domingo, 8 de fevereiro de 2009

Deixe Ela Entrar (Let The Right One In)





Peça-me para falar sobre o primeiro amor, os corações infantis desorientado, cheios de neve e de tristeza, o primeiro beijo e a solidão. Os sofrimentos dos filhos de famílias desestruturadas, daqueles que não encontram seu lugar no mundo e são desprezados e assediados dia trás dia pelos que os rodeiam. Aqueles tempos de luz e ingenuidade dos passeios no parque, quando o coração parecia que ia romper o peito e o nome da pessoa que amava ficava preso entre os lábios. Peça-me que fale sobre amores impossíveis pelos quais fazemos coisas impossíveis. Vou falar de sangue e criaturas que ardem com a luz do sol, falarei sobre uma historia que se desenvolve em silêncio rodeada de morte e escuridão, falarei de amantes que se comunicam em código Morse através das paredes e nas noites fogem em trens acompanhados de caixas. Falarei de um filme e de seu excelente final, que como um eco ainda ecoa em meu interior, quando a tela se torna negra e não sabemos se rimos ou choramos, vou falar de Oskar e Eli. Vou falar de “Deixe Ela Entrar”.
Não tenho adjetivos para catalogar tamanha jóia do cinema, um filme bárbaro, uma verdadeira maravilha, pausada, perturbadora, inquietante. Filme de qualidade como pouco se vê e quando começa a crer que esta ficando lento, vem o melhor. Não é um filme fácil de digerir e estou convencido que a maioria não vai gostar já que é lento em sua evolução e isso deixara para trás um bom numero de espectadores que não darão chance ao tempo que a história se desenvolva e perdera um dos finais mais soberbos do cinema.
Oskar é um jovem de Estocolmo que vive sob a pressão da mãe e de colegas do colégio, é um menino solitário e com uma família totalmente desestruturada. Vive em seu próprio mundo até conhecer numa noite Eli, uma jovem da mesma idade na qual se desenvolve uma estranha amizade, essa jovem guarda um segredo que não poderá ocultar durante muito tempo à seu novo amigo.

Os dois jovens protagonistas dão uma lição de interpretação em grau máximo. O garoto que interpreta Oskar é frágil como o personagem precisa, mas é a garota que nos oferece uma ótima interpretação que beira a perfeição, frágil, inquietante, perturbadora e dura.
O diretor revisita o mito do vampirismo de uma forma simples porém requintada, com cenas excelentes como a do vômito com doces, a mulher convertida e sobretudo na do convite a um vampiro para entrar na casa.

O filme marca um antes e depois desse tipo de filme, não sei se é um filme de vampiros, de horror ou romance, é complicado encontrar um gênero no qual se encaixe. A história é sólida, o roteiro absolutamente fabuloso, belíssima fotografia contrastando a cor branca do filme com o vermelho do sangue de maneira significativamente simbólico.

A homossexualidade e pedofilia nunca foi tratada com tanta sutileza.


Definitivamente é um filme 100% recomendável a todos aqueles que amam o cinema e sobretudo que não esperem vampiros voadores. Esse filme esta mais perto de “The addiction” de Abel Ferrara que qualquer outra obra de vampiros que já tenha visto.

Uma ode ao amor mais puro.

Nota 10

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