segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Dúvida (Doubt)

Um ano depois do assassinato de JFK, uma escola católica dos EUA se debate entre o tradicionalismo docente de sua diretora interpretada pela veterana e magistral Meryl Streep e pela modernidade do padre do colégio, personagem interpretado por Phillip Seymour Hoffman. Entre ambos temos de contra peso a Irmã James, uma jovem freira, professora do colégio, cujas dúvidas na hora de tomar partido de um ou outro lado será compartida com o espectador.Ganhadora dos prêmios Pulitzer e Tony, “Dúvida” é uma adaptação cinematográfica que John Patrick Shanley fez de sua própria obra teatral multi premiada. É um estupendo, inteligente e sutil filme, que agradeço nesses tempos de cinema mastigado para tontos. John Patrick Shanley aqui escreve, produz e dirige. Shanley, diretor do inconseqüente Joe Contra o Vulcão, se mostra muito mais sério e profundo que em seu debut cinematográfico, longe de conduzir seu novo filme pelo fácil caminho do maniqueísmo primário e visceral, mantendo até os créditos finais nossa incerteza sobre os verdadeiros sentimentos e motivações dos dois ‘concorrentes’. É a Irmã Aloysius uma má intencionada mulher interessada em desacreditar o Padre Brendan ou é a única que consegue ver as secretas e indecentes intenções que este tem sobre o aluno? Talvez deliberadamente, essa dúvida acabara eclipsando o debate educacional levantado minutos antes e confundirá a verdadeira intenção do filme, fazendo assim honra ao titulo do filme e se distanciando de outras produções como “The Priest” ou “The Magdalene Sisters” que unicamente pretendiam enfrentar a igreja católica.
Como não poderia ser de outra maneira “Dúvida”, transcorre por uns parâmetros bastante teatrais. Suas ações transcorrem em interiores e cenários limitados visualmente, encontra na dialética e nas participações seu grande estimulo.
Sem dúvida a severa interpretação de Streep e a apaziguada melancolia que quase sempre desprende Hoffman darão esses diálogos uma maior profundidade e carga dramática, sem embargo, não estamos diante de um mero exercício de teatro filmado. Shanley acompanha diálogos e interpretações com uma boa mistura de imagens simbólicas que de uma maneira bela e constante subtrai muitos dos sentimentos dos personagens, confirmando que é um diretor conhecedor do meio e não como um prestigioso autor que se situa atrás de uma câmera para adaptar-se a si mesmo.

Amy Adams volta pra provar que veio pra ficar e Viola Davis em apenas seis minutos cria um personagem completo.

Nota 10

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