sexta-feira, 23 de maio de 2008

Atos Que Desafiam a Morte (Death Defying Acts)




Gillian Armstrong, autora do excelente “Charlotte Gray”, nos apresenta um filme de magia, amor, intriga, farsa e sobrevivência, combinando fatos reais com ficção. Não esperem uma biografia de Houdinni.

Sua direção é clássica, com bons enquadramentos, ambientação cuidadosa e com a sã intenção de nos presentear com um bom momento de entretenimento, sem mais pretensões. Tirando isso, tenho que dizer que tive a sensação que em alguns momentos, a historia custa avançar e resolver os encontro e desencontros entre Guy Pearce e Catherine Zeta-Jones.

Assim as coisas, para os que estão com expectativas altas, talvez decepcione, já que tem tudo pra ser um bom filme: atores, diretora, orçamento e equipe técnica, exceto um roteiro bem acabado, já que a trama no final deixa um leve sabor de mel nos lábios.

Os atores estão bem. Destacando o sempre bom Timothy Spall, no papel de agente de Houdinni, que se desespera para que tudo saia bem para seu pupilo e Saoirce Ronan que novamente rouba o filme assim como fez em “Desejo e Reparação”.Catherine Zeta-Jones aparece belíssima e mais magra, com especial atenção na cena do baile e o magnífico beijo, um dos melhores vistos ultimamente e a bela cena do cemitério onde se vê a silhueta de Zeta-Jones e Pearce. Pearce esta correto, sem transbordar a interpretação.

Uma das maiores virtudes é a duração, nos conta tudo que passa sem alardes gratuitos. Nesse sentido é um filme honesto pela sua claridade.

Por desgraça, um dos maiores problemas do cinema atual é ter um final convincente e o de “Atos Que Desafiam a Morte” é um pouco morno.

Nota 6,5

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Longe dela (Away From Her)



Intenso e poético drama.

Conhecida pelo filme “A Vida Secreta das Palavras” de Isabel Coixet, a atriz canadense de apenas 27 anos, debuta com maturidade na direção cinematográfica, elegendo a história de um casal de velhos e como repercute em ambos a doença da mulher, magnificamente interpretada por Julie Christie. À partir da difícil abordagem de um tema como Alzheimer, o filme realiza uma profunda radiografia de sentimentos fundamentais.

Sem sobrar emoção nem dureza interior as seqüências rodadas com um ‘tempo’ pausado é adequado para a história e o tema tão difícil é realizado com sóbrio equilíbrio.

A doença como tema é o ponto de partida mas não o único pilar do filme. Em meio a tendência patológica de perder e não recuperar, a personagem de Christie coloca-se em uma luta interessante, defende esse frágil fio que ainda a amarra as coisas, buscando humor numa situação que supõe ser triste.
A insistência que somo algo mais que nossas lembranças, que a memória não é o único que importa e que perdendo-a, ainda existem valiosas percepções sensoriais que normalmente não valorizamos, são constantes que abrem e fecham o filme, insistindo que a memória e tempo são um caminho de ida e volta imprevisível, onde o esquecimento nem sempre é cruel e às vezes até desejado, tal como filosofa Fiona, comovida ao redescobrir a cor amarela nos lírios que crescem sobre a neve.

Com uma visível vontade de atender os aspectos mais humanos do cine, o relato desliza cheio de elegância que encontrar o ponto justo para as duras seqüências da doença sem cair no sensacionalismo do golpe baixo, contada a partir da montagem paralela de tempos diferentes, onde o silêncio importa tanto quanto os diálogos, a expressividade do olhar como ação exterior, o entorno mas como um espelho anímico dos protagonistas, que como a beleza puramente estética.

Acima da média, essa obra-prima da jovem diretora, aporta uma estimulante linha do cinema sobre histórias interiores, líricas e sensíveis

Nota 10