quinta-feira, 8 de abril de 2010

Mary and Max


Esta fábula, sobre a amizade, vista a partir do coração e não com os olhos, é um filme australiano que conta a historia de uma relação pelo correio de dois personagens solitários e diferentes uns dos outros. Mary Dinkler é uma menina introvertida e sensível de 8 anos que vive em Melbourne, Austrália, e Max, um homem de 44 anos, natural de Nova Iorque, obeso, autista e que termina sendo um judeu ateu.

Neste contexto, a relação é muito interessante entre seus personagens, entra em argumentos profundos como o suicídio, o ateísmo (nas palavras de Max: “Deus é apenas um fragmento da minha imaginação”), a homossexualidade, a depressão e a solidão. Eventualmente, uma surpreendente radiografia da sociedade na qual estamos imersos, já que toca no tema do universo e da estupidez humana, ainda que, Max aconselha: “Ame a si mesmo, em primeiro lugar”. Assim, estamos diante de um filme de animação que é uma obra-prima.

Quando soubemos que o solitário e comilão Max sofre da “Síndrome de Asperger”, que sim, é uma doença e não apenas uma forma de ser, corroboramos pelo fato de que as pessoas com Asperguer têm uma expectativa igual às pessoas que não são autistas.

No entanto, com base no exposto, pode-se dizer, sem que seja um truísmo, que não há um típico modelo do ser humano único, que cada um é uma versão particular, que as espécies estão formadas por indivíduos que compõem toda uma diversidade. Agora, precisamos de alguma síndrome pra chegar a idéias como “ser honesto poder ser incorreto?”, parece que sim (e digo, parece como homônimo de julga-se), já que o discurso fílmico nos leva a uma realidade dura e rigorosa de uma sociedade globalizada: impassível, cruel e sem identidade.

Assim, com um ritmo medido e temas musicais da historia do cinema (“Zorba, o Grego” ou “Que Será, Será” do filme ‘O Homem que Sabia Demais’), a história simboliza desde o primeiro momento do mundo de Mary e Max, que se analisamos com cuidado, é entre a inocência e a falta dela: a soma de todos os indivíduos, que é o modelo que constituem o ser humano.

A estética da imagem em tons cinzentos confere-lhe um mistério para o filme (é o que os seres humanos são), e ainda que seja quase uma entidade protagonista (a ausência de cor), ‘Mary and Max’ não cai no sentimental e no final feliz.

(PODE CONTER SPOILERS)

Basta ver os últimos minutos finais do filme, para entender que, apesar da morte e da solidao, o que mais importa é (nas palavras de Max) ‘Perdoar, porque não somos perfeitos’. A idéia final, Max encontrou todas as metas em sua vida, exceto uma: Um amigo. Vocês já cumpriram?

Nota 10

Um comentário:

pseudo-autor disse...

Não conhecia essa animação australiana e fiquei curiosíssimo pra assistir, pois adoro animações que fujam do padrão Pixar. Vou procurar entre meus amigos do submundo piratesco. Recomendo Valsa com Bashir, do Ari Folman (é um documentário em forma de animação. Ótimo!)

Cultura? o lugar é aqui:
http://culturaexmachina.blogspot.com