quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Maldito Coração (The Heart Is Deceitful Above All Things)




Decepcionante.

The Heart Is Deceitful Above All Things é a adaptação de um a novela autobiográfica de JT LeRoy, foi best-seller em seu pais porque supostamente são relatos arrebatadores de uma vida sem freios, bem dizer, mórbida. Disse supostamente porque já descobriram que na realidade tudo era uma farsa e que o enigmático personagem que ia a festas e demais eventos relacionados ao livro era uma garota com peruca loira.

Depois de ler a sinopse, esperamos algo emocionalmente violento e o que encontramos no caminho é um filme abusivamente melodramático e por culpa da narração nunca chegamos a ter cumplicidade com qualquer personagem e nem conseguimos entender esse estranho amor maternal porque todos sentimentos que envolvem se torna artificial e parece que tenta demais emocionar o telespectador.Quando alguém tenta contar uma historia desse tipo, tem que ser convincente e aqui não consegue. A expectativas desaparecem quando vemos que o subversivo não é tanto, apesar que cada cena quer resultar extrema. Todo esse abuso psíquico e degradação culmina em que na realidade estamos vendo retalhos desconexos de melodrama infantil sem rumo algum e gratuito (como quando a mãe faz a criança tomar ácido).

O realista se torna irreal e o complexo uma tolice. Tentam convencer sem ter poder para isso.

Ásia Argento não tem mão de diretora, quer parecer moderna e inovadora por isso tenta imita Gus Van Sant , mas o resultado é tosco e não sabe contar uma historia que não possui uma base sólida na qual poderia agarrar.

Os personagens não tem profundidade, alguns até parecem bem construídos a base de tópicos, não adianta colocar atores como Michael Pitt ou Winona Ryder parar atuar e nem mesmo Marilyn Manson porque nenhum poderá chegar ao nível que pretende.

Esta claro que a historia poderia dar algo mais se houvesse um bom diretor ou um roteirista mais lúcido, que pudesse dar essa complexidade emocional que fez falta.

Um desastre.

Nota 3

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Os Indomáveis (3:10 to Yuma)


Excelente filme. Assistir-lo me deu uma reconfortante sensação que precisava e me dei conta do quanto é necessário um grande filme como esse para dar um pouco de oxigênio a um dos grandes gêneros cinematográficos, o western.

3:10 to Yuma é uma melhorada adaptação da essência do western do século XXI, não serve de nada comparar com os clássicos (principalmente a obra original), temos que julgar-la por ela mesma. Pela mão firme na direção, pelo grande tratamento com os personagens, pelas grandes interpretações e pelo ótimo efeito sonoro e fotografia. Não sobra nenhum minuto, as seqüências acontecem na medida e o tempo passa voando. A culpa é da perfeita química entre Crowe e Bale, que sabem transmitir perfeitamente a relação entre os personagens, radicalmente opostos, mas como um imenso respeito mutuo. No caso de Crowe tem que ressaltar esse sentimento de amor e ódio que desperta no espectador.

Um dos grandes méritos de Magold é que o filme consegue criar uma personalidade própria, o que nos afasta da mente outros títulos, algo difícil de conseguir. O bom é que esse filme vai fazer muita gente redescobrir o wenstern.

Não é perfeito (a trama tem alguns deslizes e a credibilidade de algumas situações balança um pouco), mas cumpre com louvor seu objetivo e alem de tudo é um filme extremamente necessário pro nível de cinema que esta tendo ultimamente

Nota 9

John Rambo


Breve crítica de Rambo IV

Cena 1: Chegam os birmaneses
Bang, bum, ratatatata! Desmembramentos, decaptações.
20 mortos.

Cena 2: Os birmaneses voltam
Bang, bum, ratatatata, requetebang! Múltiplos desmembramentos , múltiplas decaptações.
100 mortos, incluem cachorros.

Cena 3: Aparece John Rambo
Flechas nos olhos, flechas na cabeça, flechas no peito, flechas, flechas e flechas.
Uns 8 mortos.

Cena 4: John Rambo
Bang, bum, ratatatata, requetebang, requetebum! Múltiplos desmembramentos , múltiplas decaptações.
20 mortos.

Cena 5: John Rambo
Bang, bum, ratatatata, requetebang, requetebum, requeteratatata! Múltiplos desmembramentos , múltiplas decaptações. Cenas de vídeo-game dessas que matam todos os soldados que aparecem.
90 mortos.

Fim.

Incrível, o filme é um equivoco sangrento digno do seu diretor, violência por violência, sem nenhum sentido, personagens e interpretações vazias. O que mais me preocupa é que tenta justificar com algo sério, a situação que esta passando Birmânia, ou melhor, hoje Myanmar.

Nota 1

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Sweeney Todd - O Barbeiro Demoniaco da Rua Fleet


O que nos oferece Tim Burtom é simplesmente único, ele já triunfou nos cenários que aqui o diretor aproveita o maximo partido dele. É que a filmografia de Burton parece que nunca foi possível chegar ao bestial , basicamente pelos produtores de Hollywood, para chegar a todos os públicos... Mas dessa vez Burton se sente mais cômodo que nunca, porque o sangue chega ao ponto certo e sobretudo o humor negro que em certos momentos chega a ser cruel. O grande Burton sem censura.

Mas se fosse somente isso não daria a nota máxima que merece, porque se não fosse a trilha sonora maravilhosa talvez seria muito diferente. As musicas são para avançar na historia e não pra simpatizar com o publico, algo que ultimamente pouco acontece.
Os atores cantam com gosto e é nisto que podemos desfrutar plenamente do filme, porque Depp faz um personagem nada fácil e sendo ate agora sua melhor interpretação. Helena Bohan Carter esta esplendida em seu papel, dando frescura e um certo ar maroto ao filme.

Amo Tim Burton, cresci com seus filmes, quando assisti Beetlejuice, amei e é uma das ótimas recordações de minha infância, logo depois estreou Batman, que sempre ficara em minha memória como um dos dias mais felizes que passei em Tangara da Serra e logo veio Ed Wood , seu melhor filme.

Quando soube que Burton ia fazer Sweeney Todd eu, amante de musicais, decidi não saber nada do argumento e chegar totalmente virgem ao ao espetáculo que me depararia, não pude.

Parabenizo a Burton que apostou em um dos gêneros mais maltrados dos últimos anos que é o musical, que graças a Deus, esta recuperando pouco a pouco com um par de bons filmes ao ano.

O que converte Sweeney Todd em uma obra prima são seus grandes momentos. Uma única olhada em Sweeney Todd transmite mais emoções que muitos filmes juntos. Um filme grandioso, intenso, heróico, sinistro e macabro que somente Burton poderia fazer.

Nota 10

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

O Escafandro e a Borboleta (Le Scaphandre at le Papillon)


Com esse filme, Julian Schnabel criou um dos filmes mais comoventes dos últimos tempos. A vibrante historia de Jean-Dominique Bauby, serve como pretexto para entrarmos no mais profundo do ser humano e mostrar o sofrimento do cativeiro que se submeteu o protagonista.

E Schnabel consegue em todos os momentos o espectador sinta-se dentro do seu próprio escafandro. Diante de uma genial direção e uma magnífica fotografia (grande parte do filme esta rodado como um plano subjetivo do olho de Bauby , o qual se torna uma experiência incrível), realmente nos sentimos como o protagonista. E mais, consegue que a voz em off tome parte dos próprios pensamentos do espectador... mas a missão do filme não é angustiar o espectador, nem manter fechado dentro do citado escafandro.

O que pretende Schnabel e que consegue, é que nos sentimos como borboletas dentro do casulo, que deixemos voar nossa imaginação e que aprendamos a valorizar o que realmente nos faz humanos: a consciência e nossa capacidade imaginativa no qual o poder é ilimitado.

Não é uma historia de dor. O drama se desvanece diante do positivismo de Bauby para enfrentar a vida e a verdade, é a historia de superação mais real e menos maniqueísta que vi até o momento. O desejo de superação do protagonista representa uma atitude vital digna, que marca, que surpreende e deixa rastros em nós. Escrever um livro com somente uma piscada é algo fora de alcance de muitos seres humanos. O que me refiro é que muitos apenas jogariam a toalha (que é uma atitude compreensível)... imaginem na mesma situação, que faria?

O filme esta envolto de momentos cômicos e delirantes (a viagem a Lourdes), inclusive a voz de Bauby as vezes ri da própria condição (tem algo melhor do que rir de si mesmo?) e todos os momentos dramáticos são profundos e intensos longe dos falsos dramas que existem por ai.

É um belo canto a vida, comovedor e único. Mas também é um canto ao cine, uma maneira diferente de contar historias. A estética é deliciosa e inovadora, os atores estão em estado de graça, como se fossem tocados pela beleza da historia.

Obrigado Schnabel por essa lição de cinema, mas sobre tudo, obrigado Jean-Do por essa lição de vida



Nota 10

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Na Natureza Selvagem (Into The Wild)


Poucas vezes um filme ultrapassa a tela pra converter-se em toda uma experiência extra sensorial. Que te faz reflexionar sobre o que a visto e sentido na vida. É como se houvesse sido eu mesmo o que realizou semelhante aventura. Sean Penn parece ter aprendido muito com Terrence Malick com o qual trabalhou em “Alem da Linha Vermelha” e converte a natureza em um dos protagonistas que modificam a vida dos personagens. Mas preste atenção, a montagem contemplativa das impressionantes paisagens esta totalmente justificado na historia que é contada. Não é somente um pretexto.



Christopher McCandless, busca um lugar no mundo que faça sentir a verdadeira vida e em seu caminho encontrara todo um universo outsider do sonho americano. Os personagens tem muitos pontos em comum e a natureza joga em ambas um papel transcendental. No decorrer do filme escutamos uma perfeita trilha sonora que conta as andanças de Christopher McCandless feita por Eddie Vedder.

A genialidade do filme esta em não só criticar o sistema de valores em que vivemos, mas também mostrar o reverso da moeda, mostrando o mal que provoca nos entes queridos. O genial Hal Holbrook diz ao protagonistas algo assim que os seres humanos quando perdoam amam e se não amam não são seres humanos. Impressionantes coadjuvantes que acompanham o excelente Emile Hirsch, que consegue transmitir muito, muito sem cair no histrionismo.

Uma lástima que o Oscar a deixou bastante de lado. Aos que forem assistir esse filme preparem-se porque algo em você vai mudar. Mas deve ser vista, escutada e se realmente a vê e escuta, poderá sentir que mais alem de duas horas de filme a história é acolhedora, humanista e uma ode ao bucólico, a vida, ao amor e a Deus.
Nota 10

Cloverfield


O primeiro é o primeiro: JJ foi esperto. Conseguiu que seu filme não seja mais um filme, atraiu muita gente ao cine, mas não teve bagos pra dirigir-lo, mas somente promover-lo como do criador de Lost, porem vamos perdoá-lo. Unicamente porque soube mover os palitinhos para fazer que Cloverfield pareça mais do que é, um emaranhado de efeitos especiais de ultima geração que podem servir tanto para contar ótimas historias (The Host) ou para fazer Cloverfield.

Monstro, parte de uma base simples, uma turma esta numa festa e tem um tremor de terra, de repente a cabeça da estátua da liberdade voa pelos ares e se arma um desespero na ilha de Manhattan e ate ali é apresentado uns personagens sem nenhum tipo de carisma. Reeves nos apresenta com uma aborrecida tentativa de nos apresentar e dar profundidade aos personagens. Falha. Falta ação, mas depois desse tempo vem o que interessa.

O estilo câmera na mão, o qual implica em ver uma merda em alguns momentos e menos em outro. Ao contrario de [REC] onde poderíamos crer no vídeo reportagem aqui desaparece. As primeiras cenas são confusas, muito movimento e zooms estúpidos que com certeza foi gravado por um dos atores porque ao sair a rua nota-se que foi feito por um profissional, porque segue perfeitamente dezenas de pessoas correndo em mil direções e também é capaz de fazer plano que nenhum amador conseguiria.
Em alguns momentos parece que o monstro posa pra câmera e isso lhe da um certo realismo, mas Cloverfield não é precisamente verossímil apesar que se esforça pra ser.

O mais triste é que o argumento é ruim, já que o marketing já entregava todo o filme. De que vale tanto segredo e tantas pistas que o resultado é esse. Os efeitos visuais e sonoros são esplêndidos mas isso não faz um filme. O monstro e seus coleginhas que inclusive são melhores, mas que o monstro parece o Drácula de Coppola quando vira morcego, isso parece e os monstrinhos parece aos Locust do game Gears of War.

É inegável que Cloverfield é um filme de entretenimento, curto e intenso, mas é de longe a jóia que haviam vendido, parece o primo rico de A Bruxa de Blair e [REC], aquele primo que tem muito dinheiro, fala demais, mas não tem nada pra mostrar além de suas roupas de luxo.

Não precisa de um orçamento milionário pra se fazer um bom filme.

Nota 4