segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ilha do Medo (Shutter Island)


Dependendo do amor que poderá ter por Martin Scorsese, com a visualização de Shutter Island, você poderá tirar três conclusões bastantes diferentes. Se você pensa que o diretor nova-iorquino esta supervalorizado, com esse filme reafirmara sua posição. Se esta no grupo que pensa que a melhor época de Scorsese já passou, também será bom ver-la e assim relembrar aqueles tempos que ele rodava filmes como Taxi Driver ou Touro Indomável. Se ao contrario, você acredita que Scorsese é um craque capaz de converter em ouro tudo que toca, então você tem duas opções, pensar que até os maiores tem o direito de cagar uma vez ou aceitar a máxima que, os peidos de Scorsese cheiram a flores, coloca uma venda nos olhos e declama aos quatro ventos que Shutter Island é uma obra prima. Se vos, estas entre o ultimo, lamento dizer que o peido dele tem o mesmo cheiro que o resto dos mortais, as vezes pior.

Dizem que o cinema do nova-iorquino é essencialmente formal e que cada um de seus novos filmes é um experimento no qual a historia é tão importante como a forma de contar-la. No entanto, o que salva do artificial é sua paixão pelos personagens, tendo assumido, que sem eles não há bom cinema. Muito bem, como teoria me parece genial, o problema é que na prática ele patina. Scorsese reúne diversas imagens supostamente perturbadoras que não passam, no melhor dos casos, de desconcertantes, mas na direção errada. Vamos lá, o que se tem a impressão é que Scorsese se meteu a ser David Lynch e não saiu muito bem no experimento. Uma decepção total.

E a coisa não melhora se tentamos apreciar a historia e os atores. Estamos diante um folhetim de detetive em que dois agentes federais vêm a uma remota ilha na qual se encontra um hospital psiquiátrico para investigar o desaparecimento de uma assassina ali reclusa. Até ai tudo bem, mas como a coisa vai desde as formas inescrutáveis da mente humana, enquanto o protagonista é confrontado com o caso, também enfrenta seus demônios interiores. E isso justifica toda uma serie de aparições, alucinações e demais parafernálias oníricas freudianas em forma de imagens, que é bastante ridículo. Tudo isto sofre o protagonista do filme, um patético Leonardo di Caprio. Maldita seja a hora que Scorsese trocou De Niro por ele. Será que não tinha nada melhor no mercado? E o pior é que nem mesmo desentoa no conjunto, já que seus companheiros de elenco Mark Ruffalo, Michele Williams e Emily Mortimer, são ainda piores.

Bom, o filme é ruim, um martírio mental que salva por algumas boas criticas e que foi filmado por um prestigioso diretor. Ou porque parece inspirado na serie que acabou recentemente Lost em algumas abordagens ou situações. Embora, devo ser justo e reconhecer que, provavelmente, toda culpa não seja dele. Já me falaram que a novela de Dennis Lehane na qual o livro se baseia é meia boca. Isso sim, ninguém colocou uma pistola na cabeça dele e obrigou a adaptar esse livro. E isso, para alguém que pretende articular-se com os clássicos em sua condição que trabalha sempre com roteiros alheios, não é um pecado menor. Como um dos poucos privilegiados que estão em posição de dar ao luxo de fazer filmes como queira.

Ah! E se você leu por ai essas declarações nas quais Scorsese confessa referencias em sua obra que vai desde Spellbound de Hitchcock, Cat People e I Walked with a Zombie de Jacques Tourneur, alem do cinema expressionista alemão dos anos 1920 ou da literatura de Kafka, não lhe faça caso. Scorsese esta é ficando louco (somente assim poderia explicar a versão da genial trilogia Internal Affairs que se tornou o legalzinho The Departed que concorre a ser um grande clássico do Domingo Maior da Globo, e ele negar).

Por fim, como LaSalle disse: ‘ A lenda fica no caminho do artista, Scorsese deve parar de tentar fazer obras de arte e tentar fazer bons filmes’. É isso.

Um comentário:

Marcos disse...

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