziguada vida terrena, na conjunção de Deus e a Natureza, por tédio, ego ou outros sentimentos, o criador abre as portas para quem pode admirar-lo. Não deve ser fácil ser o criador e ninguém contemple a obra. Esta ideia não parece gostar a mãe natureza, mais preocupada em cuidar da terra e regenerar algumas partes que não estão bem. Mas isto não importa ao criador que vê como inofensivos os novos inquilinos, que apresentam a morte perto e presente. Tudo esta aberto à eles, podem fazer quase tudo que querem, já que o ‘poeta’ pensa que a casa é de todos.
Pfeiffer, representando Eva, não pode resistir a tentação e come a fruta proibida, manifestado como a ruptura da pedra que tanto apreciava o criador. A raiva é monumental e os bani. Mas eles não parecem arrependidos e continuam com seus jogos pecaminosos como se não tivesse acontecido nada, como se fosse uma criança e ser perdoado pelo fator de ser isso, uma criança. E o livre arbítrio faz com que eles voltem a casa, desta vez com seus filhos, onde numa situação de ciúmes, um mata o outro. Este problema piora com a chegada de outros familiares. Uns fumam, outros bebem, outros jogam sem prestar atenção à Mãe, sem sentir o dano que causa a casa com esse jogo.
Diante disso, a mãe fica brava, através de manifestações que se assemelham as catástrofes naturais, como terremoto, inundações (o cano estourando)…. Biblicamente falando, é uma paralelo com a inundação universal.
Depois disso, tudo volta à calma, com essa reconciliação vem um filho, Jesus. Com esta situação parece que a Mãe não necessitara de seus medicamentos para se manter calma. Mas tem uma imagem desconcertante, que vemos uns minutos antes. A fotografia Dele, esta rasgada e parece que tem desenhando chifres e rosto maligno. Esta pode ser a parte mais comprometedora do filme, onde possivelmente o personagem de Bardem esta encarnando ao mesmo tempo Deus e o diabo, como se fossem um, ou talvez para uns é um Deus por ser o criador, mas pode ser um demônio por colocar os seres humanos na Terra.
Após isso, o poeta tem uma nova idéia que ele entende como a melhor obra. Pronto, chegam novos admiradores, criando religiões e seguidores fanáticos, enquanto outros seguem com sua inconsciência, roubando, destruindo, até o ponto que a casa começa ser uma guerra. Novamente aqui repetem a frase, “saiam da minha casa” com a resposta sorridente “o poeta disse que essa casa pertence a todos’.
Nem o nascimento da criança arruma/salva a casa.Aqui acontece uma cena de canibalismo que representa bem o que foi feito com Jesus causando sua morte e como ela é representada na religião cristã tomando seu sangue e comendo seu corpo.
A natureza cansada do ser humano e de Deus, decide terminar tudo e se incendia com a casa.
Nesta ultima instancia, a natureza agonizante, deixa tomar seu coração e permite que Deus crie um novo mundo com ele.
Como se pode ver, a historia é realmente estremecera com simbolismos sem fim. O retratado aqui é a parte bíblica, mas isso não é tudo que o filme contem. Há muito mais.
De qualquer forma, o filme é um clamor claro pela destruição que o ser humano esta causando na deterioração do planeta e da alma da gente, onde pensamos no agora, celebridade momentânea custe o que custar.
É uma pequena jóia deixada por esse grande diretor, Darren Aronofsky, que dá uma lição no mercado comercial com sintomas inconfundíveis de cinema de autor e questões grandes, inteligentes e criticas.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
O Clube (El Club)
Poucas coisas me dão mais medo do que aquelas pessoas que confessam alguma brutalidade como a firme convicção de que estão fazendo o que tem que ser feito, que Deus (ou quem seja) os colocaram ali precisamente para isso. Há razões para justificar qualquer feito, qualquer crime, eles dizem. Cada um busca sua própria moral, dentro da faixa de opções que confundem os conceitos do bem e do mal, para aliviar sua consciência e poder viver consigo mesmo. E a religião tem sido, sem duvida, a justificativa ‘perfeita’ em toda a história da humanidade. A igreja católica, a mesma que várias vezes tem sido alvos de diversos escândalos por dar proteção a vários padres que realizam praticas indecentes, sempre pela salvação e a boa imagem de um bem maior, claro, a igreja em si.
Quantas atrocidades se cometem em nome da religião?
Pablo Larraín coloca a resposta na tela da forma mais desagradável e perturbadora possível, destilando inteligência, sarcasmo e claustrofobia. Se fosse descrever o filme em uma palavra, seria angustia. Desde o primeiro plano, com esses acabamentos difusos, ambiente húmido, névoa constante e frio; incomodando imediatamente o espectador. Sensação que contrasta com a clareza que os fatos são resolvidos e o estilo de diálogos, sempre muito direto. Tudo com um ritmo pausado, que te vai levando pelos acontecimentos que ocorrem entre 4 padres e 1 ‘freira’ que estão reclusos numa casa, num vilarejo costeiro do Chile, onde fazem suas penitencias secretas pelos crimes cometidos. Eles procuram suas própria justificação, mas Larraín não se envolve em julgamentos morais, não apresenta discurso de nenhum tipo, apenas expõe. E o que mostra é o inferno com vista pro mar.
“El Club” é um dos filmes mais assustadores que já vi, sem gritos, sem fantasmas, com toques inesperados de humor e sarcasmo que o tornam ainda mais preocupante. O terror esta presente na forma mais brutal, mas terrível: com as pessoas e suas misérias. Gente de carne e osso, que se deixaram levar por uma moral perturbadora e aí cada qual que emita seu julgamento.
Oxalá, “Spotlight – Segredos Revelados” tivesse a coragem deste filme que não esconde nada e mostra um mundo cruel, sórdido e infelizmente verdadeiro.
domingo, 27 de setembro de 2015
Eu, você e a garota que vai morrer! (Me, Earl and the dying girl!)

domingo, 19 de janeiro de 2014
Ela (Her)

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
Ninfomaníaca (Nynphomaniac)

segunda-feira, 26 de julho de 2010
Ilha do Medo (Shutter Island)

Dependendo do amor que poderá ter por Martin Scorsese, com a visualização de Shutter Island, você poderá tirar três conclusões bastantes diferentes. Se você pensa que o diretor nova-iorquino esta supervalorizado, com esse filme reafirmara sua posição. Se esta no grupo que pensa que a melhor época de Scorsese já passou, também será bom ver-la e assim relembrar aqueles tempos que ele rodava filmes como Taxi Driver ou Touro Indomável. Se ao contrario, você acredita que Scorsese é um craque capaz de converter em ouro tudo que toca, então você tem duas opções, pensar que até os maiores tem o direito de cagar uma vez ou aceitar a máxima que, os peidos de Scorsese cheiram a flores, coloca uma venda nos olhos e declama aos quatro ventos que Shutter Island é uma obra prima. Se vos, estas entre o ultimo, lamento dizer que o peido dele tem o mesmo cheiro que o resto dos mortais, as vezes pior.
Dizem que o cinema do nova-iorquino é essencialmente formal e que cada um de seus novos filmes é um experimento no qual a historia é tão importante como a forma de contar-la. No entanto, o que salva do artificial é sua paixão pelos personagens, tendo assumido, que sem eles não há bom cinema. Muito bem, como teoria me parece genial, o problema é que na prática ele patina. Scorsese reúne diversas imagens supostamente perturbadoras que não passam, no melhor dos casos, de desconcertantes, mas na direção errada. Vamos lá, o que se tem a impressão é que Scorsese se meteu a ser David Lynch e não saiu muito bem no experimento. Uma decepção total.
E a coisa não melhora se tentamos apreciar a historia e os atores. Estamos diante um folhetim de detetive em que dois agentes federais vêm a uma remota ilha na qual se encontra um hospital psiquiátrico para investigar o desaparecimento de uma assassina ali reclusa. Até ai tudo bem, mas como a coisa vai desde as formas inescrutáveis da mente humana, enquanto o protagonista é confrontado com o caso, também enfrenta seus demônios interiores. E isso justifica toda uma serie de aparições, alucinações e demais parafernálias oníricas freudianas em forma de imagens, que é bastante ridículo. Tudo isto sofre o protagonista do filme, um patético Leonardo di Caprio. Maldita seja a hora que Scorsese trocou De Niro por ele. Será que não tinha nada melhor no mercado? E o pior é que nem mesmo desentoa no conjunto, já que seus companheiros de elenco Mark Ruffalo, Michele Williams e Emily Mortimer, são ainda piores.
Bom, o filme é ruim, um martírio mental que salva por algumas boas criticas e que foi filmado por um prestigioso diretor. Ou porque parece inspirado na serie que acabou recentemente Lost em algumas abordagens ou situações. Embora, devo ser justo e reconhecer que, provavelmente, toda culpa não seja dele. Já me falaram que a novela de Dennis Lehane na qual o livro se baseia é meia boca. Isso sim, ninguém colocou uma pistola na cabeça dele e obrigou a adaptar esse livro. E isso, para alguém que pretende articular-se com os clássicos em sua condição que trabalha sempre com roteiros alheios, não é um pecado menor. Como um dos poucos privilegiados que estão em posição de dar ao luxo de fazer filmes como queira.
Ah! E se você leu por ai essas declarações nas quais Scorsese confessa referencias em sua obra que vai desde Spellbound de Hitchcock, Cat People e I Walked with a Zombie de Jacques Tourneur, alem do cinema expressionista alemão dos anos 1920 ou da literatura de Kafka, não lhe faça caso. Scorsese esta é ficando louco (somente assim poderia explicar a versão da genial trilogia Internal Affairs que se tornou o legalzinho The Departed que concorre a ser um grande clássico do Domingo Maior da Globo, e ele negar).
Por fim, como LaSalle disse: ‘ A lenda fica no caminho do artista, Scorsese deve parar de tentar fazer obras de arte e tentar fazer bons filmes’. É isso.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Splice

Muito se espera deste filme e ainda mais já que estamos conscientes de quem esta por trás, Natalie de um lado e Del Toro de outro, mas fica por ai: muito barulho por nada. O filme não é ruim, mas quando estamos assistindo sempre esperamos algo mais e nunca acontece e ai é que esta o erro, poderia ser mais transgressivo sem cair no grotesco (bestialidade?).
No entanto, a historia até diverte e ainda mais quando o espectador percebe que o filme já não da mais nada. Em alguns momentos o diretor de Cube e Cypher é brilhante e demonstra o que ele vale, mas claro, esses momentos são poucos, se bem que tenho que destacar alguns planos realmente espetaculares, mas a historia é plana e linear e não destaca nem o bem nem o mal.
Aconselhável somente pra quando não tem nada pra assistir.
Nota 5
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Patrik 1.5 (Patrik, age 1.5)

Por um lado, eu aprecio a facilidade com que abordam a questão da adoção GLBT, que relativamente é bem aceita na sociedade sueca, apesar dos fanáticos que existem em todos lugares. Na verdade, o filme deixa claro que esse casal foi a ultima opção para a criança como se estivessem envolvidos em um leilão.
Sendo um filme mais cômico, que outra coisa, tem uma parte trágica importante, inclusive quase de denuncia homofóbica, mas que esta enfraquecida pela falta de profundidade com que aborda as questões importantes do filme: o casal gay, adoção por homossexuais, adoção de crianças com necessidades especiais, seus problemas específicos (que são muitos)...
O filme tem alguns pontos fracos, para poder criar a trama, que caem sobre seu próprio peso, não é crível que mandem um menino de 15 anos para um casal adotante, sem antes fazer uma prova de adaptação, ou mesmo que considerem que a adequação desse casal possa ser igual para uma criança de 15 meses como de 15 anos. Deste ponto de vista da adoção é um disparate.
O adolescente problemático é bastante turvo, e ele não é mais que uma caricatura do que poderia ser na realidade, se tivesse o currículo criminal, tal como proposto pelo roteiro, dificilmente poderia ter essa evolução, por alguns gestos de acolhimento e carinhos, numa pessoa com esse nível de desconfiança na vida e na sociedade. ‘Porque o amor nem sempre é suficiente. ’
Mas, é um filme fofo, redondo e que emociona às vezes, com um final feliz para agradar a todos. Se servir para jogar a semente da adoção GLBT, é uma opção não apenas legítima, se não, inclusive poder ser mais adequando para alguns meninos ou meninas, o filme ganha mais peso do que realmente tem. E que a moral, a ética e a capacidade de compromisso e de amor se encontram nas famílias que não tem e não pretendem usar a patente da normalidade ou da heterosexualidade.
Nota 7
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Quebrando Tdo (Kick Ass)

Kick Ass é uma colorida revisão dos mitos do comic desde um prisma sarcástico e irônico. E ele faz acompanhar de A a Z todos os clichês dos filmes de super heróis, desde o pária social convertido em justiceiro mascarado, aos amores impossíveis, as nêmeses que surgem quase por geração espontânea. O resultado não só engole como chuta traseiros de superproduções maiores em seu próprio território.
Vaughn veste violência estilizada e sarcástica do show, apelando ao mesmo tempo tanto à cumplicidade dos fãs de comics como ao espectador alheio do mito de super herói. Kick Ass oferece maneiras diferentes para satisfazer todos os públicos, mas pede em troco que aceitem a violência divertida que faz gala de um filme protagonizado, definitivamente, por adolescentes que estão no colégio e enfrentam assassinos impiedosos a sangue frio.
O resultado é um filme mais exigente do que parece, mas que sabe recompensar o espectador que aceitas as regras com quantidade suficiente de espetáculo e diversão. Fornece bons personagens, não saturados com ruído desnecessário e tem um senso de diversão e ousadia grotesca, como ‘Kill Bill (com seu uso humorístico de violência selvagem), não é apto para todos. Sem falar que exala verdadeiro amor aos comics de super heróis, que respeita e ama com ardor incomum.
O filme suaviza e aporta certa delicadeza em alguns momentos mais cruéis do material original, mas é sempre em favor dos personagens. Precisamente neste ultimo aspecto destaca uma das melhores cenas do filme, aquela que Hit Girl entra as escuras no lugar onde estão sendo torturados os protagonistas, que culmina de forma dramática. Vaughn combina nesse momento violência hilariante e gore, drama e comédia de forma estranha e absolutamente emocionante, e logo depois disso prolonga o desfecho da historia acrescentando mais espetáculo e risos como fogos de artifícios.
Preste atenção à interpretação de Chloe Moretz, uma das pequenas protagonistas, e sua química com um Nicolas Cage que demonstra que sabe ficar em segundo plano. Mark Strong é um dos atores mais capacitados para exercer o papel de vilão dos últimos anos e Aaron Johnson não defrauda no papel mais importante de sua vida e também Christopher Mintz-Passe. Vaughn, Mesmo que não defina totalmente seus personagens e se envolva em seus sentimentos, esforça-se no bom caminho e cria situações emotivas e simpáticas que justificam a violência irônica e o conteúdo geek do filme.
Definitivamente, o filme não é adequado para paladares antigos.
Nota 10
A Ressaca (Hot tub time machine)

Este é um daqueles filmes que você não tem muito que dizer, especialmente porque eu duvido que valha a pena tentar estender umas linhas a mais em um filme cuja simplicidade não envolve mais mistério que o desfrute do disparate absurdo. Mas parecido com um grande show de comédia televisiva, esses 100 minutos de imagens são uma sucessão de idéias em vez de uma historia em sim, as idéias adornadas com muito humor negro e ácido, e em particularmente especial para a memória daqueles maravilhosos anos de 1980, especialmente para todos aqueles que tiveram alguma voz na década prodigiosa.
Sem dar muitas voltas poderíamos dizer que o filme é como o titulo original diz, tão estúpido como absurdo, e na que menos é a lógica do porque ou o sentido do como. Em suma, de uma simplicidade e leveza pateta que assusta, mas até aqui nenhuma objeção, pois, como em todas, já que da pra cobrir todo o bolo e é bem costurado, como brincadeira divertida não hesita em ignorar sua qualidade questionável como filme para elevar à categoria de filme com título fofo, algo assim dito de maneira pouco fina, um peido que gostamos de sentir o cheiro.
Deixando de lado a lógica interna do relato que não passa de uma brincadeira, e que brilha tanto por sua ausência que ao mesmo tempo nem sentimos falta, o filme apresenta uma variação da manjada viagem no tempo numa comedia sem responsabilidade de qualquer natureza, muito menos moral. Uma espécie de ‘De volta para o futuro’ pegajoso e ointentista para os acima de 30 anos. Uma historia simples, previsível e sem complicações que em nenhum momento tenta levar se levar a sério e ideal para ver em grupo, já que os protagonistas se entregam de corpo e alma e agüentam o escopo com carisma e alguns golpes.
‘Hot tub time machine’ é uma brincadeira em nome do humor, sem olhara para trás, e um pesado tributo aos 80, surpreendentemente emocionante, que não é necessariamente bem realizado ou inspirado, mas acima de tudo eficazes em convencer e que seguem os padrões visuais, narrativos e conceituais vigentes naquela época, tudo reforçado por uma excelente trilha sonora e até mesmo artistas da época, começando pelo próprio John Cusack, Crispin Glover e o mítico Chevy Chase.
O filme tira a essência da memória oitentista em pleno século 21 rematado por alguma ou outra piada escatológica, uma breve dose de reflexão amarga mas otimista sobre os amigos, o materialismo e a passagem do tempo e um escárnio para todos os amantes do cinema, no entanto, não podemos evitar um olhar doentio de cumplicidade em algum ou outro momento. Não recomendado para menores de 30 ou maiores de 40.
Nota 7
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