terça-feira, 4 de novembro de 2008

Trovão Tropical (Tropical Thunder)


Stiller teve algum dos melhores momentos de comédia das ultimas produções made in Hollywood, e agora se reinventou com um novo produto engraçado e inteligente, umas das melhores sátiras jamais feita sobre o cine de guerra e a indústria cinematográfica em anos. A abordagem é tão afiada como original: um grupo de atores tem que filmar o filme definitivo sobre a guerra do Vietnã numa selva da Indonésia, e lá vai ter que enfrentar diretamente com um perigoso grupo de traficantes de drogas, mas acreditando que tudo não passa de um filme.

Alem de contar com um elenco de estrelas (desde o legendário Mickey Rooney até Tom Cruise, Matthew McConaghey, Jack Black, Robert Downey Jr., Jenniffer Love Hewitt e a supermodelo Tyra Banks) Stiller tem a habilidade de criar um mosaico de personagens facilmente reconhecíveis e delirantes.
Merece destaque a desempenho de Downey Jr, que encarna perfeitamente o ator australiano esnobe que é capaz de mudar a cor da pele e coloca próteses quando precisa interpretar um personagem afro americano. Sobre a estrutura do filme, é uma sucessão de surpreendentes e loucas situações que vai sobrepondo geometricamente ate chegar a um final mais perto da grande guignol do que da comédia fina. Sim, é comédia grosseira, mas qual o problema? No final o importante de um filme cômico é que nos faça rir e esta atinge sob medida. O mérito é que Stiller não recorre à escatologia fácil, nem as bobagens fáceis; tem escatologia, mas é bem colocada; há bobagens, mas são colocadas inteligentemente. Tal como fez em “Zoolander”, um filme injustamente esquecido pelo público, que foi uma das comédias mais ácida dos anos 90 sagazmente direcionada a obsessão da moda, nessa ocasião o diretor/roteirista e ator consegue levantar uma reflexão sobre o sucesso e a despersonalização dentro de um impiedoso mundo capitalista, onde não há praticamente espaço para a humanidade. Agora vale tudo e salve-se quem puder, o resto são poses para revistas pra que sai bonito e que possamos opinar sobre. Por isso o importante é ver esse filme com vontade de ri, mas também sem preconceitos de ver humor negro e ainda que parem para pensar no que estamos assistindo (e o melhor é não fazer isso, porque na realidade o que queremos é rir e esquecer do mundo) daremos conta que o filme contém varias cargas de profundidade que dinamitam com muita inteligência a linha flutuante do filisteísmo que existe em nossa sociedade.
Stiller deu muita marcha ao corpo com esse trabalho, nos presenteando confortavelmente uma sessão muito divertida.

Nota 8

Um comentário:

BRENNO BEZERRA disse...

Ben Stiller até que surpreende na direção, mas o seu cinismo e o de Downey jr atuando ganharam o filme para mim.
Não achei lá aquela grande comédia, mas é uma boa surpresa perante o que Stiller fez nos últimos anos.