terça-feira, 27 de outubro de 2009

Paranormal Activity


Deixando de lado toda a qualidade intrínseca do filme, inclusive os gostos particulares de cada um, têm que reconhecer que Daniel Myrick e Eduardo Sánchez, diretores de The Blair Witch Project, tiveram a capacidade de oferecer algo novo e refrescante dentro do panorama cinematográfico, um produto que surpreendia pelo risco da sua proposta. Esse foi o filme que revolucionou aparando em um formato que até o momento parecia ser uso exclusivo de documentários, ultrapassava os limites da realidade e da ficção criando uma atmosfera onde o autentico terror era produzido pela inquietação do ‘real’.

O estranho é que devido o êxito da produção (e mais tendo em conta a rentabilidade econômica do mesmo) esse fenômeno demorou tanto a ser usado de forma habitual. O problema esta em que uma vez começado, o processo passou ao oposto extremo, a exploração exagerada do recurso, convertido em algo alheio a própria necessidade argumental do filme e tornou-se algo repetitivo, redundante. Um recurso que esta longe do frescor inicial, começa a produzir sinais de esgotamento pela falta de inovação.

E é que, apesar do que a produção mesmo sugere, não é nada fácil filmar uma historia desse tipo, principalmente porque nesse caso, o que importa antes de tudo nem é a qualidade das interpretações ou a correta elaboração do roteiro, mas sim capturar a essência, que consiga de um modo subconsciente que a ficção se torne uma realidade indiscutível.

Este precisamente é o maior erro de Paranormal Activity, crer que com o uso da câmera na mão e uns títulos explicativos sobre a veracidade dos fatos já é suficiente para submergir o espectador na atmosfera necessária.

Assim, o desenvolvimento do filme se situa nos parâmetros da atualidade, oferecendo o habitual desenvolvimento quanto às situações de aterrorizante e a tensão psicológica que geram entre os personagens devido à incompreensão diante dos acontecimentos inexplicáveis que ocorrem ao seu redor.

Inclusive, apesar dessas premissas poderíamos achar se não um bom filme, pelo menos um bom entretenimento. Porem existe uma deficiência no desenvolvimento dramático dos acontecimentos. Por um lado o uso inadequado de elipses temporais apresenta um abuso de manipulação consciente que deixa o senso de realismo desvirtuado e gera uma compreensão distorcida e parcial dos personagens, o que torna impossível uma empatia completa e desativando a credibilidade de suas ações.

O que uma produção desse tipo precisa é essencialmente sutileza, recurso que aparece acertadamente em alguns momentos no filme, especialmente no uso do som e deixar convenientemente o elemento aterrorizante sempre ameaçador e preocupante. Apesar de tudo isso, fica reduzido a quase nada quando os responsáveis pelo filme decidem que não há nada como um explicativo e desnecessário golpe de efeito final que pretende resolver a trama e produzir um impacto sobre o publico. Recurso que me parece simplista, tendo em conta que o argumento é incapaz de gerar surpresa para que tenha assistido filmes nos últimos anos.

Paranormal Activity, torna-se uma experiência fracassada que em momentos beira o grotesco e a auto-paródia quando suas pretensões ficam anuladas pelo mal uso de seus recursos. Sim, pode ser que não tenha interesse transcendental em sua realização além de mero divertimento, uma brincadeira pra passar o tempo. O mesmo se pode dizer de Assombrações do Discovery Channel, ambos são divertidos e tem o mesmo valor cinematográfico: nada.


Nota 3

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