domingo, 28 de junho de 2009

Presságio (Knowing)


Como esse filme trata de profecias também soltarei uma: Alex Proyas no futuro merecera a mesma consideração que hoje temos por Roger Corman ou de Terence Fisher, isto é, estará dentro de um grupo de diretores de quase sempre o mesmo gênero e quase sempre os filmes são medíocres e contem um toque pessoa indiscutível e alguma chispa de genialidade que para alguns fãs mais motivados compensam os convencionalismo e defeitos de suas obras. A obra prima de Proyas será “Dark City” e todos os outros filmes estarão bem abaixo. Num dos postos mais baixo encontramos ‘Knowing’ cuja sinopse é bem sugestiva: uma escolha celebra o dia de inauguração oficial enterrando uma cápsula com desenhos que os alunos imaginam como será o mundo cinqüenta anos depois, data que os sucessores nas aulas abrirão novamente a cápsula. O simpático mundo do final dos anos 1950 esta bem recriada, com uma leve ironia (a professora bem penteada e vestida impecavelmente, a cerimônia com bandeiras ao vento e a musica de Holst tocada por uma banda) e também conseguem uma atmosfera de expectativa e mistério. Logo chegamos ao futuro (nosso presente) e temos Nicolas Cage com seu papel de pai bêbado em crise existencial pela sua viuvez e ai o filme desanda, a partir desses minutos o filme parece um balão furado que fica desgovernado e vai ficando sem pressão ate cair. ‘Knowing’ tem um roteiro desastroso que tenta conciliar vários gêneros, todos muito ao gosto do publico norte americano: a exaltação da família tradicional, o cine catástrofe e o terror e a ficção científica. A psicologia dos personagens é inconsistente e suas relações (pais-filhos, fraternais, amistosas, docentes - as cenas de divulgação cientifica são vergonhosas) são apresentadas da forma mais inverossímil, falsa e convencional (convencional como o pior do cine norte americano). Proyas sabe criar atmosferas, mas caracteriza os personagens de forma vergonhosa, seu sensacionalismo é tão conatural ao seu estilo que não sei se o culpo ou elogio, porque são momentos de efeitos (normalmente em forma de sustos ou catástrofes) que mostram a ruína narrativa do filme. Sem eles ‘Knowing’ seria um campo de ruínas.

Sobre tudo, me interessa descobrir nesse filme algo que ultimamente reparo em muitas obras estadunidenses: não só o reflexo de sua convicção ou intuição de sua mudança de sensibilidade ao religioso. EUA parece que deixou de acreditar em Deus ou ao menos, sua religiosidade não tem nada haver com há de alguns anos atrás. Agora a Bíblia é mais um baú de extravagantes profecias e superstições variadas, não um guia moral nem um deposito de certezas infalíveis. Desapareceu a fé inabalável na proteção divina a America, os anjos otimistas e patriotas norte americanos (de fato, aqui Deus não só não abençoa a America como a destrói por completo), já não são o povo elegido e veem sinais do final do mundo em tudo: o aquecimento global, o terrorismo internacional, os acidentes aéreos, as crises de família tradicional.

Resumo, nossa sociedade segundo os roteiristas de Hollywood esta em profunda decadência, Deus não existe, a Bíblia esta equivocada e o planeta têm as horas contadas.

Resta-nos confiar nos extraterrestres.

Nota 3

Um comentário:

BRENNO BEZERRA disse...

até que eu gostei desse filme... Alex Proyas dá um show

abraços