terça-feira, 22 de abril de 2008

Imitação De Vida (Imitation Of The Life)


Ultimo filme de Douglas Sirk, que em 1959 retornaria a Alemanha, onde se dedicaria à direção de peças de teatro e de aulas. Baseada na novela “Imitation Of The life” (1933), de Fannie Hurst, da qual é a segunda adaptação para o cinema. Filmada em Hollywood, Sunset Boulevard (Hollywood), Aquarius Theatre (LA) e LA (CA). Nominada a 2 Oscar, ganhadora de 1 Globo de Ouro. Produzida por Ross Hunter e estreada em 1959.

O filme se passa em NYC em duas épocas (1947 e 1958), separados por 10 anos. Douglas Sirk já tinha decidido deixar os EUA quando aceitou a realização da obra, na qual tem a oportunidade de fazer uma analise critica da sociedade americana do momento. O filme é um melodrama, cuidadoso e estilizado, que exagera nos aspectos menos verossímeis do relato, exalta sentimentos comuns (amor, ódio, egolatria, dominação, etc.) e beira o folhetinesco, sem cair nele graças a seriedade, altura e elegância da direção. Centrado em 4 mulheres, não se ajusta no que se conhece como filme para mulheres, subgênero no filme que supera em transcendência, profundidade e visão geral dos temas que trata.

Sirk explora, com objetividade e a distancia, a sociedade americana do final dos anos 50, na qual identificamos sintomas de insegurança, repressão e violência. Ademais, pobreza extrema (pessoas sem teto), novas formas de exploração dos mais fracos (tratados de escravidão doméstica de afro-americanos), racismo agressivo (o namorado que espanca a parceira quando descobre que ela é mulata), corrupção e abusos generalizados em importantes grupos sociais (mundo do espetáculo), uma cultura que supervaloriza o êxito econômico, a fama e o materialismo, o destino dos perdedores que que esquecem os sentimentos e a honra pela ambição, a hipocrisia de moral dupla, a intolerância com as diferenças, etc. A vida sem afeto, carinho, generosidade, honra e amor aos demais e dos demais, pode ser uma sucessão da vida ou uma vaga imitação da mesma, mas não é vida. O realizador coloca no fundo do relato, uma visão amarga e critica da realidade, que levou ele a abandonar os EUA, para regressar ao pais natal, onde permaneceu longe do êxito, fama e fortuna.

A musica de Frank Shinner, com inserções de Henri Mancini (não creditado), envolve a narração em melodias (13 temas) de grande nível. Destacando “Succes Montage”, que em sucessivos planos sonoros descreve a ascensão gradual da protagonista de 48 a 57. Mahalia Jackson canta “Trouble Of The World” no qual possivelmente é um dos dois momentos mais emotivos do filme. A fotografia do grande Russel Metty, cria composições de grande força plástica, que engrandece a obra e lhe confere excelência. As interpretações femininas são notáveis.


Nota 9

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